3 segredos pouco conhecidos sobre a cidade dos rocamboles

Descubra histórias surpreendentes, sabores autênticos e um centro histórico que revela o lado menos conhecido de Lagoa Dourada

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
07/08/2025

Lagoa Dourada em Minas Gerais: muito além do doce famoso

Ao ouvir o nome Lagoa Dourada em Minas Gerais, muita gente logo pensa no famoso rocambole. O doce, de fato, colocou a cidade no mapa nacional e movimenta sua economia e identidade cultural. Mas quem passa direto pelas vitrines das confeitarias pode nem imaginar quantas outras riquezas essa cidade guarda em silêncio.

Localizada a cerca de 180 km de Belo Horizonte, no Campo das Vertentes, Lagoa Dourada está entre colinas verdes, com ruas tranquilas e um estilo de vida que conserva o melhor das tradições mineiras. Neste artigo, vamos explorar três aspectos pouco conhecidos da cidade que merecem atenção: um centro tradicional com construções antigas que resistem ao tempo, o papel invisível da fé em comunidades rurais e uma rede de sabores que vai além do famoso rocambole.

1. O centro histórico que poucos exploram

No coração de Lagoa Dourada, há um centro histórico discreto, mas repleto de memórias. Com casas antigas, algumas em estilo colonial, muros de pedra e janelas de madeira, as ruas centrais conservam a estética típica do interior mineiro, longe da modernização agressiva que apagou o passado de muitas cidades.

A Igreja Matriz de Santo Antônio é o principal marco da área central. Com seu interior simples e altar trabalhado, ela ainda recebe fiéis em missas frequentes e nas festas religiosas. Mas além dela, o charme está também nos detalhes: nos bancos da praça, nas fachadas que resistem ao tempo e na calmaria que convida à contemplação.

Ao caminhar pelas ruas de calçamento irregular, o visitante atento percebe que o passado não está apenas na arquitetura, mas no modo de viver de quem mora ali. Muitos comércios ainda funcionam em casas antigas e famílias tradicionais continuam morando nas mesmas construções de seus antepassados.

2. Capelas rurais e o silêncio da fé cotidiana

Nas comunidades rurais de Lagoa Dourada, a fé se expressa em capelas modestas, construídas com esforço coletivo e mantidas por pequenos grupos de fiéis. Muitas dessas capelas foram erguidas em devoção a santos padroeiros e permanecem como pontos de encontro para celebrações religiosas e momentos de oração.

Um exemplo é a Capela de Nossa Senhora do Rosário, situada em uma das comunidades do município. Ainda preservada, ela reúne moradores durante o mês de outubro para festejos simples, mas carregados de sentido. Missas, terços, procissões e barraquinhas compõem essas festas que acontecem fora dos grandes roteiros turísticos.

O cuidado com essas capelas revela um tipo de patrimônio que vai além das pedras e das imagens sacras. É o patrimônio imaterial, feito de memórias, promessas, cantos e rezas que atravessam gerações. É a continuidade silenciosa de uma fé que moldou a história da cidade e continua presente na rotina de muitas famílias.

3. A gastronomia que vai além do rocambole

O rocambole é, sem dúvida, o protagonista da culinária local. Mas quem se detém apenas nele perde a chance de experimentar uma gastronomia rica, afetiva e genuinamente mineira. Em Lagoa Dourada, muitos restaurantes familiares oferecem pratos que carregam o sabor das roças e das cozinhas de antigamente.

É comum encontrar feijão tropeiro bem temperado, torresmo crocante, frango com quiabo, angu e couve refogada, esses pratos são preparados com carinho em fogões a lenha, especialmente nos restaurantes e casas que mantêm viva a tradição rural da região. As quitandas também têm destaque: biscoitos de polvilho, broas de milho, bolos simples e pães caseiros fazem parte da rotina local.

