A cidade mineira que guarda o 1º tombamento histórico do Brasil

Conheça Serro, cidade turística em Minas Gerais, primeira do Brasil a ter tombamento histórico. História, cultura e natureza em um só destino

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
22/09/2025

Serro é um daqueles lugares que surpreendem já na chegada. Encravada na Serra do Espinhaço, a cidade combina ruas de pedra, casario colonial, tradições culturais e um patrimônio natural de cair o queixo. Não à toa foi a primeira do país a ter seu conjunto protegido pelo IPHAN, em 1938.

  • Arquitetura preservada: tombamento pioneiro garante a identidade histórica da cidade.

  • Paisagens naturais: serras, trilhas e mais de 100 cachoeiras na região.

  • Cultura viva: festas religiosas, música e gastronomia que contam histórias.

Patrimônio pioneiro: o tombamento de 1938 moldou o Serro

O Serro recebeu em 1938 um reconhecimento único: foi a primeira cidade brasileira a ter seu conjunto urbano e paisagístico tombado pelo IPHAN. Isso garantiu a preservação de ruas, praças e casarões que mantêm até hoje a harmonia colonial.

Esse marco mostra a relevância do município não apenas para Minas Gerais, mas para a memória cultural do Brasil. O título foi fundamental para impedir que a modernização descaracterizasse sua essência.

Como o Serro nasceu e se transformou ao longo dos séculos?

A origem do Serro remonta a 1702, quando bandeirantes encontraram ouro em uma região chamada Ivituruí, palavra tupi que significa “vento do morro frio”. Poucos anos depois, o arraial tornou-se a Vila do Príncipe, sede da Comarca do Serro Frio.

Com o declínio da mineração, a economia voltou-se para a pecuária e a agricultura de subsistência. Esse período de retração ajudou a preservar o traçado urbano original, que hoje encanta turistas e pesquisadores.

Igrejas e casarões que preservam a memória colonial

A religiosidade e a arte barroca marcaram profundamente o Serro. Entre os templos mais representativos estão a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade, e a Igreja de Santa Rita, no alto de uma escadaria com 57 degraus.

Santa Rita e a escadaria: cenário icônico

A escadaria da Igreja de Santa Rita é um dos cartões-postais mais fotografados. Do alto, é possível contemplar a cidade e parte da Serra do Espinhaço.

Quais templos não podem faltar no centro histórico?

Além da Matriz e da Santa Rita, destacam-se a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Todas refletem a religiosidade e a estética colonial mineira.

O patrimônio arquitetônico também inclui o Museu Regional Casa dos Ottoni, instalado em um casarão do século XVIII. Ele guarda documentos e objetos que revelam a importância política da cidade no século XIX.

O que torna o Queijo do Serro um patrimônio imaterial?

Produzido de forma artesanal há mais de 300 anos, o Queijo do Serro é resultado da adaptação de técnicas portuguesas ao clima da Serra do Espinhaço. Reconhecido como Patrimônio Imaterial de Minas Gerais em 2002 e do Brasil em 2008, ele se tornou um ícone da gastronomia mineira.

O sabor e a textura diferenciados são explicados pelo uso do leite cru, do fermento natural conhecido como pingo e pelo tempo de maturação. Hoje, fazendas abrem suas portas para visitas guiadas, unindo tradição, turismo e cultura alimentar.

Quantas cachoeiras cabem em um roteiro pelo Serro?

Mais de 100 cachoeiras estão espalhadas pelo município e seus distritos, tornando-o um destino de ecoturismo em ascensão. Muitas são acessíveis por trilhas de curta duração, outras exigem mais preparo físico.

Onde ficam Moinho, Carijó, Pedra Lisa e Malheiros?
  • Cachoeira do Moinho e Cachoeira do Carijó, em Milho Verde.

  • Cachoeira da Pedra Lisa, a 19 km do centro.

  • Cachoeira do Malheiros, a cerca de 12 km da sede.

  • Cachoeira do Tempo Perdido, em Capivari, próxima ao Pico do Itambé.

Esse conjunto natural mostra a diversidade da região, que alterna quedas largas e piscinas naturais com quedas mais altas e trilhas desafiadoras.

Pico do Itambé e entorno: natureza em altitude

O Parque Estadual do Pico do Itambé é um dos tesouros naturais da Serra do Espinhaço. Com 2.052 metros de altitude, abriga campos rupestres, trilhas, miradouros e nascentes que alimentam importantes bacias hidrográficas.

Conhecido como “caixa d’água” da região, o parque é ideal tanto para quem busca contemplação quanto para aventureiros. A subida ao cume, que exige autorização prévia, recompensa o visitante com uma das vistas mais marcantes de Minas Gerais.

Quais festas revelam a identidade cultural serrana?

O calendário cultural do Serro é marcado por eventos que unem fé, música e tradição popular.

  • Festa de Nossa Senhora do Rosário, em julho, com grupos de Catopês, Marujos e Caboclos.

  • Festa do Queijo, em setembro, celebrando o produto símbolo do município.

  • Festa do Divino e Festa do Cavalo, que completam a programação anual.

Como é a Festa do Rosário em julho?

Durante dias, a cidade se enche de cores, danças e cantos. O Congado, manifestação de origem africana, toma as ruas e mostra a força da religiosidade popular. É um dos momentos mais emocionantes da vida comunitária do Serro.

O que os distritos de Milho Verde e São Gonçalo oferecem ao visitante?

Os distritos serranos guardam parte do charme do município. Em Milho Verde, a simplicidade das ruas contrasta com a imponência da Serra do Espinhaço ao fundo. Cachoeiras como o Moinho e o Carijó são pontos de visita obrigatória.

Já em São Gonçalo do Rio das Pedras, o casario colonial e o ritmo tranquilo atraem quem busca descanso. Restaurantes e pousadas oferecem hospitalidade tipicamente mineira, completando a experiência turística.

Como a cidade equilibra preservação histórica e modernização?

O tombamento de 1938 foi decisivo para proteger a arquitetura do Serro. Mas a cidade também olha para o futuro. Projetos recentes de modernização, como a Cidade Inteligente, levaram nova iluminação pública e pontos de Wi-Fi gratuitos para moradores e turistas.

Cidade Inteligente: iluminação e Wi-Fi como serviços públicos

A iniciativa foi desenvolvida em parceria com o Instituto de Planejamento e Gestão de Cidades (IPGC). Além de melhorar a segurança e o acesso à informação, mostra que tradição e inovação podem coexistir em um mesmo território.

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Serro no seu roteiro por Minas Gerais

O Serro é um destino que une passado e presente. Seu patrimônio tombado, suas igrejas coloniais, o Queijo do Serro, os distritos charmosos e a natureza abundante fazem dele uma das cidades mais completas do estado.

Visitar o Serro é viver a essência mineira em várias dimensões: a fé, a história, a gastronomia e o contato com a paisagem. Um convite para desacelerar, ouvir histórias centenárias e se surpreender com uma cidade que guarda o primeiro tombamento histórico do Brasil.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Casarões históricos, com uma escadaria de pedras e a igreja no alto, cidade turistica de Serro em MG
Casarões históricos, com uma escadaria de pedras e a igreja no alto, cidade turistica de Serro em MG

Serro/MG - Foto: Igor Souza

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