A cidade que revela tesouros coloniais e possui mais de 100 cachoeiras em Minas

Descubra o Serro, cidade turística em Minas Gerais que preserva tesouros coloniais e guarda mais de 100 cachoeiras

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
16/09/2025

Visitar o Serro é mergulhar em uma das histórias mais ricas de Minas Gerais. Localizada na Serra do Espinhaço, a cidade preserva um conjunto colonial de grande valor, celebra tradições seculares e abriga um patrimônio natural impressionante, com serras e mais de 100 cachoeiras catalogadas.

  • História e cultura: patrimônio tombado pelo IPHAN, igrejas e casarões preservados.

  • Natureza e aventura: cachoeiras, trilhas e o Parque Estadual do Pico do Itambé.

  • Tradições e sabores: festas religiosas, congados e o Queijo do Serro.

Como surgiu o Serro e qual sua importância histórica?

O Serro começou em 1702, quando bandeirantes encontraram ouro na região conhecida como Ivituruí, palavra tupi que significa “vento do morro frio”. Poucos anos depois, o arraial foi elevado à Vila do Príncipe e tornou-se sede da Comarca do Serro Frio, uma das mais influentes da capitania de Minas Gerais.

Esse destaque trouxe riqueza, mas também isolamento. Com o declínio da mineração, o município perdeu espaço econômico, mas preservou sua paisagem urbana. Em 1938, o IPHAN tombou o conjunto arquitetônico e paisagístico, tornando o Serro uma das primeiras cidades brasileiras a receber esse reconhecimento.

Igrejas e casarões que preservam a memória

A cidade encanta por sua harmonia arquitetônica, marcada por templos religiosos e construções coloniais. Entre os principais destaques estão:

  • Igreja de Santa Rita, no alto de uma escadaria com 57 degraus.

  • Matriz de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.

  • Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, do século XVIII.

  • Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Igreja de Nossa Senhora do Rosário, símbolos da religiosidade local.

Além das igrejas, o Museu Regional Casa dos Ottoni preserva documentos e objetos ligados a famílias influentes, como Teófilo Benedito Ottoni. Também se destacam o Sobrado da Prefeitura Municipal e a Casa do Barão de Diamantina, marcos da época em que o Serro era centro político da região.

O Queijo do Serro e sua relevância cultural

O Queijo do Serro é um dos maiores símbolos de Minas. Produzido artesanalmente há mais de 300 anos, tornou-se Patrimônio Imaterial de Minas Gerais em 2002 e do Brasil em 2008. O segredo está na combinação do leite cru, do pingo e do clima da Serra do Espinhaço.

Muitas fazendas abrem suas portas para visitantes, permitindo conhecer o processo de produção. Degustar o queijo no próprio local é uma experiência que une tradição, sabor e história.

Serro e suas mais de 100 cachoeiras

O município é referência para quem busca contato com a natureza. São mais de 100 cachoeiras espalhadas pelo território, muitas delas em áreas rurais e distritos. Entre as mais conhecidas estão:

  • Cachoeira do Moinho (Milho Verde)

  • Cachoeira do Carijó (Milho Verde)

  • Cachoeira do Tempo Perdido (Capivari, no entorno do Pico do Itambé)

  • Cachoeira da Pedra Lisa (19 km da sede)

  • Cachoeira do Malheiros (12 km do centro)

Essas quedas variam em altura e acessibilidade, agradando tanto aventureiros quanto famílias em busca de lazer.

Parque Estadual do Pico do Itambé: natureza e altitude

Com 2.052 metros, o Pico do Itambé é um dos pontos mais altos de Minas Gerais. O parque estadual que o abriga protege nascentes, trilhas e áreas de cerrado, sendo considerado uma “caixa d’água” da região.

As trilhas levam a miradouros de tirar o fôlego, e a subida ao cume é uma das experiências mais procuradas por visitantes. Além do desafio físico, o passeio revela vistas panorâmicas que mostram a grandiosidade da Serra do Espinhaço.

As festas que revelam a alma do Serro

O calendário cultural da cidade é intenso, misturando fé, música e dança. Entre os eventos mais importantes estão:

  • Festa de Nossa Senhora do Rosário (julho): com grupos de Catopês, Marujos e Caboclos.

  • Festa do Queijo (setembro): celebra o produto símbolo da cidade.

  • Festa do Divino e Festa do Cavalo, que atraem moradores e turistas.

Essas festas mostram a força da cultura popular e a integração da comunidade, que mantém tradições vivas há séculos.

Distritos que ampliam a experiência turística

O Serro também é conhecido por seus distritos charmosos, como Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.

Em Milho Verde, as ruas de terra e a vista para a serra criam um ambiente bucólico. Lá estão cachoeiras famosas, como o Moinho e o Carijó. Já em São Gonçalo do Rio das Pedras, o casario colonial e a tranquilidade do vilarejo conquistam quem busca sossego.

Esses distritos são pontos estratégicos para quem deseja explorar a natureza e vivenciar o ritmo do interior mineiro.

Museu Casa dos Ottoni e a memória política

O Museu Regional Casa dos Ottoni reúne mais de 500 peças entre móveis, utensílios e obras de arte. Instalado em um casarão do século XVIII, o espaço mantém viva a memória de personalidades serranas que tiveram papel importante na política brasileira.

O museu mostra como a cidade, mesmo pequena, teve influência nacional, formando líderes como Teófilo Benedito Ottoni, um dos nomes mais relevantes da história de Minas.

Preservação e modernização caminhando juntas

Apesar de ter sido marcada pelo isolamento econômico, o Serro soube transformar esse fator em vantagem. O patrimônio histórico foi preservado e, em 1938, reconhecido pelo IPHAN como um conjunto de valor nacional.

Mais recentemente, a cidade implementou um projeto de Cidade Inteligente, com modernização da iluminação pública e oferta de pontos de Wi-Fi gratuito. Assim, consegue equilibrar tradição e inovação, atraindo visitantes sem perder sua identidade.

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Um destino completo em Minas Gerais

O Serro reúne em um só lugar o que Minas tem de mais autêntico: a arquitetura colonial preservada, as festas que unem gerações, o queijo artesanal de renome e uma natureza que surpreende com mais de 100 cachoeiras.

Ao visitar a cidade, o viajante encontra história viva nas ruas de pedra, sente a força da cultura nos congados e se renova ao contemplar o Pico do Itambé. Mais do que um destino turístico, o Serro é uma experiência de conexão com a essência mineira.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Casarões históricos, com uma escadaria de pedras e a igreja no alto, cidade turistica de Serro em MG
Casarões históricos, com uma escadaria de pedras e a igreja no alto, cidade turistica de Serro em MG

Serro/MG - Foto: Igor Souza

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