Cidade histórica esconde 12 joias que turistas ainda não descobriram
Explore os cantinhos menos conhecidos de Ouro Preto e descubra 12 lugares autênticos que revelam uma cidade além do roteiro turístico tradicional
Entre igrejas barrocas e ruas de pedra, Ouro Preto, Minas Gerais, reserva surpresas que muitos visitantes ainda não conhecem. Fora dos roteiros tradicionais, existem lugares que revelam a alma da cidade de forma mais silenciosa, porém igualmente profunda. São igrejas discretas, mirantes pouco explorados, trilhas escondidas e vilarejos que mantêm viva a tradição local.
Este artigo reúne 12 dessas joias pouco conhecidas — mas reais e acessíveis — que encantam justamente por não estarem nos holofotes. Um convite para redescobrir Ouro Preto com calma, olhos atentos e desejo por experiências autênticas.
1. Capela de Santana, no distrito de Chapada
No distrito de Chapada, a Capela de Santana repousa sobre um terreno elevado, cercada por montanhas. O templo tem estilo singelo e um ambiente acolhedor. A vista ao redor é de tirar o fôlego e, mesmo sem grande ornamentação, a capela transmite uma paz rara. Poucos turistas chegam até lá, o que torna a visita ainda mais especial.
Chapada, pertencente ao município de Ouro Preto, conserva tradições centenárias, como festejos religiosos e rodas de viola. A visita à capela é também um mergulho nas raízes do modo de viver do interior mineiro.
2. Beco da Ladeira, escondido entre casarões antigos
Entre os casarões do centro histórico existe um beco estreito, com degraus irregulares e muros de pedra que resistem ao tempo. Conhecido popularmente como “Beco da Ladeira” entre alguns moradores, trata-se de um estreito caminho de pedra que liga duas ruas centrais. É comum encontrar moradores mais velhos contando histórias de passagens por ali nas madrugadas das festas religiosas.
Pouco sinalizado, o beco passa despercebido por muitos visitantes. Mas é um daqueles lugares onde o tempo parece desacelerar. O som dos passos ecoando pelas pedras e a iluminação suave criam um ambiente único para quem busca sensações fora do comum.
3. Cachoeira das Andorinhas: natureza e tranquilidade
A cerca de 5 km do centro de Ouro Preto, está a Cachoeira das Andorinhas, localizada na nascente do Rio das Velhas. A trilha até lá passa por paisagens preservadas, com formações rochosas típicas da Serra do Espinhaço. O local é pouco visitado durante a semana, o que proporciona silêncio e contato direto com a natureza.
Além de banho em águas cristalinas, o visitante encontra pontos para meditação e observação de aves. É uma alternativa ideal para quem deseja escapar do circuito urbano sem ir muito longe.
4. Capela de São Sebastião, no alto de Morro Santana
No alto do Morro Santana, há uma pequena capela dedicada a São Sebastião. Ela é frequentada principalmente pelos moradores locais e ainda mantém celebrações tradicionais, como as rezas de janeiro. A subida até lá exige preparo, mas o esforço é compensado por uma vista panorâmica da cidade.
Diferente das igrejas mais conhecidas, essa capela carrega marcas do tempo sem grandes restaurações, o que dá ao espaço uma autenticidade comovente. Ali, o silêncio é quebrado apenas pelo vento e pelos sinos ao longe.
5. Mirante da Rua Getúlio Vargas
Localizado próximo ao bairro Cabeças, o Mirante da Rua Getúlio Vargas é um ponto privilegiado para observar o casario colonial sob a luz do entardecer. Apesar da vista magnífica, poucos turistas chegam até ele. A maioria se concentra nos mirantes mais famosos, como o da Igreja de Santa Efigênia.
Esse mirante alternativo oferece uma nova perspectiva da cidade, revelando as camadas de telhados, torres de igrejas e o contorno das serras ao fundo. Um ótimo lugar para fotografar com calma ou apenas contemplar.
6. Ateliês escondidos em porões de casarios
Muitos artistas de Ouro Preto mantêm ateliês em locais discretos, como porões ou fundos de casarões antigos. Esses espaços, muitas vezes abertos à visitação informal, exibem esculturas, pinturas, cerâmicas e peças em pedra-sabão. O contato direto com os criadores transforma a experiência em algo muito mais íntimo e verdadeiro.
Ao contrário das lojas mais movimentadas das ruas principais, esses ateliês funcionam no ritmo dos artistas. É comum ouvir histórias sobre técnicas antigas, inspirações locais e a luta para manter viva a arte produzida na cidade.
