A cidade que revela tesouros coloniais e possui mais de 100 cachoeiras em Minas
Descubra o Serro, cidade turística em Minas Gerais que preserva tesouros coloniais e guarda mais de 100 cachoeiras
Visitar o Serro é mergulhar em uma das histórias mais ricas de Minas Gerais. Localizada na Serra do Espinhaço, a cidade preserva um conjunto colonial de grande valor, celebra tradições seculares e abriga um patrimônio natural impressionante, com serras e mais de 100 cachoeiras catalogadas.
História e cultura: patrimônio tombado pelo IPHAN, igrejas e casarões preservados.
Natureza e aventura: cachoeiras, trilhas e o Parque Estadual do Pico do Itambé.
Tradições e sabores: festas religiosas, congados e o Queijo do Serro.
Como surgiu o Serro e qual sua importância histórica?
O Serro começou em 1702, quando bandeirantes encontraram ouro na região conhecida como Ivituruí, palavra tupi que significa “vento do morro frio”. Poucos anos depois, o arraial foi elevado à Vila do Príncipe e tornou-se sede da Comarca do Serro Frio, uma das mais influentes da capitania de Minas Gerais.
Esse destaque trouxe riqueza, mas também isolamento. Com o declínio da mineração, o município perdeu espaço econômico, mas preservou sua paisagem urbana. Em 1938, o IPHAN tombou o conjunto arquitetônico e paisagístico, tornando o Serro uma das primeiras cidades brasileiras a receber esse reconhecimento.
Igrejas e casarões que preservam a memória
A cidade encanta por sua harmonia arquitetônica, marcada por templos religiosos e construções coloniais. Entre os principais destaques estão:
Igreja de Santa Rita, no alto de uma escadaria com 57 degraus.
Matriz de Nossa Senhora da Conceição, padroeira da cidade.
Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, do século XVIII.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo e Igreja de Nossa Senhora do Rosário, símbolos da religiosidade local.
Além das igrejas, o Museu Regional Casa dos Ottoni preserva documentos e objetos ligados a famílias influentes, como Teófilo Benedito Ottoni. Também se destacam o Sobrado da Prefeitura Municipal e a Casa do Barão de Diamantina, marcos da época em que o Serro era centro político da região.
O Queijo do Serro e sua relevância cultural
O Queijo do Serro é um dos maiores símbolos de Minas. Produzido artesanalmente há mais de 300 anos, tornou-se Patrimônio Imaterial de Minas Gerais em 2002 e do Brasil em 2008. O segredo está na combinação do leite cru, do pingo e do clima da Serra do Espinhaço.
Muitas fazendas abrem suas portas para visitantes, permitindo conhecer o processo de produção. Degustar o queijo no próprio local é uma experiência que une tradição, sabor e história.
Serro e suas mais de 100 cachoeiras
O município é referência para quem busca contato com a natureza. São mais de 100 cachoeiras espalhadas pelo território, muitas delas em áreas rurais e distritos. Entre as mais conhecidas estão:
Cachoeira do Moinho (Milho Verde)
Cachoeira do Carijó (Milho Verde)
Cachoeira do Tempo Perdido (Capivari, no entorno do Pico do Itambé)
Cachoeira da Pedra Lisa (19 km da sede)
Cachoeira do Malheiros (12 km do centro)
Essas quedas variam em altura e acessibilidade, agradando tanto aventureiros quanto famílias em busca de lazer.
Parque Estadual do Pico do Itambé: natureza e altitude
Com 2.052 metros, o Pico do Itambé é um dos pontos mais altos de Minas Gerais. O parque estadual que o abriga protege nascentes, trilhas e áreas de cerrado, sendo considerado uma “caixa d’água” da região.
As trilhas levam a miradouros de tirar o fôlego, e a subida ao cume é uma das experiências mais procuradas por visitantes. Além do desafio físico, o passeio revela vistas panorâmicas que mostram a grandiosidade da Serra do Espinhaço.
As festas que revelam a alma do Serro
O calendário cultural da cidade é intenso, misturando fé, música e dança. Entre os eventos mais importantes estão:
Festa de Nossa Senhora do Rosário (julho): com grupos de Catopês, Marujos e Caboclos.
Festa do Queijo (setembro): celebra o produto símbolo da cidade.
Festa do Divino e Festa do Cavalo, que atraem moradores e turistas.
Essas festas mostram a força da cultura popular e a integração da comunidade, que mantém tradições vivas há séculos.
Distritos que ampliam a experiência turística
O Serro também é conhecido por seus distritos charmosos, como Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras.
Em Milho Verde, as ruas de terra e a vista para a serra criam um ambiente bucólico. Lá estão cachoeiras famosas, como o Moinho e o Carijó. Já em São Gonçalo do Rio das Pedras, o casario colonial e a tranquilidade do vilarejo conquistam quem busca sossego.
Esses distritos são pontos estratégicos para quem deseja explorar a natureza e vivenciar o ritmo do interior mineiro.
Museu Casa dos Ottoni e a memória política
O Museu Regional Casa dos Ottoni reúne mais de 500 peças entre móveis, utensílios e obras de arte. Instalado em um casarão do século XVIII, o espaço mantém viva a memória de personalidades serranas que tiveram papel importante na política brasileira.
O museu mostra como a cidade, mesmo pequena, teve influência nacional, formando líderes como Teófilo Benedito Ottoni, um dos nomes mais relevantes da história de Minas.
Preservação e modernização caminhando juntas
Apesar de ter sido marcada pelo isolamento econômico, o Serro soube transformar esse fator em vantagem. O patrimônio histórico foi preservado e, em 1938, reconhecido pelo IPHAN como um conjunto de valor nacional.
Mais recentemente, a cidade implementou um projeto de Cidade Inteligente, com modernização da iluminação pública e oferta de pontos de Wi-Fi gratuito. Assim, consegue equilibrar tradição e inovação, atraindo visitantes sem perder sua identidade.
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Um destino completo em Minas Gerais
O Serro reúne em um só lugar o que Minas tem de mais autêntico: a arquitetura colonial preservada, as festas que unem gerações, o queijo artesanal de renome e uma natureza que surpreende com mais de 100 cachoeiras.
Ao visitar a cidade, o viajante encontra história viva nas ruas de pedra, sente a força da cultura nos congados e se renova ao contemplar o Pico do Itambé. Mais do que um destino turístico, o Serro é uma experiência de conexão com a essência mineira.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Serro/MG - Foto: Igor Souza