5 distritos de Ouro Preto que ainda passam despercebidos pelo turismo
Descubra 5 distritos de Ouro Preto pouco explorados pelo turismo e conheça tradições, igrejas, festas e paisagens que revelam a essência mineira
Quando se fala em Ouro Preto, o centro histórico costuma monopolizar as atenções. Porém, o município abriga distritos que preservam tradições seculares e modos de vida rurais que resistem ao tempo. Glaura, São Bartolomeu, Santo Antônio do Salto, Santo Antônio do Leite e Miguel Burnier revelam experiências diferentes, mas igualmente autênticas.
Distritos com origens no período colonial e forte religiosidade.
Gastronomia artesanal que valoriza doces, queijos e quitandas.
Paisagens de serra e rios que convidam a caminhadas e contemplação.
Glaura ainda guarda a memória da Guerra dos Emboabas?
O distrito de Glaura, também chamado de Casa Branca, está a cerca de 30 km da sede. Sua história aparece relacionada à Guerra dos Emboabas, conflito que marcou o início da ocupação da região mineradora. Até hoje, moradores preservam relatos orais e o traçado urbano mantém o ar colonial, com ruas estreitas e casario singelo.
O visitante encontra um ambiente rural ativo, sustentado por pecuária leiteira, agricultura de subsistência e produção artesanal. Queijos, doces e compotas são vendidos diretamente pelas famílias. A atmosfera tranquila, somada à hospitalidade mineira, faz de Glaura um convite ao convívio simples e à escuta das histórias locais.
São Bartolomeu é apenas o distrito dos doces?
A fama de São Bartolomeu está ligada à doçaria artesanal. As receitas de goiabada cascão, marmelada e outras frutas em tacho de cobre são reconhecidas como patrimônio imaterial. Visitar o distrito é vivenciar a cozinha como parte da identidade, onde o preparo exige tempo, cuidado e memória.
O conjunto arquitetônico em torno da praça central reforça o charme. A Igreja de São Bartolomeu e as casas coloniais preservadas criam um cenário autêntico. Passear por suas ruas é acompanhar a vida em ritmo próprio, marcada pelo cheiro doce no ar e pela cordialidade dos moradores.
O que observar em São Bartolomeu:
Produção de doces em ateliês familiares.
Conversas sobre receitas transmitidas entre gerações.
A praça e a igreja como espaços de convivência.
O que Santo Antônio do Salto revela ao visitante?
Em Santo Antônio do Salto, fé e natureza se unem. A Igreja Matriz dedicada a Santo Antônio é o coração do distrito, onde missas e festas religiosas estruturam o calendário local. Esses momentos fortalecem vínculos comunitários e mantêm viva a tradição.
Ao redor, serras e cursos d’água oferecem oportunidades de caminhadas e contemplação. O visitante pode alternar momentos de oração ou convivência comunitária com passeios pela natureza. Essa fusão de paisagem e religiosidade traduz a identidade do Salto, onde espiritualidade e cotidiano caminham juntos.
Santo Antônio do Leite preserva a hospitalidade mineira?
Localizado próximo a Itabirito, Santo Antônio do Leite é conhecido por sua receptividade. A matriz dedicada ao padroeiro segue como centro da vida comunitária, onde festas e procissões reúnem moradores em mutirões de fé e celebração.
Além do aspecto religioso, o distrito se destaca pela hospitalidade à mesa. Quitandas, queijos e compotas fazem parte do acolhimento. Pequenas pousadas familiares completam o cenário, permitindo que o visitante se sinta parte da comunidade, vivenciando o ritmo lento e acolhedor do interior mineiro.
Como aproveitar Santo Antônio do Leite:
Visitar a matriz e observar o movimento da praça.
Comprar produtos caseiros diretamente das famílias.
Experimentar pousadas e sítios voltados ao descanso.
Miguel Burnier: qual é a importância histórica do distrito?
Entre Ouro Preto e Congonhas, o distrito de Miguel Burnier guarda forte ligação com a mineração e com o transporte ferroviário. Estruturas e trilhas associadas ao passado industrial ainda estão presentes e ajudam a compreender a relevância do local no ciclo do ferro.
Ao lado dessa memória de trabalho, a fé se manteve como referência. A igreja e o adro continuam sendo pontos de encontro, reforçando o papel comunitário do espaço religioso. Para o visitante, Miguel Burnier oferece a oportunidade de conhecer uma faceta de Ouro Preto pouco explorada, onde mineração, religiosidade e vida rural convivem.
Traços marcantes em Miguel Burnier:
Vestígios da atividade ferroviária e mineral.
Organização do vilarejo em torno da igreja.
Relatos de moradores sobre o cotidiano do passado.
Por que esses distritos ficam fora do roteiro comum?
Grande parte da atenção turística se concentra no centro histórico, com suas igrejas monumentais e museus. Distritos como os cinco aqui citados exigem outro olhar: o de quem está disposto a desacelerar. Eles oferecem experiências menos óbvias, baseadas no convívio, na oralidade e no ritmo das comunidades.
Isso também explica a preservação de tradições. Sem fluxos massivos de turistas, o cotidiano permanece autêntico. O calendário ainda é organizado pelas festas religiosas, as vendas funcionam em horários próprios e a hospitalidade não foi transformada em espetáculo. É nesse ambiente que o visitante encontra um Ouro Preto mais humano.
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Ouro Preto também se revela em seus distritos
Conhecer Glaura, São Bartolomeu, Santo Antônio do Salto, Santo Antônio do Leite e Miguel Burnier é compreender que Ouro Preto não se resume ao barroco monumental. Cada distrito guarda modos de vida, saberes culinários e celebrações que ajudam a compor a identidade da região.
Incluir esses destinos no roteiro é experimentar a cidade em outra escala: menos voltada à monumentalidade e mais dedicada ao cotidiano. Ao final da visita, a lembrança que fica não é apenas de igrejas e ladeiras, mas de sabores, histórias e encontros que revelam uma Minas feita de comunidade.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Miguel Burnier/MG - Foto: Igor Souza