A vila mineira que perdeu suas fontes termais, mas manteve seu encanto

Conheça Morro D’Água Quente, distrito de Catas Altas (MG), que perdeu suas águas termais, mas preserva história, fé e natureza exuberante

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
04/12/2025

Entre morros, trilhas e o som das águas, o distrito de Morro D’Água Quente, em Catas Altas, Minas Gerais, guarda memórias de um tempo em que fontes termais faziam dele um refúgio de descanso e cura. Hoje, sem as águas quentes que inspiraram seu nome, a vila continua encantando quem busca simplicidade, fé e natureza preservada.

  • As fontes termais desapareceram com a mineração, mas deixaram história.

  • O distrito abriga cachoeiras, balneário natural e paisagens rurais.

  • A Capela do Senhor do Bonfim mantém viva a tradição religiosa local.

Por que o nome Morro D’Água Quente carrega tanta história?

O nome do distrito tem origem nas antigas fontes termais que brotavam do solo, conhecidas por suas propriedades terapêuticas. Durante o período colonial, essas águas atraíam viajantes e mineradores que vinham em busca de descanso após longas jornadas de trabalho.

Com o avanço da mineração de ouro na região, as nascentes acabaram destruídas, e o fenômeno natural deixou de existir. Ainda assim, o nome permaneceu como lembrança de uma época em que o calor das águas era símbolo de vida e prosperidade. Hoje, o que aquece o visitante é a receptividade de um povo simples e orgulhoso de suas raízes.

O que sobrou das antigas águas termais?

Mesmo sem as fontes originais, a água continua sendo protagonista no distrito. O Balneário de Morro D’Água Quente, por exemplo, oferece uma piscina natural abastecida por nascentes locais, cercada por vegetação e montanhas. O espaço é o principal ponto de lazer da comunidade, especialmente nos fins de semana.

Além do balneário, há pequenas cachoeiras e córregos espalhados pela região, que forma poços de águas limpas ideais para banho. A ausência das águas quentes foi substituída por outras belezas naturais, que fazem do distrito um destino perfeito para quem busca contato direto com o ambiente e tranquilidade.

Destaques naturais do distrito:
  • Balneário com piscina de água natural

  • Cachoeira da Santa

  • Trilhas leves com vista para as montanhas

Qual é o papel da Capela do Senhor do Bonfim na vida local?

No alto de uma pequena elevação, a Capela do Senhor do Bonfim é um dos pontos mais simbólicos de Morro D’Água Quente. Construída com traços simples e fachada branca, a capela é um marco da fé e da devoção do povoado, que há décadas se reúne ali para celebrar missas, novenas e festas religiosas.

O templo é dedicado ao Senhor do Bonfim, considerado protetor dos moradores e símbolo de gratidão pelas bênçãos recebidas. Durante as festividades, é comum ver o distrito se transformar: ruas decoradas, procissões e música tomam conta do lugar, reforçando o elo entre religiosidade e comunidade.

Capela do Senhor Bonfim, com árvore ao lado e capela azul e branca, distrito de Morro D'Água Quente
Capela do Senhor Bonfim, com árvore ao lado e capela azul e branca, distrito de Morro D'Água Quente

Morro D'Água Quente/MG - Foto: Igor Souza

Capela do Senhor do Bonfim com uma árvore em frente em Morro D'Água Quente MG
Capela do Senhor do Bonfim com uma árvore em frente em Morro D'Água Quente MG
Faixa exterior da Capela do Senhor do Bonfim no Morro D'Água Quente em Catas Altas MG
Faixa exterior da Capela do Senhor do Bonfim no Morro D'Água Quente em Catas Altas MG

Capela do Senhor do Bonfim - Fotos: Igor Souza

Como a fé e a tradição se mantêm vivas na vila?

Em Morro D’Água Quente, a religiosidade está presente no cotidiano. Além da capela, muitas famílias mantêm pequenos altares em casa e participam de celebrações em datas especiais. As festas religiosas são momentos de união e reencontro, quando ex-moradores voltam à vila para reviver suas origens.

Essas manifestações vão além da fé: representam a preservação cultural de um modo de vida interiorano que resiste às mudanças do tempo. A Capela do Senhor do Bonfim, com seu sino discreto e vista para o vale, é o ponto que melhor traduz esse sentimento de continuidade e pertencimento.

O que o visitante encontra ao chegar a Morro D’Água Quente

O acesso até o distrito é feito por estrada pavimentada a partir da sede de Catas Altas, com trechos que revelam vistas deslumbrantes da Serra do Caraça. A viagem é curta, mas o cenário já antecipa o que o visitante encontrará: uma vila pacata, rodeada por natureza e acolhida pelo sorriso dos moradores.

