Descubra o espaço que encantou Juscelino Kubitschek em BH
Um dos cantinhos mais encantadores de BH esconde histórias, natureza e cultura no coração da cidade
Um jardim no coração de Belo Horizonte que atravessa gerações
No centro da capital mineira, cercado por avenidas agitadas e edifícios históricos, existe um refúgio verde que surpreende até mesmo os moradores mais antigos. O Parque Municipal de Belo Horizonte, oficialmente chamado de Parque Municipal Américo Renné Giannetti, é um dos locais mais emblemáticos da cidade — e também um dos mais subestimados quando o assunto é turismo.
Inaugurado no mesmo ano da fundação da capital, o parque foi parte do projeto urbanístico idealizado para a nova cidade planejada de Minas Gerais. Com traços inspirados nos jardins franceses e europeus, ele abriga uma riqueza natural e cultural que impressiona não apenas quem o visita pela primeira vez, mas também personalidades históricas como Juscelino Kubitschek, que ali costumava caminhar quando ainda era um jovem político mineiro.
O início de uma capital moderna, com um parque como símbolo
A história do Parque Municipal se mistura com a própria fundação de Belo Horizonte. Em meio ao planejamento da nova capital, foi reservado um grande espaço verde para servir como pulmão da cidade e área de lazer para os moradores. O projeto paisagístico foi elaborado por Paul Villon, engenheiro francês que trouxe referências da Belle Époque para a capital nascente.
Em meio a um traçado moderno e simétrico, com largas avenidas e praças, o parque surge como uma ilha de natureza e contemplação. Sua criação antecede a de muitos outros parques urbanos do país, o que o coloca entre os mais antigos em funcionamento no Brasil. Mesmo com as transformações ao redor, o espaço continua sendo um ponto de equilíbrio entre a cidade e o verde.
Um passeio entre árvores centenárias, lagos e história viva
Ao entrar pelos portões do Parque Municipal, o visitante é acolhido por alamedas largas, árvores imponentes e o som dos pássaros que habitam o local. Palmeiras imperiais se destacam na paisagem, ladeando caminhos de terra batida que levam a lagos com pedalinhos, jardins floridos e pontes românticas.
Entre as mais de 280 espécies vegetais identificadas, muitas são remanescentes da Mata Atlântica, enquanto outras foram introduzidas ao longo dos anos para enriquecer o paisagismo. Animais como garças, maritacas, sabiás, pavões e até pequenos mamíferos fazem parte do cotidiano do parque, oferecendo aos visitantes a chance de se desconectar da vida urbana por alguns instantes.
Um cenário que une lazer, cultura e encontros
Além da natureza, o parque é conhecido por sua vocação cultural e social. O Teatro Francisco Nunes, localizado dentro do espaço, recebe espetáculos teatrais e eventos culturais com frequência. Também há coretos, áreas de exposição e espaços abertos onde músicos, capoeiristas, dançarinos e artistas diversos se apresentam espontaneamente.
Nos fins de semana, o parque ganha ainda mais vida. Famílias estendem toalhas nos gramados para piqueniques, crianças exploram os brinquedos do parquinho, casais caminham de mãos dadas, e grupos se reúnem para ensaios, oficinas e rodas de conversa. É um espaço democrático, acessível e acolhedor.
A relação afetiva de Juscelino com o parque
Durante os anos em que viveu em Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek encontrou no Parque Municipal um local de respiro. Há registros e memórias de que o ex-presidente, ainda em sua juventude, costumava passear pelo parque com amigos e colegas de profissão. Foi também ali que ele se inspirou em parte de sua visão de urbanismo integrado, que mais tarde apareceria em seus planos para Brasília.
A conexão emocional de JK com o parque é lembrada por muitos historiadores como simbólica. O jovem político mineiro, médico de formação, via nesse espaço um reflexo do ideal de uma cidade humana, vibrante e equilibrada.
Um ponto de partida para explorar o centro de BH
O Parque Municipal de Belo Horizonte está situado em uma das áreas mais estratégicas da cidade. Localizado entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia, ele fica a poucos minutos a pé de pontos turísticos como o Mercado Central, a Praça Sete, o Museu Inimá de Paula e o Palácio das Artes.
Essa proximidade permite que os visitantes explorem o centro de BH de forma fluida, começando com o contato com a natureza e seguindo para experiências culturais, gastronômicas e históricas. Quem chega de metrô pode descer na Estação Central, localizada a cerca de 500 metros do parque.
Preservação, desafios e novas possibilidades
Mesmo com sua importância histórica e cultural, o Parque Municipal já enfrentou desafios como abandono, insegurança e falta de manutenção em determinados períodos. No entanto, nas últimas décadas, ações do poder público e da sociedade civil têm buscado revitalizar o espaço e devolver-lhe o protagonismo que merece.
Atualmente, o parque conta com vigilância, banheiros reformados, sinalização e eventos culturais frequentes. A conscientização sobre sua importância tem crescido entre moradores e instituições, o que tem contribuído para preservar esse patrimônio urbano.
+ Leia também: O que turistas ainda não sabem sobre o maior museu a céu aberto do mundo
Perguntas frequentes sobre o Parque Municipal
Qual é o horário de funcionamento do Parque Municipal? O parque funciona de terça a domingo, das 6h às 18h. Fecha às segundas para manutenção.
Precisa pagar para entrar no parque? Não. A entrada é gratuita para todos os públicos.
O parque possui atividades culturais? Sim. Além do Teatro Francisco Nunes, há apresentações espontâneas, oficinas e eventos culturais aos fins de semana.
Posso levar meu cachorro para passear no parque? Não é permitido o acesso de pets, com exceção de cães-guia acompanhando pessoas com deficiência visual.
Há brinquedos para crianças? Sim. O parque oferece carrossel, parquinho de madeira, escorregadores e áreas livres para brincar.
O local é seguro para caminhar sozinho? Sim. Atualmente o parque conta com vigilância e monitoramento, sendo seguro durante o horário de funcionamento.
Há banheiros, bebedouros e locais para descanso? Sim. Existem banheiros públicos, bebedouros e bancos distribuídos por toda a área do parque.
Um convite ao reencontro com o essencial
O Parque Municipal de Belo Horizonte é mais do que um espaço verde. Ele representa a alma de uma cidade que nasceu sonhando grande, mas que nunca deixou de valorizar os pequenos detalhes. Caminhar por suas alamedas é revisitar o passado, abraçar o presente e acreditar em um futuro mais sensível e consciente.
Se JK, um dos maiores nomes da história do país, encontrou inspiração nesse espaço, talvez nós também possamos nos permitir esse reencontro. Com o tempo, com a natureza e com a nossa própria história. Porque, às vezes, o que mais precisamos está logo ali — atrás de um portão verde, entre árvores centenárias e sons de pássaros. E basta atravessar esse portão para redescobrir o encanto de Belo Horizonte com outros olhos.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Parque Municipal de Belo Horizonte/MG - Foto: Igor Souza