Descubra o espaço que encantou Juscelino Kubitschek em BH

Um dos cantinhos mais encantadores de BH esconde histórias, natureza e cultura no coração da cidade

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
06/08/2025

Um jardim no coração de Belo Horizonte que atravessa gerações

No centro da capital mineira, cercado por avenidas agitadas e edifícios históricos, existe um refúgio verde que surpreende até mesmo os moradores mais antigos. O Parque Municipal de Belo Horizonte, oficialmente chamado de Parque Municipal Américo Renné Giannetti, é um dos locais mais emblemáticos da cidade — e também um dos mais subestimados quando o assunto é turismo.

Inaugurado no mesmo ano da fundação da capital, o parque foi parte do projeto urbanístico idealizado para a nova cidade planejada de Minas Gerais. Com traços inspirados nos jardins franceses e europeus, ele abriga uma riqueza natural e cultural que impressiona não apenas quem o visita pela primeira vez, mas também personalidades históricas como Juscelino Kubitschek, que ali costumava caminhar quando ainda era um jovem político mineiro.

O início de uma capital moderna, com um parque como símbolo

A história do Parque Municipal se mistura com a própria fundação de Belo Horizonte. Em meio ao planejamento da nova capital, foi reservado um grande espaço verde para servir como pulmão da cidade e área de lazer para os moradores. O projeto paisagístico foi elaborado por Paul Villon, engenheiro francês que trouxe referências da Belle Époque para a capital nascente.

Em meio a um traçado moderno e simétrico, com largas avenidas e praças, o parque surge como uma ilha de natureza e contemplação. Sua criação antecede a de muitos outros parques urbanos do país, o que o coloca entre os mais antigos em funcionamento no Brasil. Mesmo com as transformações ao redor, o espaço continua sendo um ponto de equilíbrio entre a cidade e o verde.

Um passeio entre árvores centenárias, lagos e história viva

Ao entrar pelos portões do Parque Municipal, o visitante é acolhido por alamedas largas, árvores imponentes e o som dos pássaros que habitam o local. Palmeiras imperiais se destacam na paisagem, ladeando caminhos de terra batida que levam a lagos com pedalinhos, jardins floridos e pontes românticas.

Entre as mais de 280 espécies vegetais identificadas, muitas são remanescentes da Mata Atlântica, enquanto outras foram introduzidas ao longo dos anos para enriquecer o paisagismo. Animais como garças, maritacas, sabiás, pavões e até pequenos mamíferos fazem parte do cotidiano do parque, oferecendo aos visitantes a chance de se desconectar da vida urbana por alguns instantes.

Um cenário que une lazer, cultura e encontros

Além da natureza, o parque é conhecido por sua vocação cultural e social. O Teatro Francisco Nunes, localizado dentro do espaço, recebe espetáculos teatrais e eventos culturais com frequência. Também há coretos, áreas de exposição e espaços abertos onde músicos, capoeiristas, dançarinos e artistas diversos se apresentam espontaneamente.

Nos fins de semana, o parque ganha ainda mais vida. Famílias estendem toalhas nos gramados para piqueniques, crianças exploram os brinquedos do parquinho, casais caminham de mãos dadas, e grupos se reúnem para ensaios, oficinas e rodas de conversa. É um espaço democrático, acessível e acolhedor.

A relação afetiva de Juscelino com o parque

Durante os anos em que viveu em Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek encontrou no Parque Municipal um local de respiro. Há registros e memórias de que o ex-presidente, ainda em sua juventude, costumava passear pelo parque com amigos e colegas de profissão. Foi também ali que ele se inspirou em parte de sua visão de urbanismo integrado, que mais tarde apareceria em seus planos para Brasília.

A conexão emocional de JK com o parque é lembrada por muitos historiadores como simbólica. O jovem político mineiro, médico de formação, via nesse espaço um reflexo do ideal de uma cidade humana, vibrante e equilibrada.

Um ponto de partida para explorar o centro de BH

O Parque Municipal de Belo Horizonte está situado em uma das áreas mais estratégicas da cidade. Localizado entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia, ele fica a poucos minutos a pé de pontos turísticos como o Mercado Central, a Praça Sete, o Museu Inimá de Paula e o Palácio das Artes.

Essa proximidade permite que os visitantes explorem o centro de BH de forma fluida, começando com o contato com a natureza e seguindo para experiências culturais, gastronômicas e históricas. Quem chega de metrô pode descer na Estação Central, localizada a cerca de 500 metros do parque.

Preservação, desafios e novas possibilidades

Mesmo com sua importância histórica e cultural, o Parque Municipal já enfrentou desafios como abandono, insegurança e falta de manutenção em determinados períodos. No entanto, nas últimas décadas, ações do poder público e da sociedade civil têm buscado revitalizar o espaço e devolver-lhe o protagonismo que merece.

Atualmente, o parque conta com vigilância, banheiros reformados, sinalização e eventos culturais frequentes. A conscientização sobre sua importância tem crescido entre moradores e instituições, o que tem contribuído para preservar esse patrimônio urbano.

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Perguntas frequentes sobre o Parque Municipal

  • Qual é o horário de funcionamento do Parque Municipal? O parque funciona de terça a domingo, das 6h às 18h. Fecha às segundas para manutenção.

  • Precisa pagar para entrar no parque? Não. A entrada é gratuita para todos os públicos.

  • O parque possui atividades culturais? Sim. Além do Teatro Francisco Nunes, há apresentações espontâneas, oficinas e eventos culturais aos fins de semana.

  • Posso levar meu cachorro para passear no parque? Não é permitido o acesso de pets, com exceção de cães-guia acompanhando pessoas com deficiência visual.

  • Há brinquedos para crianças? Sim. O parque oferece carrossel, parquinho de madeira, escorregadores e áreas livres para brincar.

  • O local é seguro para caminhar sozinho? Sim. Atualmente o parque conta com vigilância e monitoramento, sendo seguro durante o horário de funcionamento.

  • Há banheiros, bebedouros e locais para descanso? Sim. Existem banheiros públicos, bebedouros e bancos distribuídos por toda a área do parque.

Um convite ao reencontro com o essencial

O Parque Municipal de Belo Horizonte é mais do que um espaço verde. Ele representa a alma de uma cidade que nasceu sonhando grande, mas que nunca deixou de valorizar os pequenos detalhes. Caminhar por suas alamedas é revisitar o passado, abraçar o presente e acreditar em um futuro mais sensível e consciente.

Se JK, um dos maiores nomes da história do país, encontrou inspiração nesse espaço, talvez nós também possamos nos permitir esse reencontro. Com o tempo, com a natureza e com a nossa própria história. Porque, às vezes, o que mais precisamos está logo ali — atrás de um portão verde, entre árvores centenárias e sons de pássaros. E basta atravessar esse portão para redescobrir o encanto de Belo Horizonte com outros olhos.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Lago do Quiosque com vegetação, no Parque Municipal de Belo Horizonte, ponto turistico em MG
Lago do Quiosque com vegetação, no Parque Municipal de Belo Horizonte, ponto turistico em MG

Parque Municipal de Belo Horizonte/MG - Foto: Igor Souza

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