A vila mineira que perdeu suas fontes termais, mas manteve seu encanto
Conheça Morro D’Água Quente, distrito de Catas Altas (MG), que perdeu suas águas termais, mas preserva história, fé e natureza exuberante
Entre morros, trilhas e o som das águas, o distrito de Morro D’Água Quente, em Catas Altas, Minas Gerais, guarda memórias de um tempo em que fontes termais faziam dele um refúgio de descanso e cura. Hoje, sem as águas quentes que inspiraram seu nome, a vila continua encantando quem busca simplicidade, fé e natureza preservada.
As fontes termais desapareceram com a mineração, mas deixaram história.
O distrito abriga cachoeiras, balneário natural e paisagens rurais.
A Capela do Senhor do Bonfim mantém viva a tradição religiosa local.
Por que o nome Morro D’Água Quente carrega tanta história?
O nome do distrito tem origem nas antigas fontes termais que brotavam do solo, conhecidas por suas propriedades terapêuticas. Durante o período colonial, essas águas atraíam viajantes e mineradores que vinham em busca de descanso após longas jornadas de trabalho.
Com o avanço da mineração de ouro na região, as nascentes acabaram destruídas, e o fenômeno natural deixou de existir. Ainda assim, o nome permaneceu como lembrança de uma época em que o calor das águas era símbolo de vida e prosperidade. Hoje, o que aquece o visitante é a receptividade de um povo simples e orgulhoso de suas raízes.
O que sobrou das antigas águas termais?
Mesmo sem as fontes originais, a água continua sendo protagonista no distrito. O Balneário de Morro D’Água Quente, por exemplo, oferece uma piscina natural abastecida por nascentes locais, cercada por vegetação e montanhas. O espaço é o principal ponto de lazer da comunidade, especialmente nos fins de semana.
Além do balneário, há pequenas cachoeiras e córregos espalhados pela região, que forma poços de águas limpas ideais para banho. A ausência das águas quentes foi substituída por outras belezas naturais, que fazem do distrito um destino perfeito para quem busca contato direto com o ambiente e tranquilidade.
Destaques naturais do distrito:
Balneário com piscina de água natural
Cachoeira da Santa
Trilhas leves com vista para as montanhas
Qual é o papel da Capela do Senhor do Bonfim na vida local?
No alto de uma pequena elevação, a Capela do Senhor do Bonfim é um dos pontos mais simbólicos de Morro D’Água Quente. Construída com traços simples e fachada branca, a capela é um marco da fé e da devoção do povoado, que há décadas se reúne ali para celebrar missas, novenas e festas religiosas.
O templo é dedicado ao Senhor do Bonfim, considerado protetor dos moradores e símbolo de gratidão pelas bênçãos recebidas. Durante as festividades, é comum ver o distrito se transformar: ruas decoradas, procissões e música tomam conta do lugar, reforçando o elo entre religiosidade e comunidade.


Morro D'Água Quente/MG - Foto: Igor Souza




Capela do Senhor do Bonfim - Fotos: Igor Souza
Como a fé e a tradição se mantêm vivas na vila?
Em Morro D’Água Quente, a religiosidade está presente no cotidiano. Além da capela, muitas famílias mantêm pequenos altares em casa e participam de celebrações em datas especiais. As festas religiosas são momentos de união e reencontro, quando ex-moradores voltam à vila para reviver suas origens.
Essas manifestações vão além da fé: representam a preservação cultural de um modo de vida interiorano que resiste às mudanças do tempo. A Capela do Senhor do Bonfim, com seu sino discreto e vista para o vale, é o ponto que melhor traduz esse sentimento de continuidade e pertencimento.
O que o visitante encontra ao chegar a Morro D’Água Quente
O acesso até o distrito é feito por estrada pavimentada a partir da sede de Catas Altas, com trechos que revelam vistas deslumbrantes da Serra do Caraça. A viagem é curta, mas o cenário já antecipa o que o visitante encontrará: uma vila pacata, rodeada por natureza e acolhida pelo sorriso dos moradores.
