Descubra o ponto histórico mais enigmático de Minas Gerais

Viaje até Catas Altas e explore um aqueduto colonial envolto por paisagens da Serra do Caraça

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
19/08/2025

Entre as montanhas e a vegetação nativa da Serra do Caraça, encontra-se um monumento que atravessou séculos sem perder sua imponência. O Bicame de Pedra, em Catas Altas (MG), é muito mais do que um feito arquitetônico do período colonial. Ele carrega memórias da mineração, da fé e da engenhosidade que marcaram o interior de Minas Gerais no fim do século XVIII.

  • Monumento histórico que fica em uma área de preservação ambiental.

  • Construção colonial erguida sem uso de cimento ou argamassa.

  • Um passeio que combina história, contato com a natureza e momentos de contemplação.

Diferente de outros atrativos, ali não há placas grandes nem cercas isolando o local. O visitante é recebido pelo som da água correndo, pelo vento entre as árvores e pela visão de arcos de pedra que parecem brotar do solo. O encontro da construção com a paisagem natural é um dos motivos que tornam o Bicame um lugar único".

O que é o Bicame de Pedra e qual foi sua função original?

O Bicame de Pedra é um aqueduto colonial construído no final do século XVIII com o objetivo de transportar água até a antiga Casa de Fundição de Catas Altas. Na época do ciclo do ouro, conduzir água era essencial para processar o minério e manter em funcionamento as atividades da fundição.

Sua estrutura é formada por sete arcos de pedra cuidadosamente encaixadas, sem o uso de cimento ou argamassa — técnica comum nas construções da época. Além de funcional, o aqueduto impressiona pelo equilíbrio estético e pela harmonia com o entorno da Serra do Caraça.

Onde está localizado e como chegar até o monumento?

O Bicame de Pedra fica na zona rural de Catas Altas, município da região central de Minas Gerais, a cerca de 120 km de Belo Horizonte. O acesso parte do centro da cidade, seguindo em direção à Serra do Caraça por aproximadamente 8 km de estrada de terra.

É possível chegar de carro, bicicleta ou mesmo a pé, dependendo das condições do clima e do preparo físico do visitante. Nos meses de chuva, o trajeto exige atenção redobrada por conta do barro e da vegetação que avança sobre o caminho.

A trilha até o Bicame também faz parte da experiência?

Sim. Mais do que uma simples ligação entre a cidade e o aqueduto, a trilha é um capítulo à parte da visita. O caminho passa por subidas suaves, trechos sombreados e aberturas de onde se avistam formações rochosas da Serra do Caraça.

Ao longo do percurso, é possível apreciar:

  • Sons de nascentes e córregos que cruzam a trilha.

  • Avistamento de aves como o sabiá-laranjeira e o tiê-sangue.

  • Trechos de mata atlântica e cerrado em regeneração.

A caminhada, de nível leve a moderado, é ideal para quem quer aproveitar com calma e se sentir mais próximo da história e da natureza.

Qual a relação de Catas Altas com o Bicame de Pedra?

Catas Altas é uma cidade histórica que cresceu com a mineração de ouro no período colonial. Sua arquitetura preservada, igrejas e ruas de pedra revelam um passado intenso, ligado também à fé e ao comércio da época.

O Bicame de Pedra é um dos símbolos dessa herança. Ele representava não apenas uma solução prática para conduzir água, mas também o domínio de técnicas construtivas e o esforço coletivo que caracterizavam os empreendimentos coloniais. Até hoje, moradores mais antigos contam histórias e curiosidades relacionadas à obra e ao período em que ela era parte ativa do cotidiano.

Por que o Bicame está inserido em um contexto de preservação ambiental?

A área onde se encontra o aqueduto integra a zona de amortecimento da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Caraça. Isso significa que, além do valor histórico, a região é relevante para a conservação da biodiversidade.

A vegetação local é marcada pela transição entre cerrado e mata atlântica, abrigando uma fauna diversa. Ao visitar o Bicame, o turista faz um trajeto ecológico, no qual o cuidado com o ambiente é essencial: não há lixeiras, banheiros ou estruturas de apoio, reforçando o conceito de turismo de baixo impacto.

Como o Bicame de Pedra dialoga com a paisagem?

O aqueduto se integra à natureza de forma tão orgânica que parece ter sido moldado pelo próprio relevo. Seus arcos acompanham a topografia e se erguem sobre um pequeno vale, permitindo a passagem da água por cima e criando uma cena que mistura força e delicadeza.

A harmonia entre a construção e o ambiente torna o Bicame muito fotogênico, mas ele é mais do que uma boa foto. Estar ali, ouvindo apenas a água e o vento, é viver uma experiência de contemplação rara.

É preciso guia para conhecer o Bicame de Pedra?

Embora o acesso possa ser feito de forma independente, a contratação de um guia local é recomendada. Além de garantir segurança no trajeto, o guia compartilha informações históricas e curiosidades sobre Catas Altas e o próprio aqueduto.

Essa interação enriquece a experiência, transformando a visita em uma verdadeira aula a céu aberto, que conecta o visitante ao patrimônio de forma mais profunda.

Quais cuidados tomar durante a visita?

Por se tratar de um atrativo sem infraestrutura turística formal, é importante se preparar:

  • Usar calçado adequado para trilha.

  • Levar água e lanche leve.

  • Recolher todo o lixo produzido.

  • Respeitar a estrutura e evitar subir nos arcos.

Esses cuidados ajudam a preservar o monumento e o ambiente, garantindo que outras gerações também possam apreciá-lo.

+ Leia também: O que faz de Bichinho um dos lugares mais charmosos do Brasil?

Por que o Bicame de Pedra permanece tão marcante?

O valor do Bicame de Pedra não está apenas em sua técnica construtiva ou no contexto histórico, mas na atmosfera que o cerca. Ele é ao mesmo tempo ponto de chegada e parte de um caminho que convida à desaceleração.

Em tempos em que o turismo muitas vezes busca apenas fotos rápidas, o Bicame oferece a oportunidade de estar presente, de sentir o peso e a leveza da história. É um lugar que fala baixo, mas que se mantém vivo na memória de quem o visita.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Bicame de Pedra, ponto turistico na cidade de Catas Altas, Minas Gerais
Bicame de Pedra, ponto turistico na cidade de Catas Altas, Minas Gerais

Catas Altas/MG - Foto: Igor Souza

Posts que você pode gostar