Distrito de Extração e Itacambira entram no radar de viajantes curiosos
Vá além de Diamantina! Extração e Itacambira revelam a história secreta dos diamantes em Minas Gerais
Para o viajante que acredita que a história de Minas Gerais ainda guarda segredos, há uma rota que começa a se desenhar para além dos cartões-postais de Diamantina. Nos arredores do Alto Jequitinhonha, o Distrito de Extração e a cidade de Itacambira estão entrando no radar de um perfil específico de explorador: aquele que busca as origens, as narrativas não contadas e as paisagens que ainda respiram autenticidade. Longe das multidões, esses dois lugares oferecem uma imersão profunda no Brasil colonial, revelando as raízes do Ciclo dos Diamantes.
A descoberta das origens da exploração de diamantes, antes mesmo da fama de Diamantina.
Uma imersão em paisagens que mesclam ruínas imponentes com a natureza do Alto Jequitinhonha.
A experiência de percorrer caminhos históricos, como o Caminho dos Escravos, e sentir o peso do passado.
O que atrai o viajante curioso a Extração e Itacambira?
O que move o viajante até os destinos turísticos Distrito de Extração e Itacambira não é a busca por uma infraestrutura moderna, mas sim o desejo de conexão com a história em seu estado mais puro. Esse perfil de turista não se contenta em apenas ver o palco principal — ele quer conhecer os bastidores, entender como tudo começou. E é exatamente isso que essa rota oferece: uma viagem aos capítulos iniciais da saga dos diamantes.
Enquanto Diamantina exibe o auge e a riqueza do ciclo, Extração e Itacambira revelam o princípio, o esforço e as bases sobre as quais essa fortuna foi construída. A experiência é menos contemplativa e mais arqueológica — um convite para decifrar as pistas deixadas nas ruínas, nas estradas de pedra e na memória dos moradores. É um turismo que exige curiosidade e recompensa com conhecimento e uma perspectiva única.
Extração: o berço esquecido dos diamantes
Muitos se surpreendem ao saber que a história da exploração de diamantes na região não começou em Diamantina, mas sim a poucos quilômetros dali, no antigo Arraial do Curralinho, hoje Distrito de Extração. Foi neste pequeno vale que as primeiras pedras foram descobertas e onde a Coroa Portuguesa instalou sua primeira e imponente Casa de Intendência e Fundição, centralizando o controle da extração.
Atualmente, as grandiosas ruínas de pedra da Intendência dominam a paisagem do distrito — um testemunho silencioso do poder e da importância que o local já teve. Caminhar entre suas paredes é uma experiência impactante, que contrasta a opulência do passado com a serenidade do presente. O distrito, com sua charmosa Igreja de Nossa Senhora do Rosário e o ritmo de vila antiga, é uma parada obrigatória para quem visita Diamantina e deseja compreender as origens da exploração de diamantes.
Marcos históricos de Extração
Ruínas da Real Extração: Visite os imponentes vestígios da primeira Casa de Fundição e Intendência de diamantes, o coração administrativo do ciclo.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário: A matriz do século XVIII guarda, em sua simplicidade, a fé e a devoção que moldaram o antigo e poderoso arraial.
Garimpos antigos: Explore as margens dos rios onde ainda é possível ver as marcas deixadas pelos séculos de garimpo manual.


Extração/MG - Foto: Igor Souza




Extração/MG - Fotos: Igor Souza
Por que Itacambira é um mergulho em um Brasil mais profundo?
Se Extração é o berço do Ciclo dos Diamantes, Itacambira é um mergulho em uma história ainda mais antiga. Considerada uma das povoações mais velhas de Minas Gerais, com origens que remontam a assentamentos indígenas, a cidade oferece uma camada diferente de profundidade histórica. Seu nome, que em tupi significa “pedra pontuda”, já revela sua conexão com a paisagem rochosa e imponente da região.
O grande símbolo de Itacambira é o monumental Caminho dos Escravos — um trecho de cerca de 10 quilômetros de uma estrada meticulosamente calçada com pedras por mão de obra escravizada, rasgando a serra para conectar o arraial a outras vilas. Caminhar por essa via é uma experiência poderosa e reflexiva. A cidade também encanta com sua singular Igreja Matriz de São João Batista, de formato octogonal, um exemplar arquitetônico raro e de grande beleza.
Tesouros de Itacambira
Caminho dos Escravos
Matriz de São João Batista (Igreja Octogonal)
Cachoeira do Salitre
Pinturas rupestres no Córrego das Aranhas
Centro histórico preservado
Rio Jequitinhonha
Como planejar uma imersão nesses destinos?
A melhor forma de explorar os destinos turísticos Distrito de Extração e Itacambira é utilizando Diamantina como base estratégica. De lá, o acesso a Extração é rápido e fácil, por estrada asfaltada, podendo ser feito em menos de uma hora. Já a viagem para Itacambira é uma aventura em si, exigindo um deslocamento maior por uma estrada que combina trechos asfaltados e de terra — ideal para quem busca um dia inteiro de imersão histórica e natural.
Para quem parte de regiões como Betim ou Belo Horizonte, a viagem deve ser planejada para um feriado prolongado ou férias, devido à distância de mais de 300 quilômetros até Diamantina. Não é necessário um veículo 4x4 para chegar a Itacambira em períodos de tempo seco, mas um carro mais alto proporciona mais conforto. Para explorar trilhas e locais mais remotos, recomenda-se fortemente a contratação de um guia local.
Dicas para o explorador
Use Diamantina como base: A cidade oferece a melhor infraestrutura de hotéis e restaurantes para explorar os distritos e municípios do entorno.
Reserve um dia inteiro para Itacambira: O trajeto, a caminhada pelo Caminho dos Escravos e a visita às cachoeiras exigem tempo e energia.
Converse com a comunidade: A história mais viva desses locais é a história oral, contada com orgulho pelos moradores mais antigos.
A história que reside no silêncio
Viajar para Extração e Itacambira é, em última análise, uma lição sobre como a história é contada. Mostra que os lugares mais famosos e celebrados são, muitas vezes, apenas o capítulo final de uma narrativa muito mais longa e complexa. A verdadeira descoberta para o viajante curioso não está em confirmar o que os livros já dizem, mas em encontrar as histórias que ficaram à margem.
A poeira que sobe das estradas de terra em Itacambira e o silêncio que habita as ruínas de Extração não são sinais de esquecimento, mas sim provas de que a história mais autêntica de Minas Gerais vive justamente naquilo que ainda espera para ser redescoberto.
E você, qual capítulo da história mineira ainda falta explorar?
+ Leia também: Por que cada vez mais famílias estão escolhendo este cantinho de Minas para descansar?
Onde o passado ainda respira
A poeira que sobe das estradas de terra em Itacambira e o silêncio que habita as ruínas de Extração não são sinais de esquecimento, mas sim provas de que a história mais autêntica de Minas Gerais vive justamente naquilo que ainda espera para ser redescoberto.
E você, qual capítulo da história mineira ainda falta explorar?
Às vezes, é longe do mapa e perto do silêncio que a gente encontra o verdadeiro sentido de viajar — não apenas para ver o passado, mas para senti-lo pulsar entre pedras, trilhas e memórias que o tempo insiste em preservar.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