Ao chegar, o visitante é recebido por um ambiente simples, onde o tempo parece seguir outro ritmo. Pequenas casas, igrejas e comércios locais compõem o cenário típico do interior mineiro. O silêncio das ruas e o som dos córregos criam a sensação de ter encontrado um refúgio.
Quais experiências aproximam o visitante da natureza?
Em Morro D’Água Quente, o lazer é guiado pela natureza. Caminhar pelas trilhas que circundam o distrito é uma das melhores formas de conhecer o lugar. Os caminhos levam a poços, cachoeiras e mirantes, ideais para quem gosta de fotografar ou apenas contemplar.
Outra experiência imperdível é o banho no balneário, que se tornou ponto de encontro das famílias locais. Em dias de calor, é comum ver crianças brincando na água e visitantes aproveitando o espaço para relaxar. É a simplicidade que encanta, sem pressa, sem multidões.
Atividades que valem a pena:
Caminhadas curtas entre as montanhas.
Banhos refrescantes no balneário.
Piqueniques à beira dos córregos.
Qual é a relação entre o distrito e a sede de Catas Altas?
Morro D’Água Quente está a cerca de 9 quilômetros de Catas Altas, cidade conhecida por seu centro histórico e suas igrejas coloniais. Essa proximidade permite que os dois destinos se complementem: enquanto a sede oferece experiências culturais e arquitetônicas, o distrito representa o lado natural e sossegado da região.
É comum que os visitantes se hospedem em Catas Altas e dediquem um dia para conhecer Morro D’Água Quente. O percurso é curto e agradável, cercado por plantações, riachos e montes verdejantes. A viagem une o turismo histórico com o rural, mostrando diferentes facetas da mesma região.
Ainda é possível ver marcas da antiga mineração?
Sim. As marcas da mineração do ouro ainda estão presentes nos arredores, em pequenas formações e vestígios do solo escavado. Esses registros ajudam a entender como a exploração mineral moldou não só o relevo, mas também a história local. Foi esse ciclo econômico que destruiu as antigas fontes termais, mudando o rumo do distrito.
Hoje, o cenário é outro. A natureza vem se regenerando e a comunidade encontrou novas formas de prosperar, voltadas para o turismo e a preservação ambiental. O passado serve como lembrança e aprendizado, reforçando a importância de equilibrar desenvolvimento e sustentabilidade.
Como o visitante pode aproveitar melhor o passeio
O ideal é planejar a visita com calma. Morro D’Água Quente é destino para quem busca paz e contemplação, não pressa. Levar lanche, protetor solar e roupa leve é essencial, já que o clima de montanha alterna entre calor e brisa fresca.
Vale também conversar com os moradores, que gostam de contar histórias sobre o distrito e as antigas fontes. Essa troca humana é uma das partes mais ricas da viagem. Afinal, conhecer um lugar é também conhecer as pessoas que o mantêm vivo.
Dicas práticas:
Leve dinheiro em espécie, pois há pouco comércio eletrônico.
Visite durante o dia para aproveitar as paisagens e as águas.
Combine o passeio com outros pontos de Catas Altas.
Por que Morro D’Água Quente ainda encanta?
Mesmo sem suas águas termais, o distrito conserva uma energia acolhedora e tranquila. O encanto está na combinação entre história, natureza e fé. A Capela do Senhor do Bonfim, com seu ar sereno, é o símbolo maior dessa continuidade. É ali que o visitante entende que o que realmente aquece Morro D’Água Quente é o coração do seu povo.
O distrito é um lembrete de que a beleza mineira não está apenas nas grandes cidades históricas, mas também nas pequenas vilas que resistem discretamente, preservando a essência do tempo e da tradição.
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Um convite para quem busca simplicidade
Morro D’Água Quente é o tipo de lugar que não precisa de muito para encantar. Basta o som da água correndo, o aroma do café fresco e a paisagem das montanhas para conquistar quem chega. É um destino que convida à pausa, ao silêncio e à reflexão sobre o que realmente importa.
Ao visitar a vila, suba até a Capela do Senhor do Bonfim, olhe o horizonte e sinta a paz que paira sobre o vale. As águas quentes se foram, mas o calor humano continua — e é ele que transforma esse pequeno distrito de Catas Altas em um refúgio de alma mineira.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