Outro ponto interessante é que várias famílias produzem queijos, doces de corte e compotas em pequena escala. Esses produtos podem ser encontrados em feiras livres e mercados da cidade, muitas vezes com venda direta do produtor ao consumidor. Para quem gosta de turismo gastronômico, há muito o que descobrir e saborear fora do roteiro tradicional.

Tradições que seguem vivas no cotidiano

Lagoa Dourada preserva com naturalidade suas tradições. Não é uma cidade que faz esforço para parecer histórica — ela é. O ritmo calmo, as conversas na calçada, o hábito de cumprimentar quem passa na rua: tudo isso forma uma paisagem cultural que resiste mesmo diante das mudanças dos últimos tempos.

A festa de Santo Antônio, padroeiro do município, continua sendo um dos principais momentos do ano, com celebrações religiosas, barraquinhas e apresentações culturais que reúnem moradores e visitantes. Esses eventos acontecem sem grandes estruturas, mas com muito envolvimento da comunidade, o que garante sua autenticidade.

As escolas municipais, por exemplo, ainda realizam festas juninas tradicionais, com quadrilhas, prendas e comidas típicas feitas por mães, pais e professores. São essas práticas, aparentemente pequenas, que formam o tecido social da cidade e dão sentido à vida coletiva.

A cidade no mapa do turismo com alma mineira

Estar próximo de destinos conhecidos como São João del-Rei e Tiradentes ajuda Lagoa Dourada a integrar roteiros mais amplos por Minas Gerais. A cidade está conectada pela BR-265 e pode ser facilmente incluída em uma viagem pelo Campo das Vertentes, especialmente por quem busca experiências mais autênticas.

Ao contrário de locais superestruturados, Lagoa Dourada oferece um tipo de turismo mais íntimo. Quem visita a cidade volta ao essencial: boa comida, boa conversa, paisagem serena e a chance de viver, nem que por alguns dias, a simplicidade que tanto falta nas grandes cidades.

Além disso, é possível montar roteiros circulares incluindo municípios como Prados, Resende Costa e Coronel Xavier Chaves — todos com perfis semelhantes, voltados à cultura local, ao artesanato e à hospitalidade típica do interior mineiro.

+ Leia também: Turismo em ascensão, Brumal ganha espaço entre os melhores roteiros mineiros

Perguntas Frequentes sobre Lagoa Dourada
  • Onde fica Lagoa Dourada? No Campo das Vertentes, a cerca de 180 km de Belo Horizonte.

  • Lagoa Dourada é só conhecida pelo rocambole? Não! A cidade também preserva história, fé e uma culinária rica.

  • O centro histórico da cidade vale a visita? Sim. É discreto, mas autêntico, com casas antigas e atmosfera tranquila.

  • Existem atrações religiosas em Lagoa Dourada? Sim. A cidade tem capelas rurais preservadas e festas religiosas tradicionais.

  • O que comer além do rocambole? Pratos típicos mineiros, quitandas, queijos e doces artesanais.

  • Tem alguma festa típica por lá? A festa de Santo Antônio é uma das principais e reúne toda a comunidade.

  • Dá para incluir Lagoa Dourada em um roteiro turístico maior? Sim! A cidade está próxima de Tiradentes, Prados e São João del-Rei.

Uma cidade doce por fora, mas cheia de camadas por dentro

Lagoa Dourada em Minas Gerais é muito mais do que a capital do rocambole. Seu centro histórico pouco explorado, a rede silenciosa de capelas nas comunidades e a riqueza da gastronomia regional revelam uma cidade que guarda segredos à espera de quem se dispõe a olhar com mais calma.

É um destino para quem busca conexão real, comida feita com afeto e histórias contadas de geração em geração. Se você procura turismo com verdade e alma, talvez esteja na hora de incluir Lagoa Dourada no seu próximo roteiro.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Passaporte da Estrada Real no centro turistico de Lagoa Dourada, Minas Gerais
Passaporte da Estrada Real no centro turistico de Lagoa Dourada, Minas Gerais

Lagoa Dourada/MG - Foto: Igor Souza

Posts que você pode gostar