Descoberta no coração de Minas intriga turistas e historiadores
Explore os segredos e encantos históricos de Sabará e entenda por que a cidade mineira tem despertado tanto interesse entre visitantes e estudiosos
Sabará, localizada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, guarda um dos conjuntos históricos mais fascinantes de Minas Gerais. Apesar da proximidade com a capital — cerca de 25 km de distância —, a cidade ainda surpreende muitos visitantes com sua autenticidade preservada, suas ruas de pedra e suas histórias que resistem ao tempo.
Igrejas coloniais de grande valor histórico e artístico.
Tradições culturais e religiosas que permanecem vivas.
Natureza preservada em meio às serras.
Por que as igrejas de Sabará revelam tanto da sua história?
Quem caminha por suas ladeiras sente a presença viva do período colonial. Sabará nasceu durante o ciclo do ouro, e parte dessa riqueza está registrada não apenas em suas igrejas e casarões, mas também em tradições que persistem há séculos. A cidade respira história, mas também carrega mistérios que ainda instigam estudiosos e apaixonados por patrimônio cultural.
Entre os grandes destaques está a Igreja de Nossa Senhora do Ó, uma construção de pequeno porte, mas de enorme valor simbólico e artístico. Com estrutura simples, mas rica em detalhes esculpidos em madeira, chama a atenção pelo interior em estilo rococó, um dos mais preservados da região.
Outro marco são as ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Localizadas em pleno centro histórico, lembram um capítulo importante e doloroso da história do Brasil: a luta da população negra por espaço religioso em meio à exclusão. Essa dualidade entre memória e denúncia faz da visita uma experiência de reflexão e admiração.
O que torna o Chafariz do Kaquende tão curioso?
No Largo do Barão de Sabará está o Chafariz do Kaquende, envolto por lendas que atravessam gerações. Diz a tradição que quem bebe de suas águas sempre retorna à cidade. Embora não haja comprovação científica, muitos visitantes relatam essa sensação de “querer voltar”. O nome “Kaquende”, de origem indígena, significa “o que mata a sede” — detalhe que reforça a simbologia local.
Mais que uma curiosidade turística, o chafariz em funcionamento representa a harmonia entre passado e presente. Ele mostra como Sabará valoriza elementos simples que carregam imenso peso cultural.
Quais tradições culturais ainda sobrevivem em Sabará?
A cidade mantém vivas tradições que movimentam seu calendário anual. O Festival do Ora-pro-nóbis é um dos mais conhecidos, celebrando a planta típica da região com pratos criativos e apresentações musicais. Além dele, a Semana Santa e a Festa de Nossa Senhora do Rosário mobilizam comunidades inteiras, preservando práticas religiosas e culturais de forte identidade mineira.
Esses eventos se somam a um cotidiano marcado pela culinária, onde quitandas, doces e pratos típicos ganham protagonismo nas mesas. É justamente essa vitalidade que reforça o caráter vivo da cidade, unindo memória e atualidade.
Casarões e museus transformam a cidade em um museu a céu aberto
Os casarões coloniais de janelas coloridas e varandas em ferro dão vida ao centro urbano como um autêntico museu a céu aberto. Muitos deles se transformaram em espaços culturais, como o Museu do Ouro, instalado na antiga Casa de Intendência, onde se pode aprender sobre mineração, escravizados e economia colonial.
Outro destaque é o Teatro Municipal de Sabará, um dos mais antigos em funcionamento no Brasil. Suas apresentações mantêm acesa a vocação artística local, sempre marcada pela música e pelas artes cênicas.
Lista de pontos imperdíveis:
Museu do Ouro e sua coleção histórica.
Teatro Municipal em plena atividade.
Casarões coloniais preservados.
Ruínas da Igreja do Rosário dos Homens Pretos.
Largo do Barão de Sabará e o Chafariz do Kaquende.
Como a natureza complementa a experiência em Sabará?
Cercada pelas Serras do Curral e da Piedade, a cidade oferece ao visitante muito mais do que patrimônio histórico. Trilhas, córregos e áreas verdes se somam ao turismo cultural, criando experiências de ecoturismo e caminhadas por rotas antigas de tropeiros.
Embora o foco principal seja o patrimônio, a natureza do entorno acrescenta tranquilidade à visita, permitindo momentos de contemplação diante da paisagem montanhosa que caracteriza o coração de Minas.
Por que Sabará continua atraindo novos olhares?
Nos últimos anos, Sabará tem conquistado cada vez mais espaço entre pesquisadores e turistas que buscam experiências autênticas. Estudos recentes têm revelado detalhes pouco explorados sobre sua formação urbana, como rotas alternativas de mineração e a influência das culturas africanas e indígenas em seu desenvolvimento.
Esse movimento ultrapassa o turismo tradicional e mostra que a cidade ainda guarda segredos capazes de enriquecer nossa compreensão da história de Minas e do Brasil.
Informações úteis para quem visita Sabará
Sabará está a apenas 25 km de Belo Horizonte, com acesso fácil por carro ou transporte público. Entre os pontos turísticos mais visitados estão a Igreja de Nossa Senhora do Ó, o Chafariz do Kaquende, as ruínas da Igreja do Rosário dos Pretos, o Museu do Ouro e o Teatro Municipal.
A cidade também oferece atrações naturais, como trilhas, córregos e áreas verdes preservadas. Quem visita durante o Festival do Ora-pro-nóbis ou nas festas religiosas encontra uma atmosfera cultural ainda mais intensa.
As ruínas do Rosário dos Pretos podem ser visitadas livremente, sem cobrança de ingresso. Quanto à segurança, Sabará costuma ser tranquila para turistas, mas recomenda-se os cuidados básicos comuns a qualquer cidade. Para hospedagem, há pousadas familiares e hotéis simples, muitos deles próximos ao centro histórico.
+ Leia também: Cidades mineiras com passado glorioso e turismo em alta
Sabará: um reencontro com a essência de Minas
Visitar Sabará é mergulhar em camadas profundas da cultura mineira. A cidade exige passos lentos, atenção aos detalhes de fachadas e altares, e disposição para ouvir histórias que ainda ecoam nas pedras de suas ruas. Cada descoberta revela um pedaço de uma Minas marcada pela fé, pela resistência, pelos sabores e pela preservação da memória.
Mais que um passeio, a experiência em Sabará é um elo entre passado e presente. É reencontrar uma identidade mineira autêntica, tão próxima de Belo Horizonte, mas ao mesmo tempo distante o suficiente para preservar tradições que continuam vivas. Quem se permite esse encontro descobre uma cidade que sempre tem algo novo a revelar.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.
Sabará/MG - Foto: Igor Souza