Curralinho e Vau: duas joias escondidas em meio a montanhas
Descubra Curralinho e Vau, duas joias mineiras escondidas entre montanhas, onde história, natureza e tradições revelam a essência de Minas Gerais
Entre Diamantina e Serro, dois distritos guardam memórias que contam muito sobre Minas Gerais. Curralinho e Vau nasceram no contexto da mineração e da Estrada Real, mas continuam vivos no cotidiano de suas comunidades. São lugares pequenos em população, mas grandes em identidade, onde a tradição resiste e a natureza marca o compasso da vida.
Distritos moldados pelo ciclo da mineração.
Igrejas, festas e religiosidade presentes no cotidiano.
Paisagens serranas e o Rio Jequitinhonha como referências.
Curralinho ainda é chamado assim ou só Extração?
O distrito de Diamantina é oficialmente chamado Extração, mas o nome Curralinho nunca deixou de ser usado pelos moradores. Essa designação popular resgata a identidade construída no período colonial, quando o lugar era conhecido pela exploração de diamantes. O vínculo com o passado é tão forte que, mesmo com a mudança nos registros oficiais, Curralinho permanece vivo na fala de quem ali habita.
Essa dualidade entre nome legal e nome afetivo mostra como a tradição oral é capaz de se sobrepor ao documento. Para os visitantes, ouvir as histórias locais é entender que Curralinho não desapareceu: ele continua existindo na memória e no cotidiano. É esse equilíbrio entre passado e presente que dá ao distrito um caráter singular.
Como a mineração moldou Curralinho em Minas Gerais?
Durante o auge da mineração, Curralinho foi controlado pela chamada Real Extração, mecanismo da Coroa Portuguesa para fiscalizar a retirada de diamantes. A atividade movimentava trabalhadores, comerciantes e viajantes, que circulavam pelas trilhas e pelos rios da região. Essa fase deixou marcas visíveis em ruínas e relatos, compondo um patrimônio histórico imaterial e material.
Com o declínio da mineração, a comunidade se voltou para a agricultura de subsistência e para o comércio local. Essa mudança permitiu que o distrito preservasse um ritmo próprio, distante das pressões urbanas. Hoje, Curralinho atrai visitantes interessados em experiências genuínas, que combinam história, hospitalidade e natureza.
Atrativos que marcam Curralinho:
Gruta do Salitre, conhecida por sua acústica singular.
Ponte do Acaba Mundo, sobre o rio Jequitinhonha.
Cachoeiras e trilhas que cercam o distrito.
Vau: qual é a origem desse nome peculiar?
O distrito de Vau, pertencente ao município de Serro, ganhou esse nome por estar em um trecho raso do Rio Jequitinhonha. Era ali que tropeiros e viajantes atravessavam o rio com maior facilidade durante o período colonial. O “vau” tornou-se ponto estratégico da Estrada Real e referência para quem circulava entre Diamantina e Serro.
Esse papel histórico ainda é lembrado pelos moradores. Para eles, o rio não é apenas um limite geográfico: ele faz parte da identidade do distrito. Histórias de travessias, tropeiros e famílias circulam de geração em geração, reforçando a ligação entre a comunidade e o Jequitinhonha.
Como é a vida comunitária em Vau atualmente?
A rotina em Vau é marcada pela fé e pela união comunitária. A igreja local continua sendo o ponto de encontro, seja em missas ou em festas religiosas. Manifestações como a Folia de Reis reúnem moradores e mantêm vivas tradições seculares, que reforçam o senso de pertencimento.
O dia a dia mantém a simplicidade típica do interior mineiro. Casas modestas, ruas silenciosas e a agricultura familiar definem o ritmo da vida. Essa forma de organização mostra que, em Vau, o tempo corre de acordo com a terra e com as celebrações, e não com a pressa das cidades. Para o visitante, essa experiência é uma imersão em outro compasso.
Curralinho e Vau compartilham histórias semelhantes
Embora estejam em municípios diferentes, os dois distritos guardam trajetórias paralelas. Ambos nasceram ligados à mineração e à Estrada Real, ambos têm o Rio Jequitinhonha como referência e ambos mantêm igrejas como centros da vida comunitária. Essa combinação mostra como as montanhas e rios de Minas deram forma a culturas semelhantes.
Além disso, tanto em Curralinho quanto em Vau, a tradição oral é um elemento essencial. As histórias de tropeiros, mineradores e famílias são passadas de geração em geração, garantindo que a memória não se perca. É nesse elo entre passado e presente que os distritos revelam suas maiores semelhanças.
Pontos em comum:
Origem ligada à mineração e aos caminhos coloniais.
O Rio Jequitinhonha como elo cultural e geográfico.
Festas religiosas que reforçam laços comunitários.
O que torna esses distritos especiais para o visitante
Visitar Curralinho e Vau é descobrir experiências que vão além do turismo convencional. Em Curralinho, o visitante encontra grutas, pontes e cachoeiras que contam histórias de um passado minerador. Já em Vau, a ligação com o rio e as festas comunitárias revelam como a religiosidade e a tradição moldam o presente.
Esses distritos também se destacam por oferecer contato direto com a natureza. O silêncio das serras, o frescor das águas e o ritmo do campo criam uma atmosfera única. A gastronomia simples e a hospitalidade dos moradores completam a vivência, tornando a viagem uma experiência de aprendizado e convivência.
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Viagem por memórias que resistem às margens do Jequitinhonha
Entre montanhas e rios, Curralinho e Vau mostram que pequenas comunidades podem guardar grandes histórias. Suas igrejas, festas e tradições continuam a dar ritmo à vida, enquanto o Jequitinhonha segue como elemento central. Nessas localidades, a memória não é passado distante: é presença cotidiana.
Conhecer esses distritos é aceitar o convite para desacelerar, ouvir histórias e valorizar tradições. Mais do que paisagens, o visitante leva consigo a experiência de ter vivido a essência do interior mineiro. Em meio às montanhas, Curralinho e Vau permanecem como guardiões de memória e autenticidade.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Vau/MG - Foto: Igor Souza