Ao chegar, o visitante é recebido por um ambiente simples, onde o tempo parece seguir outro ritmo. Pequenas casas, igrejas e comércios locais compõem o cenário típico do interior mineiro. O silêncio das ruas e o som dos córregos criam a sensação de ter encontrado um refúgio.

Quais experiências aproximam o visitante da natureza?

Em Morro D’Água Quente, o lazer é guiado pela natureza. Caminhar pelas trilhas que circundam o distrito é uma das melhores formas de conhecer o lugar. Os caminhos levam a poços, cachoeiras e mirantes, ideais para quem gosta de fotografar ou apenas contemplar.

Outra experiência imperdível é o banho no balneário, que se tornou ponto de encontro das famílias locais. Em dias de calor, é comum ver crianças brincando na água e visitantes aproveitando o espaço para relaxar. É a simplicidade que encanta, sem pressa, sem multidões.

Atividades que valem a pena:
  • Caminhadas curtas entre as montanhas.

  • Banhos refrescantes no balneário.

  • Piqueniques à beira dos córregos.

Qual é a relação entre o distrito e a sede de Catas Altas?

Morro D’Água Quente está a cerca de 9 quilômetros de Catas Altas, cidade conhecida por seu centro histórico e suas igrejas coloniais. Essa proximidade permite que os dois destinos se complementem: enquanto a sede oferece experiências culturais e arquitetônicas, o distrito representa o lado natural e sossegado da região.

É comum que os visitantes se hospedem em Catas Altas e dediquem um dia para conhecer Morro D’Água Quente. O percurso é curto e agradável, cercado por plantações, riachos e montes verdejantes. A viagem une o turismo histórico com o rural, mostrando diferentes facetas da mesma região.

Ainda é possível ver marcas da antiga mineração?

Sim. As marcas da mineração do ouro ainda estão presentes nos arredores, em pequenas formações e vestígios do solo escavado. Esses registros ajudam a entender como a exploração mineral moldou não só o relevo, mas também a história local. Foi esse ciclo econômico que destruiu as antigas fontes termais, mudando o rumo do distrito.

Hoje, o cenário é outro. A natureza vem se regenerando e a comunidade encontrou novas formas de prosperar, voltadas para o turismo e a preservação ambiental. O passado serve como lembrança e aprendizado, reforçando a importância de equilibrar desenvolvimento e sustentabilidade.

Como o visitante pode aproveitar melhor o passeio

O ideal é planejar a visita com calma. Morro D’Água Quente é destino para quem busca paz e contemplação, não pressa. Levar lanche, protetor solar e roupa leve é essencial, já que o clima de montanha alterna entre calor e brisa fresca.

Vale também conversar com os moradores, que gostam de contar histórias sobre o distrito e as antigas fontes. Essa troca humana é uma das partes mais ricas da viagem. Afinal, conhecer um lugar é também conhecer as pessoas que o mantêm vivo.

Dicas práticas:
  • Leve dinheiro em espécie, pois há pouco comércio eletrônico.

  • Visite durante o dia para aproveitar as paisagens e as águas.

  • Combine o passeio com outros pontos de Catas Altas.

Por que Morro D’Água Quente ainda encanta?

Mesmo sem suas águas termais, o distrito conserva uma energia acolhedora e tranquila. O encanto está na combinação entre história, natureza e fé. A Capela do Senhor do Bonfim, com seu ar sereno, é o símbolo maior dessa continuidade. É ali que o visitante entende que o que realmente aquece Morro D’Água Quente é o coração do seu povo.

O distrito é um lembrete de que a beleza mineira não está apenas nas grandes cidades históricas, mas também nas pequenas vilas que resistem discretamente, preservando a essência do tempo e da tradição.

+ Leia também: Entre trilhas e histórias, Lavras Novas e Ouro Preto ganham destaque nacional

Um convite para quem busca simplicidade

Morro D’Água Quente é o tipo de lugar que não precisa de muito para encantar. Basta o som da água correndo, o aroma do café fresco e a paisagem das montanhas para conquistar quem chega. É um destino que convida à pausa, ao silêncio e à reflexão sobre o que realmente importa.

Ao visitar a vila, suba até a Capela do Senhor do Bonfim, olhe o horizonte e sinta a paz que paira sobre o vale. As águas quentes se foram, mas o calor humano continua — e é ele que transforma esse pequeno distrito de Catas Altas em um refúgio de alma mineira.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

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