Distrito de Extração e Itacambira entram no radar de viajantes curiosos

Vá além de Diamantina! Extração e Itacambira revelam a história secreta dos diamantes em Minas Gerais

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
27/10/2025

Para o viajante que acredita que a história de Minas Gerais ainda guarda segredos, há uma rota que começa a se desenhar para além dos cartões-postais de Diamantina. Nos arredores do Alto Jequitinhonha, o Distrito de Extração e a cidade de Itacambira estão entrando no radar de um perfil específico de explorador: aquele que busca as origens, as narrativas não contadas e as paisagens que ainda respiram autenticidade. Longe das multidões, esses dois lugares oferecem uma imersão profunda no Brasil colonial, revelando as raízes do Ciclo dos Diamantes.

  • A descoberta das origens da exploração de diamantes, antes mesmo da fama de Diamantina.

  • Uma imersão em paisagens que mesclam ruínas imponentes com a natureza do Alto Jequitinhonha.

  • A experiência de percorrer caminhos históricos, como o Caminho dos Escravos, e sentir o peso do passado.

O que atrai o viajante curioso a Extração e Itacambira?

O que move o viajante até os destinos turísticos Distrito de Extração e Itacambira não é a busca por uma infraestrutura moderna, mas sim o desejo de conexão com a história em seu estado mais puro. Esse perfil de turista não se contenta em apenas ver o palco principal — ele quer conhecer os bastidores, entender como tudo começou. E é exatamente isso que essa rota oferece: uma viagem aos capítulos iniciais da saga dos diamantes.

Enquanto Diamantina exibe o auge e a riqueza do ciclo, Extração e Itacambira revelam o princípio, o esforço e as bases sobre as quais essa fortuna foi construída. A experiência é menos contemplativa e mais arqueológica — um convite para decifrar as pistas deixadas nas ruínas, nas estradas de pedra e na memória dos moradores. É um turismo que exige curiosidade e recompensa com conhecimento e uma perspectiva única.

Extração: o berço esquecido dos diamantes

Muitos se surpreendem ao saber que a história da exploração de diamantes na região não começou em Diamantina, mas sim a poucos quilômetros dali, no antigo Arraial do Curralinho, hoje Distrito de Extração. Foi neste pequeno vale que as primeiras pedras foram descobertas e onde a Coroa Portuguesa instalou sua primeira e imponente Casa de Intendência e Fundição, centralizando o controle da extração.

Atualmente, as grandiosas ruínas de pedra da Intendência dominam a paisagem do distrito — um testemunho silencioso do poder e da importância que o local já teve. Caminhar entre suas paredes é uma experiência impactante, que contrasta a opulência do passado com a serenidade do presente. O distrito, com sua charmosa Igreja de Nossa Senhora do Rosário e o ritmo de vila antiga, é uma parada obrigatória para quem visita Diamantina e deseja compreender as origens da exploração de diamantes.

Marcos históricos de Extração
  • Ruínas da Real Extração: Visite os imponentes vestígios da primeira Casa de Fundição e Intendência de diamantes, o coração administrativo do ciclo.

  • Igreja de Nossa Senhora do Rosário: A matriz do século XVIII guarda, em sua simplicidade, a fé e a devoção que moldaram o antigo e poderoso arraial.

  • Garimpos antigos: Explore as margens dos rios onde ainda é possível ver as marcas deixadas pelos séculos de garimpo manual.

Fusca com a Igreja Matriz de Extração ao fundo em Extração, também conhecido como Curralinho MG
Fusca com a Igreja Matriz de Extração ao fundo em Extração, também conhecido como Curralinho MG

Extração/MG - Foto: Igor Souza

Um fusca de cor verde com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário ao fundo em Extração MG
Um fusca de cor verde com a Igreja de Nossa Senhora do Rosário ao fundo em Extração MG
Um boi, árvore nativa e Igreja ao fundo, em Extração, distrito de Diamantina MG
Um boi, árvore nativa e Igreja ao fundo, em Extração, distrito de Diamantina MG

Extração/MG - Fotos: Igor Souza

Por que Itacambira é um mergulho em um Brasil mais profundo?

