Destinos fora do óbvio para conhecer em Minas Gerais

Explore vilarejos surpreendentes de Minas Gerais e descubra lugares pouco conhecidos que revelam um outro lado da cultura, história e natureza mineira

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
07/08/2025

Um mergulho na essência mineira, longe dos roteiros tradicionais

Minas Gerais é uma terra de contrastes, onde o barroco encontra cachoeiras intocadas e vilarejos respiram tradição. Embora cidades como Tiradentes, Ouro Preto e Capitólio estejam no topo da lista dos viajantes, há um outro lado do estado que permanece quase secreto — e é exatamente nele que mora a verdadeira surpresa.

Quem se aventura por caminhos menos explorados encontra pequenas localidades que preservam sua identidade, cultura e paisagens com uma naturalidade comovente. São destinos onde o tempo caminha devagar, a comida é feita no fogão a lenha, e as histórias são contadas na varanda.

Rio Acima: natureza bruta e história esquecida

Localizada a apenas 40 km de Belo Horizonte, Rio Acima passa despercebida pela maioria dos turistas, mas é um destino com enorme potencial para quem busca ecoturismo e história. Parte da sua área integra o Parque Nacional da Serra do Gandarela, um dos últimos redutos de mata atlântica e nascentes intocadas na região Central de Minas.

Além das belezas naturais, Rio Acima guarda vestígios do ciclo do ouro, com ruínas de antigas construções e um trecho histórico da Estrada Real que ainda pode ser percorrido a pé. Cachoeiras como a de Santo Antônio e a do Índio encantam com suas águas geladas e cenários quase intocados. O clima de interior, mesmo tão próximo da capital, completa o charme do lugar.

São Gonçalo do Rio das Pedras: poesia em pedra e silêncio

Escondido entre montanhas da Serra do Espinhaço, no município de Serro, esse distrito é pequeno no tamanho, mas gigante em encanto. São Gonçalo do Rio das Pedras ainda guarda ruas de pedra, capelas brancas e um silêncio raro.

A vila é cortada por riachos de águas cristalinas e está rodeada de cachoeiras de fácil acesso, como a do Comércio e a do Tempo Perdido. A simplicidade da vida local, os cafés artesanais e a vista para o vale ao entardecer tornam o lugar uma escolha certeira para quem quer se desligar do ritmo urbano e mergulhar em paz.

Garapuava: o reduto da fé e da terra firme

Distrito do município de Santo Antônio do Grama, na Zona da Mata mineira, Garapuava é daqueles lugares que poucos já ouviram falar, mas que marcam quem os visita. A região é cercada por montanhas suaves e fazendas centenárias, onde a produção de queijos, doces e café ainda segue os métodos tradicionais.

A capela de Santo Antônio, os encontros religiosos e as festas do padroeiro ainda são o centro da vida comunitária. É um lugar onde o turista não é apenas um visitante, mas se torna parte da roda de conversa, do cafezinho compartilhado e do ritmo da roça.

Coqueiro: natureza viva no coração do Médio Jequitinhonha

No município de Chapada do Norte, o povoado de Coqueiro é um retrato autêntico do interior mineiro. Pouco divulgado, o vilarejo é cercado por morros de quartzito, vegetação típica do cerrado e trilhas que levam a poços e cachoeiras quase desconhecidos.

Além da natureza, o povoado é conhecido por sua produção artesanal de farinha, pelas pequenas bandas de música local e pelo acolhimento dos moradores. É um lugar para quem quer ouvir histórias de antigamente, caminhar descalço e redescobrir a beleza das coisas simples.

São José do Norte: onde o céu parece mais perto

São José do Norte é um pequeno povoado pertencente ao município de Berilo, no Vale do Jequitinhonha. Localizado no alto de um platô, com vista ampla para as montanhas da região, o local tem um dos céus noturnos mais estrelados de Minas Gerais.

