Descubra o ponto histórico mais enigmático de Minas Gerais
Viaje até Catas Altas e explore um aqueduto colonial envolto por paisagens da Serra do Caraça
Entre as montanhas e a vegetação nativa da Serra do Caraça, encontra-se um monumento que atravessou séculos sem perder sua imponência. O Bicame de Pedra, em Catas Altas (MG), é muito mais do que um feito arquitetônico do período colonial. Ele carrega memórias da mineração, da fé e da engenhosidade que marcaram o interior de Minas Gerais no fim do século XVIII.
Monumento histórico que fica em uma área de preservação ambiental.
Construção colonial erguida sem uso de cimento ou argamassa.
Um passeio que combina história, contato com a natureza e momentos de contemplação.
Diferente de outros atrativos, ali não há placas grandes nem cercas isolando o local. O visitante é recebido pelo som da água correndo, pelo vento entre as árvores e pela visão de arcos de pedra que parecem brotar do solo. O encontro da construção com a paisagem natural é um dos motivos que tornam o Bicame um lugar único".
O que é o Bicame de Pedra e qual foi sua função original?
O Bicame de Pedra é um aqueduto colonial construído no final do século XVIII com o objetivo de transportar água até a antiga Casa de Fundição de Catas Altas. Na época do ciclo do ouro, conduzir água era essencial para processar o minério e manter em funcionamento as atividades da fundição.
Sua estrutura é formada por sete arcos de pedra cuidadosamente encaixadas, sem o uso de cimento ou argamassa — técnica comum nas construções da época. Além de funcional, o aqueduto impressiona pelo equilíbrio estético e pela harmonia com o entorno da Serra do Caraça.
Onde está localizado e como chegar até o monumento?
O Bicame de Pedra fica na zona rural de Catas Altas, município da região central de Minas Gerais, a cerca de 120 km de Belo Horizonte. O acesso parte do centro da cidade, seguindo em direção à Serra do Caraça por aproximadamente 8 km de estrada de terra.
É possível chegar de carro, bicicleta ou mesmo a pé, dependendo das condições do clima e do preparo físico do visitante. Nos meses de chuva, o trajeto exige atenção redobrada por conta do barro e da vegetação que avança sobre o caminho.
A trilha até o Bicame também faz parte da experiência?
Sim. Mais do que uma simples ligação entre a cidade e o aqueduto, a trilha é um capítulo à parte da visita. O caminho passa por subidas suaves, trechos sombreados e aberturas de onde se avistam formações rochosas da Serra do Caraça.
Ao longo do percurso, é possível apreciar:
Sons de nascentes e córregos que cruzam a trilha.
Avistamento de aves como o sabiá-laranjeira e o tiê-sangue.
Trechos de mata atlântica e cerrado em regeneração.
A caminhada, de nível leve a moderado, é ideal para quem quer aproveitar com calma e se sentir mais próximo da história e da natureza.
Qual a relação de Catas Altas com o Bicame de Pedra?
Catas Altas é uma cidade histórica que cresceu com a mineração de ouro no período colonial. Sua arquitetura preservada, igrejas e ruas de pedra revelam um passado intenso, ligado também à fé e ao comércio da época.
O Bicame de Pedra é um dos símbolos dessa herança. Ele representava não apenas uma solução prática para conduzir água, mas também o domínio de técnicas construtivas e o esforço coletivo que caracterizavam os empreendimentos coloniais. Até hoje, moradores mais antigos contam histórias e curiosidades relacionadas à obra e ao período em que ela era parte ativa do cotidiano.
Por que o Bicame está inserido em um contexto de preservação ambiental?
A área onde se encontra o aqueduto integra a zona de amortecimento da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caraça. Isso significa que, além do valor histórico, a região é relevante para a conservação da biodiversidade.
A vegetação local é marcada pela transição entre cerrado e mata atlântica, abrigando uma fauna diversa. Ao visitar o Bicame, o turista faz um trajeto ecológico, no qual o cuidado com o ambiente é essencial: não há lixeiras, banheiros ou estruturas de apoio, reforçando o conceito de turismo de baixo impacto.
Como o Bicame de Pedra dialoga com a paisagem?
O aqueduto se integra à natureza de forma tão orgânica que parece ter sido moldado pelo próprio relevo. Seus arcos acompanham a topografia e se erguem sobre um pequeno vale, permitindo a passagem da água por cima e criando uma cena que mistura força e delicadeza.
A harmonia entre a construção e o ambiente torna o Bicame muito fotogênico, mas ele é mais do que uma boa foto. Estar ali, ouvindo apenas a água e o vento, é viver uma experiência de contemplação rara.
É preciso guia para conhecer o Bicame de Pedra?
Embora o acesso possa ser feito de forma independente, a contratação de um guia local é recomendada. Além de garantir segurança no trajeto, o guia compartilha informações históricas e curiosidades sobre Catas Altas e o próprio aqueduto.
Essa interação enriquece a experiência, transformando a visita em uma verdadeira aula a céu aberto, que conecta o visitante ao patrimônio de forma mais profunda.
Quais cuidados tomar durante a visita?
Por se tratar de um atrativo sem infraestrutura turística formal, é importante se preparar:
Usar calçado adequado para trilha.
Levar água e lanche leve.
Recolher todo o lixo produzido.
Respeitar a estrutura e evitar subir nos arcos.
Esses cuidados ajudam a preservar o monumento e o ambiente, garantindo que outras gerações também possam apreciá-lo.
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Por que o Bicame de Pedra permanece tão marcante?
O valor do Bicame de Pedra não está apenas em sua técnica construtiva ou no contexto histórico, mas na atmosfera que o cerca. Ele é ao mesmo tempo ponto de chegada e parte de um caminho que convida à desaceleração.
Em tempos em que o turismo muitas vezes busca apenas fotos rápidas, o Bicame oferece a oportunidade de estar presente, de sentir o peso e a leveza da história. É um lugar que fala baixo, mas que se mantém vivo na memória de quem o visita.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Catas Altas/MG - Foto: Igor Souza