Carimbo por carimbo, a jornada que está mudando o turismo mineiro
Descubra como um simples passaporte está conectando viajantes a vilarejos históricos, natureza e tradições em Minas Gerais
Viajar por Minas Gerais pode ser muito mais do que passar por pontos turísticos famosos. Para quem gosta de explorar com calma, valorizando cada detalhe, existe um aliado perfeito: o Passaporte da Estrada Real. Mais do que um souvenir, ele é um convite para descobrir destinos autênticos e históricos, registrando cada parada com um carimbo repleto de histórias e memórias.
Registro simbólico de viagens pelas quatro rotas históricas
Incentivo ao turismo em cidades e distritos fora do óbvio
Contato direto com tradições, moradores e sabores locais
Como funciona o Passaporte da Estrada Real?
Gratuito e fácil de obter, o passaporte pode ser solicitado no site do Instituto Estrada Real ou retirado em pontos credenciados. Ele funciona como um diário de bordo, no qual o viajante registra sua passagem por cidades e vilarejos que fazem parte dos quatro caminhos oficiais: Caminho Velho, Caminho Novo, Caminho dos Diamantes e Caminho de Sabarabuçu.
Os carimbos são oferecidos em locais específicos — como museus, pousadas, cafés, igrejas e centros culturais —, incentivando a interação com o espaço e a comunidade. Ao concluir uma rota ou atingir um número mínimo de registros, é possível solicitar um certificado simbólico de conclusão. Mas a verdadeira recompensa é o que se vive no caminho.
Quais são as quatro rotas da Estrada Real?
Criadas no período colonial para escoar ouro e diamantes, essas rotas históricas hoje se transformaram em roteiros turísticos repletos de atrativos:
Caminho Velho – De Ouro Preto a Paraty, passando por Tiradentes, Carrancas e Baependi, com paisagens montanhosas, cachoeiras e arquitetura preservada.
Caminho dos Diamantes – Liga Ouro Preto a Diamantina, cruzando Serro, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, com igrejas do século XVIII e festas tradicionais.
Caminho Novo – Conecta o interior mineiro ao Rio de Janeiro de forma mais direta, passando por Barbacena, Juiz de Fora e cidades vizinhas.
Caminho de Sabarabuçu – Liga Sabará a Cocais (Barão de Cocais), revelando mirantes naturais e tradições centenárias.
Que destinos se revelam ao longo da jornada?
Uma das maiores surpresas do passaporte é a oportunidade de conhecer lugares que não aparecem nos roteiros tradicionais:
Chapada (Ouro Preto) – Capela de Santana, paisagens serranas e festas religiosas.
Catas Altas – Bicame de Pedra, Capela de Santa Quitéria e vinhos artesanais.
Cocais (Barão de Cocais) – Cachoeira da Pedra Pintada e belezas naturais.
Milho Verde (Serro) – Simplicidade, hospitalidade e Capela de Nossa Senhora do Rosário.
Santa Rita Durão (Mariana) – Vilarejo de ruas de terra e atmosfera tranquila.
Como o passaporte fortalece a economia local?
O impacto é direto: além de atrair visitantes, o passaporte gera renda e mantém vivas as tradições. Entre os beneficiados estão:
Artesãos que trabalham com pedra-sabão, cerâmica e bordado
Produtores rurais que vendem queijos, doces e cachaças
Guias comunitários que conduzem trilhas e passeios históricos
Pousadas e restaurantes que valorizam a culinária mineira
Esse movimento cria um ciclo positivo: o visitante vive experiências genuínas e a comunidade fortalece sua identidade cultural.
É preciso completar uma rota de uma vez só?
Não. A flexibilidade é um dos maiores atrativos do passaporte. Você pode começar por qualquer ponto, seguir no seu tempo e até voltar várias vezes. Isso permite montar roteiros temáticos e personalizados.
Sugestões de combinações:
Histórico-cultural: Ouro Preto, Mariana e Sabará
Natureza e aventura: Conceição do Mato Dentro, Milho Verde e Carrancas
Gastronômico: Tiradentes, Catas Altas e Serro
Como planejar sua viagem pela Estrada Real?
O ideal é definir o tempo disponível e o tipo de experiência que deseja. No site oficial, é possível acessar um mapa interativo com:
Pontos de carimbo em cada cidade
Informações sobre distâncias e acessos
Sugestões de atrações turísticas e culturais
Leve sempre o passaporte. Alguns pontos de carimbo funcionam em horários específicos, e não vale a pena perder a chance de registrá-los.
O que esperar dessa experiência?
Mais do que colecionar carimbos, o Passaporte da Estrada Real é um exercício de desacelerar e enxergar detalhes. Em cada parada, você conversa com moradores, ouve histórias que não estão nos livros e prova receitas que não aparecem em cardápios turísticos.
Ele também estimula a curiosidade: entrar em ruas tranquilas, visitar capelas escondidas e contemplar paisagens sem placa de “ponto turístico” — mas que ficam na memória para sempre.
Por que ele transforma a forma de viajar?
O passaporte resgata a essência do turismo genuíno. Ao percorrer a Estrada Real, você percebe que cada cidade tem uma alma própria, uma história e uma forma única de receber.
Essa mudança de olhar transforma cada viagem em uma narrativa pessoal, onde o mais importante não é o destino final, mas o caminho percorrido.
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Um convite a trilhar novos rumos
Mais do que um documento para colecionar carimbos, o Passaporte da Estrada Real é um mapa afetivo que conecta viajantes a um patrimônio vivo. Ele prova que Minas Gerais é feita de muito mais do que os destinos já famosos — há uma infinidade de comunidades e paisagens prontas para serem descobertas.
Seja nas ladeiras de Ouro Preto, nas serras de Milho Verde ou ao lado de uma cachoeira em Cocais, cada carimbo é o símbolo de um momento único. Um convite para viajar com propósito, valorizando o simples, o verdadeiro e o inesquecível.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Itatiaia/MG - Foto: Igor Souza