As casas em estilo colonial, a igrejinha ao centro da praça e o costume dos moradores de se sentarem à porta ao cair da tarde criam um cenário poético. O acesso pode ser difícil, mas compensa pelo isolamento, pela beleza e pela experiência de estar em um lugar onde o tempo parece suspenso.

Barro Branco: guardião das águas do Espinhaço

No município de Couto de Magalhães de Minas, Barro Branco é uma comunidade rural cravada na Serra do Espinhaço, em meio a campos rupestres e nascentes que alimentam importantes bacias hidrográficas. A natureza exuberante é o maior atrativo, com trilhas pouco exploradas, fauna diversa e cachoeiras sem placas nem multidões.

É o tipo de destino para quem ama observação de aves, fotografia de paisagens e banhos de rio em total privacidade. Os moradores, em sua maioria pequenos produtores, mantêm tradições culinárias e religiosas que resistem ao tempo.

Povoado do Córrego do Sal: travessia de memórias em Francisco Badaró

Pertencente ao município de Francisco Badaró, no Vale do Jequitinhonha, o povoado de Córrego do Sal é um daqueles lugares onde cada pedra tem uma história. Com origens ligadas ao garimpo e à vida rural, a vila hoje sobrevive graças à agricultura familiar e ao artesanato.

O nome vem dos antigos pontos de comércio de sal da região, um insumo precioso no passado. Além da curiosidade histórica, o local surpreende pela paisagem do cerrado e pela forte espiritualidade local, expressa nas novenas, nos terços comunitários e na fé cotidiana.

+ Leia também: O que turistas ainda não sabem sobre o maior museu a céu aberto do mundo

Perguntas frequentes sobre os destinos
  • Como chegar a Rio Acima saindo de BH? Rio Acima está a 40 km da capital e o acesso se dá pela MG-030. A estrada é asfaltada e bem sinalizada.

  • Esses vilarejos têm opções de hospedagem? Alguns, como São Gonçalo do Rio das Pedras e Rio Acima, têm pousadas simples. Outros oferecem hospedagem domiciliar ou acampamento.

  • É possível visitar esses lugares sem guia? Sim, embora em locais mais isolados como Barro Branco ou Coqueiro, a presença de um guia local pode enriquecer a experiência.

  • Esses destinos são seguros para turismo solo? São considerados tranquilos, com baixa movimentação. Porém, é importante informar alguém sobre a rota e respeitar os limites do seu preparo físico.

  • Existe estrutura para alimentação nesses vilarejos? Em geral, há restaurantes familiares, mercearias e padarias locais. Em comunidades muito pequenas, o ideal é levar alguns mantimentos.

  • Posso visitar as cachoeiras de forma gratuita? A maioria tem acesso gratuito, mas algumas podem estar em propriedades particulares com taxa simbólica.

  • Qual o melhor período para conhecer esses destinos? Entre abril e setembro, o clima é mais seco e as trilhas estão mais acessíveis. Evite o período chuvoso em regiões de serra.

Um novo olhar sobre Minas Gerais, longe do óbvio

Descobrir Minas Gerais por rotas menos conhecidas é uma escolha para quem valoriza autenticidade, cultura viva e encontros reais. Nesses vilarejos e povoados escondidos, não há filas, nem pressa — há troca, silêncio, natureza e histórias contadas com o coração.

Ao visitar destinos como Rio Acima, Coqueiro, Garapuava ou Barro Branco, o viajante se depara com um estado que pulsa fora dos holofotes, mas com a mesma intensidade. Um Minas mais íntimo, que não se vende em pacotes prontos, mas se oferece em gestos, cheiros, sabores e memórias que ficam. É esse o destino que te espera — o Minas fora do óbvio.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Letreiro eu amo Rio Acima na estação ferroviária de Rio Acima, cidade turistica em Minas Gerais
Letreiro eu amo Rio Acima na estação ferroviária de Rio Acima, cidade turistica em Minas Gerais

Rio Acima/MG - Foto: Igor Souza

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