7. Igreja de São José, no bairro Alto da Cruz
A Igreja de São José fica no bairro Alto da Cruz, afastado do circuito tradicional. Pequena, mas muito querida pela comunidade, ela abriga celebrações simples e acolhedoras. A construção tem detalhes singelos e um adro de onde se vê parte do centro histórico.
O acesso pode ser feito a pé ou de carro, e a recepção por parte dos moradores é sempre calorosa. Um espaço onde o turismo se mistura com a fé cotidiana, sem artifícios ou apelos comerciais.
8. Antiga mina do Morro da Queimada
O Morro da Queimada guarda ruínas e vestígios atribuídos a antigas atividades de mineração. Embora não haja estrutura oficial de visitação, moradores e pesquisadores conhecem o local e indicam trilhas para chegar até lá.
A visita deve ser feita com cuidado e, se possível, com acompanhamento de guias locais. Mas quem chega até lá compreende melhor a realidade da mineração colonial, para além dos museus tradicionais.
9. Capela do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, em Saramenha
O distrito de Saramenha, que pertence a Ouro Preto, guarda uma capela discreta dedicada ao Senhor Bom Jesus de Matozinhos. Ela fica próxima à estrada e pode ser vista de longe pelo contraste entre o branco da fachada e o verde das montanhas.
Saramenha é uma comunidade pequena, com forte tradição religiosa. A capela, embora pouco conhecida, é cenário de procissões e festas devocionais que seguem sendo realizadas com envolvimento popular.
10. Jardim interno da Casa de Cultura
Na região central, a Casa de Cultura de Ouro Preto oferece um jardim interno que muitas vezes passa despercebido pelos visitantes. O espaço, rodeado por muros antigos e árvores frondosas, é um convite ao descanso em meio à correria das ladeiras.
Ideal para uma pausa entre visitas, o jardim conta com bancos sombreados, esculturas discretas e uma atmosfera que mistura natureza e arte. Um verdadeiro oásis escondido no coração da cidade.
11. Ruínas do antigo aqueduto no bairro Pilar
No bairro Pilar, ainda é possível avistar trechos preservados de um antigo sistema de abastecimento de água, possivelmente datado do período colonial. O acesso não é estruturado para visitação turística, mas é reconhecido por pesquisadores.
Pesquisadores ainda estudam o traçado completo dessa estrutura, que ajuda a entender como a engenharia colonial enfrentava os desafios do relevo acidentado. Uma peça rara da história urbana de Ouro Preto.
12. Caminho antigo que liga o centro a Lavras Novas
Há relatos e registros de um caminho antigo, usado historicamente por moradores, que liga Ouro Preto a Lavras Novas por trilhas e estradas de terra. Atualmente, o percurso é feito por aventureiros e ciclistas, mas não conta com sinalização oficial e pode passar por propriedades privadas.
Hoje, o trajeto é explorado por aventureiros e ciclistas, mas ainda permanece pouco divulgado. É uma das formas mais intensas de se conectar à geografia e à história da região.
+ Leia também: O distrito de Ouro Preto que guarda paisagens de tirar o fôlego
Perguntas frequentes sobre Ouro Preto
Quais lugares em Ouro Preto ficam fora do roteiro tradicional? Capelas discretas, mirantes pouco explorados, trilhas e vilarejos preservados.
Onde fica a Cachoeira das Andorinhas? A cerca de 5 km do centro, na nascente do Rio das Velhas.
Qual mirante oferece vista única da cidade? O Mirante da Rua Getúlio Vargas, próximo ao bairro Cabeças.
Existem minas antigas abertas à visitação? No Morro da Queimada há ruínas de uma antiga mina, visitada com guias locais.
Qual capela vale conhecer em Saramenha? A do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, conhecida pela tradição religiosa.
Ouro Preto tem ruínas históricas pouco conhecidas? Sim, como o antigo aqueduto no bairro Pilar.
Existe um caminho antigo até Lavras Novas? Sim, uma trilha histórica com paisagens e vestígios coloniais.
Muito além das fachadas barrocas que estampam folhetos turísticos, Ouro Preto é feita de camadas. Camadas de silêncio, fé, trabalho e memória. Descobrir essas joias escondidas é também uma forma de reencontrar o sentido do turismo: o de estar presente, observar e aprender com o que resiste ao tempo.
Ao sair das rotas mais conhecidas, o viajante encontra uma cidade ainda mais viva e generosa. E percebe que, em Ouro Preto Minas Gerais, a história não está apenas nos livros ou museus — ela mora em cada dobra do caminho, esperando por olhares mais atentos e passos mais leves.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Ouro Preto/MG - Foto: Igor Souza