A comida de roça mineira que virou atração turística em 2025

A comida de roça mineira ganhou destaque em 2025 e virou atração turística em diversas regiões de Minas Gerais. Descubra os sabores que estão conquistando viajantes do Brasil inteiro

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
14/07/2025

A gastronomia mineira sempre foi sinônimo de afeto, memória e sabor. Mas em 2025, um movimento ganhou ainda mais força: a valorização da comida de roça como experiência turística autêntica. De Norte a Sul de Minas Gerais, viajantes estão redescobrindo o prazer de comer bem, sentar à mesa sem pressa e mergulhar em tradições que atravessam gerações.

Não se trata apenas de comer. Trata-se de vivenciar. A comida de roça tornou-se uma verdadeira ponte entre a história do estado e a curiosidade dos turistas, conectando paladar, cultura e hospitalidade. Em um mundo onde o excesso de informação e a correria do dia a dia tomam conta da rotina, a cozinha da roça oferece exatamente o contrário: pausa, verdade e afeto.

O que é, afinal, a comida de roça?

A comida de roça mineira é simples, mas cheia de complexidade nos sabores. Ela tem cheiro de lenha, gosto de infância e textura de memória. Frango com quiabo, angu, couve refogada, feijão temperado com alho e torresmo, ovo caipira frito na banha, café coado na hora, bolo de fubá e broa quentinha. Cada item desse cardápio é mais do que um prato: é um retrato da identidade de Minas.

Esses sabores nascem do quintal, da horta, do pomar e do fogão à lenha. São receitas feitas com ingredientes frescos, muitas vezes colhidos no próprio terreno da família. Cozinhar, nesse contexto, é mais do que uma necessidade — é um ritual de cuidado com quem se ama.

De herança familiar a produto turístico

O que era apenas tradição familiar passou a ser valorizado por visitantes que buscam experiências autênticas. E, em 2025, muitos destinos mineiros decidiram apostar nisso como diferencial. Pequenas pousadas, restaurantes rurais e até fazendas começaram a abrir suas cozinhas para o público, oferecendo almoços caseiros, oficinas culinárias e roteiros gastronômicos da roça.

Em distritos como Ipoema, Lapinha da Serra, Milho Verde e Gonçalves, por exemplo, é comum encontrar cafés da manhã coloniais, fogões à lenha funcionando a todo vapor e anfitriões que contam a história de cada prato. É um turismo que se vive com os cinco sentidos — e que emociona até os paladares mais exigentes.

As experiências que conquistaram os turistas em 2025

Entre as experiências mais procuradas neste ano estão os almoços típicos na varanda, servidos em louça antiga, com toalha de crochê e vista para as montanhas. A sensação de estar em casa, mesmo longe de casa, encanta os visitantes que vêm de cidades grandes em busca de refúgio e reconexão.

Outra grande aposta são os festivais gastronômicos de comida de roça. Em 2025, eventos em cidades como Tiradentes, São João del-Rei e Sabará ganharam novas edições com foco total na culinária rural. Além dos pratos típicos, os festivais oferecem oficinas, rodas de conversa com cozinheiras tradicionais e feiras de produtos artesanais — como queijos, doces e cachaças.

A valorização das cozinheiras e cozinheiros da terra

Com essa tendência em alta, os protagonistas das cozinhas da roça passaram a ser reconhecidos como verdadeiros guardiões da cultura mineira. Muitas mulheres que cozinhavam apenas para suas famílias hoje se tornaram atrações à parte. Seus nomes estão em cardápios, suas receitas foram registradas, e suas histórias emocionam quem as escuta.

Esse reconhecimento não apenas valoriza o saber popular como também gera impacto econômico. Muitas famílias rurais estão conseguindo manter-se no campo graças à renda gerada pela gastronomia afetiva. É uma forma de turismo que respeita o território, promove inclusão e fortalece a cultura local.

A simplicidade como tendência mundial

Em 2025, o mundo inteiro passou a olhar com mais carinho para aquilo que é simples, verdadeiro e sustentável. E a comida de roça mineira se encaixa perfeitamente nesse movimento. Nada de modismos ou pratos rebuscados: a beleza está na panela de barro, no arroz com alho, na pamonha fresca e no queijo curado no quintal.

Essa simplicidade, longe de ser sinônimo de pobreza gastronômica, se revela como sofisticação do afeto. É o sabor que não se encontra em supermercados. É o tempero que só quem cozinha com alma sabe usar. E é exatamente isso que tem encantado quem visita Minas Gerais.

O papel dos roteiros gastronômicos no turismo de experiência

Cada vez mais, agências de turismo e influenciadores de viagem estão construindo roteiros focados na comida de verdade. Além de visitar igrejas, cachoeiras e mirantes, os turistas agora desejam parar em pequenos sítios, aprender a fazer um biscoito de polvilho ou um doce de leite, participar da colheita e entender o valor de cada ingrediente.

Esses roteiros reforçam a importância do território e do tempo. Nada de pressa. O café coado na hora, o fogão aceso lentamente, a conversa com o produtor. Tudo isso constrói memórias e dá novo significado ao ato de viajar. É o turismo sensorial — e Minas é um dos grandes protagonistas dessa tendência em 2025.

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O resgate das quitandas e doces caseiros

Se tem algo que representa bem a comida de roça mineira são as quitandas. Em 2025, elas voltaram com tudo. Quitandeiras do interior passaram a receber encomendas de outras cidades e até de fora do estado. Biscoito de nata, bolinho de chuva, broa de fubá, rosquinha de pinga e bolo de milho ganharam status de preciosidade.

Além disso, o doce artesanal voltou a ocupar o espaço que merece. Em São Bartolomeu, Paracatu e outras regiões produtoras, o doce de fruta feito em tacho de cobre com pouco açúcar se tornou estrela dos roteiros gastronômicos. Ao provar, o turista não sente apenas o sabor — sente a história, a terra, o cuidado de quem preparou.

O sabor que preserva a cultura

A comida de roça mineira, que antes era apenas rotina da vida no campo, tornou-se em 2025 uma das principais expressões culturais e turísticas do estado. Mais do que atrair visitantes, ela tem servido como ferramenta de valorização da história, da identidade e do saber popular.

Quem viaja por Minas percebe que a cozinha é muito mais do que lugar de preparo de alimentos: é onde a cultura acontece. E ao provar um prato feito no fogão à lenha, ao ouvir o barulho do café coando, ao sentir o cheiro do alho e da banha, o turista entende — sem que ninguém precise explicar — por que Minas emociona tanto.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Fogo a Lenha, com comida mineira, panelas de pedra, em Itatiaia, distrito no interior de MG
Fogo a Lenha, com comida mineira, panelas de pedra, em Itatiaia, distrito no interior de MG

Vila Itatiaia, Minas Gerais - Foto: Igor Souza

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