Descoberta surpreendente em distrito esquecido entre Belo Horizonte e Ouro Preto
Entre BH e Ouro Preto, uma vila colonial revela igrejas, artesanato e tradições vivas. Clique e descubra a riqueza escondida de Amarantina
No trajeto entre Belo Horizonte e Ouro Preto, muitos motoristas passam apressados pela BR-356 sem imaginar que, a poucos metros da rodovia, existe um distrito que parece ter parado no tempo. Amarantina, pertencente ao município de Ouro Preto, guarda em suas ruas tranquilas um acervo cultural e histórico que surpreende quem decide sair do caminho tradicional.
Distrito histórico a apenas 25 km de Ouro Preto
Igreja de São Gonçalo como marco de fé local
Artesanato em pedra-sabão que preserva tradições
Onde fica Amarantina e qual é sua origem?
Amarantina está situada a cerca de 25 km da sede de Ouro Preto e pouco mais de 80 km de Belo Horizonte. Rodeada por colinas suaves e vegetação típica do interior mineiro, a vila surgiu como ponto de passagem no ciclo do ouro. Até hoje, conserva marcas desse período, como construções coloniais e práticas culturais que resistem ao tempo.
O distrito não ganhou a mesma fama de cidades vizinhas, mas justamente por isso preserva uma autenticidade rara. Ruas de terra, casas singelas e o ritmo desacelerado criam uma atmosfera que convida o visitante a viver experiências mais íntimas e verdadeiras.
Igreja Matriz de São Gonçalo: qual sua importância?
Entre as construções que marcam Amarantina, a Igreja Matriz de São Gonçalo é a mais simbólica. Localizada em posição central, o templo funciona como coração espiritual da comunidade. Ali, batizados, missas festivas e procissões continuam reunindo os moradores, mantendo viva uma religiosidade que atravessa gerações.
A estrutura é simples, típica das igrejas do interior mineiro, mas seu valor está justamente no afeto que inspira. A matriz guarda histórias pessoais e coletivas, promessas e devoções que não se perderam mesmo diante das mudanças do tempo.
Por que a matriz é tão especial?
É o marco central da vila
Mantém a tradição das celebrações religiosas
Reforça os laços comunitários
Representa a resistência da fé local
Quais tradições populares ainda sobrevivem?
Apesar de pequena, Amarantina preserva costumes que definem a cultura do interior mineiro. O calendário católico segue vivo, com datas festivas em que a comunidade se reúne em torno da matriz. Casas são enfeitadas, quitandas são preparadas e o cheiro de broas e bolos invade as ruas.
A convivência comunitária é outro traço forte. Varandas se transformam em pontos de encontro e conversas se prolongam nos bancos das praças. Essas expressões simples, mas cheias de significado, reforçam o sentimento de pertencimento e tornam o distrito mais do que um ponto no mapa: um lugar de memórias vivas.
O artesanato em pedra-sabão é uma identidade local?
Sim. Amarantina é conhecida pela produção de peças em pedra-sabão, tradição herdada do ciclo do ouro. Diferente do estilo mais sofisticado visto em Ouro Preto, aqui o trabalho é mais rústico e voltado ao uso cotidiano. Panelas, gamelas e tachos são os itens mais produzidos.
Esse saber-fazer é passado de geração em geração em oficinas familiares. Para o visitante, comprar uma peça significa não apenas levar um objeto utilitário, mas também participar da preservação de uma tradição local. Conversar com os artesãos, conhecer o processo e adquirir diretamente de quem produz faz parte da experiência.
O que você encontra nas oficinas
Panelas e tachos para uso diário
Gamelas esculpidas manualmente
Objetos decorativos em estilo rústico
Artesãos dispostos a contar histórias
Como é o cenário natural do distrito?
A paisagem de Amarantina mistura áreas de mata atlântica e cerrado. Colinas suaves, córregos e trilhas compõem um ambiente que favorece caminhadas leves e contemplação. Quem se aventura pelas estradas de terra encontra nascentes, matas preservadas e mirantes naturais.
Esse cenário convida à reconexão com a terra. Andar a pé ou de bicicleta pelas trilhas permite uma imersão sensorial rara, marcada pelo canto dos pássaros e pelo vento que atravessa os vales. É natureza que não se exibe, mas que se oferece em silêncio.
Um refúgio silencioso entre duas cidades históricas
Amarantina está entre dois polos importantes: Ouro Preto, com seu barroco monumental, e Belo Horizonte, com sua vida urbana acelerada. Entre essas duas realidades, o distrito funciona como um respiro, um espaço de pausa.
Por estar fora do circuito turístico mais badalado, preserva autenticidade. Não há grandes pousadas nem restaurantes sofisticados, mas há simplicidade, encontros casuais nas calçadas e o som do sino que marca o tempo da comunidade.
Motivos para incluir Amarantina no roteiro
Distância curta de BH e Ouro Preto
Atmosfera tranquila e silenciosa
Riqueza cultural em pequena escala
Alternativa fora do óbvio turístico
A gastronomia revela o interior mineiro?
Sim. Em Amarantina, a comida é feita com afeto e tradição. Algumas famílias servem refeições mediante agendamento, oferecendo pratos típicos preparados no fogão a lenha. Frango com quiabo, feijão tropeiro, angu, couve e torresmo compõem os cardápios caseiros.
As quitandas também são destaque. Broas, bolos de fubá e rosquinhas são preparados para festas ou vendidos em mercearias. Os sabores carregam memórias afetivas e reforçam o valor da culinária como herança cultural.
Por que distritos como Amarantina são tão importantes?
Minas é repleta de cidades famosas, mas são os distritos menos conhecidos que guardam as expressões mais puras da cultura mineira. Em lugares como Amarantina, a religiosidade, o artesanato e a convivência comunitária permanecem vivos, sem serem moldados pelo turismo de massa.
Preservar e valorizar distritos assim é fundamental. Eles representam a memória coletiva e oferecem ao visitante experiências autênticas, que vão além das atrações tradicionais.
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Um convite para redescobrir Minas fora do óbvio
Amarantina mostra que Minas ainda guarda segredos longe do olhar apressado. Suas ruas simples, seu casario colonial e sua comunidade acolhedora oferecem uma viagem ao passado e, ao mesmo tempo, uma lição sobre o presente.
Para quem busca autenticidade, o distrito é mais do que um destino: é uma experiência de pertencimento. Entrar em Amarantina é sair do roteiro comum e encontrar, nas pequenas coisas, a grandeza de Minas Gerais.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Amarantina/MG - Foto: Igor Souza