Se Extração é o berço do Ciclo dos Diamantes, Itacambira é um mergulho em uma história ainda mais antiga. Considerada uma das povoações mais velhas de Minas Gerais, com origens que remontam a assentamentos indígenas, a cidade oferece uma camada diferente de profundidade histórica. Seu nome, que em tupi significa “pedra pontuda”, já revela sua conexão com a paisagem rochosa e imponente da região.

O grande símbolo de Itacambira é o monumental Caminho dos Escravos — um trecho de cerca de 10 quilômetros de uma estrada meticulosamente calçada com pedras por mão de obra escravizada, rasgando a serra para conectar o arraial a outras vilas. Caminhar por essa via é uma experiência poderosa e reflexiva. A cidade também encanta com sua singular Igreja Matriz de São João Batista, de formato octogonal, um exemplar arquitetônico raro e de grande beleza.

Tesouros de Itacambira
  • Caminho dos Escravos

  • Matriz de São João Batista (Igreja Octogonal)

  • Cachoeira do Salitre

  • Pinturas rupestres no Córrego das Aranhas

  • Centro histórico preservado

  • Rio Jequitinhonha

Como planejar uma imersão nesses destinos?

A melhor forma de explorar os destinos turísticos Distrito de Extração e Itacambira é utilizando Diamantina como base estratégica. De lá, o acesso a Extração é rápido e fácil, por estrada asfaltada, podendo ser feito em menos de uma hora. Já a viagem para Itacambira é uma aventura em si, exigindo um deslocamento maior por uma estrada que combina trechos asfaltados e de terra — ideal para quem busca um dia inteiro de imersão histórica e natural.

Para quem parte de regiões como Betim ou Belo Horizonte, a viagem deve ser planejada para um feriado prolongado ou férias, devido à distância de mais de 300 quilômetros até Diamantina. Não é necessário um veículo 4x4 para chegar a Itacambira em períodos de tempo seco, mas um carro mais alto proporciona mais conforto. Para explorar trilhas e locais mais remotos, recomenda-se fortemente a contratação de um guia local.

Dicas para o explorador
  • Use Diamantina como base: A cidade oferece a melhor infraestrutura de hotéis e restaurantes para explorar os distritos e municípios do entorno.

  • Reserve um dia inteiro para Itacambira: O trajeto, a caminhada pelo Caminho dos Escravos e a visita às cachoeiras exigem tempo e energia.

  • Converse com a comunidade: A história mais viva desses locais é a história oral, contada com orgulho pelos moradores mais antigos.

A história que reside no silêncio

Viajar para Extração e Itacambira é, em última análise, uma lição sobre como a história é contada. Mostra que os lugares mais famosos e celebrados são, muitas vezes, apenas o capítulo final de uma narrativa muito mais longa e complexa. A verdadeira descoberta para o viajante curioso não está em confirmar o que os livros já dizem, mas em encontrar as histórias que ficaram à margem.

A poeira que sobe das estradas de terra em Itacambira e o silêncio que habita as ruínas de Extração não são sinais de esquecimento, mas sim provas de que a história mais autêntica de Minas Gerais vive justamente naquilo que ainda espera para ser redescoberto.
E você, qual capítulo da história mineira ainda falta explorar?

+ Leia também: Por que cada vez mais famílias estão escolhendo este cantinho de Minas para descansar?

Onde o passado ainda respira

A poeira que sobe das estradas de terra em Itacambira e o silêncio que habita as ruínas de Extração não são sinais de esquecimento, mas sim provas de que a história mais autêntica de Minas Gerais vive justamente naquilo que ainda espera para ser redescoberto.
E você, qual capítulo da história mineira ainda falta explorar?

Às vezes, é longe do mapa e perto do silêncio que a gente encontra o verdadeiro sentido de viajar — não apenas para ver o passado, mas para senti-lo pulsar entre pedras, trilhas e memórias que o tempo insiste em preservar.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

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