Distrito mineiro ganha fama nacional por unir história e sossego real
Viaje por paisagens tranquilas e tradições vivas no distrito Chapada, em Ouro Preto. Um refúgio mineiro que mistura natureza, fé e silêncio verdadeiro.
Chapada é um dos distritos mais autênticos e preservados de Ouro Preto, em Minas Gerais. Localizada a cerca de 23 km do centro urbano da cidade, a pequena comunidade vem chamando a atenção de viajantes que buscam tranquilidade, contato com a natureza e a oportunidade de vivenciar um estilo de vida rural ainda muito presente no interior mineiro.
Longe da agitação dos grandes centros e também do turismo massivo, Chapada se tornou refúgio para quem deseja viver experiências sem pressa. Suas estradas de terra, o casario simples e a vida comunitária revelam um cotidiano que parece ter resistido ao tempo.
Natureza preservada com vegetação típica da Serra do Espinhaço.
Capela de Santana como marco da fé e da história local.
Experiência de turismo afetivo, com foco na simplicidade e na hospitalidade.
O que torna a paisagem de Chapada tão especial?
Chapada é cercada por campos abertos e colinas suaves que criam uma atmosfera de serenidade. Em dias claros, o céu azul contrasta com o verde das pastagens, oferecendo um cenário perfeito para caminhadas, contemplação e fotografia de natureza. O vilarejo faz parte do ambiente da Serra do Espinhaço, com vegetação de cerrado de altitude, árvores retorcidas e um ar fresco que caracteriza a região.
Ao entardecer, a luz dourada cobre o vilarejo de tons quentes, transformando o horizonte em um espetáculo poético. Não há necessidade de pontos turísticos estruturados: a beleza está justamente na simplicidade, nos detalhes e no silêncio que permite apreciar a natureza sem distrações.
Capela de Santana: fé e identidade em um só lugar
No coração do distrito, em meio a um jardim gramado e cercada por casas históricas, encontra-se a Capela de Santana. A pequena igreja é ponto de encontro da comunidade em celebrações religiosas e festas tradicionais.
As comemorações em homenagem à padroeira reúnem moradores em cantos, rezas e partilhas que reforçam a importância da fé na vida local. Mais do que um espaço religioso, a capela simboliza a união da comunidade e a continuidade de tradições que resistem ao tempo.
Por que Chapada é um destino de turismo diferente?
Diferente dos destinos convencionais, Chapada não oferece museus ou grandes atrativos turísticos. Seu maior charme está na simplicidade do dia a dia e na forma como os visitantes são recebidos. É um turismo que privilegia o tempo, a contemplação e a vivência genuína.
As atividades se resumem a trilhas leves, caminhadas por estradinhas de terra e conversas com moradores. Bancos improvisados sob a sombra de árvores servem como pontos de descanso e reflexão. Para quem visita, cada detalhe do cotidiano se transforma em experiência — seja o cheiro da lenha queimando no fogão ou a prosa acolhedora de quem conta histórias da comunidade.
Trilhas leves em meio à vegetação nativa.
Caminhadas por estradinhas de terra batida.
Vivências com moradores, que compartilham histórias e tradições.
Como chegar até Chapada?
O acesso a Chapada pode ser feito a partir do centro histórico de Ouro Preto por uma estrada de terra de aproximadamente 23 km. Durante o período seco, o trajeto pode ser feito por veículos comuns, desde que com atenção redobrada em alguns trechos. Já na época de chuvas, a estrada pode se tornar escorregadia, sendo recomendável o uso de veículos com tração reforçada.
Para quem parte de Belo Horizonte, a viagem dura cerca de 2h30, o que permite um bate-volta ou mesmo a inclusão de Chapada em um roteiro mais amplo pela região. Muitos visitantes combinam a experiência com distritos vizinhos, como Lavras Novas e Santo Antônio do Salto, ampliando o contato com a vida rural mineira.
Tradições que resistem ao tempo
A rotina em Chapada preserva práticas que remetem ao interior de décadas passadas. O fogão a lenha continua sendo o centro das casas, onde refeições são preparadas lentamente, com sabores que guardam memória. Os quintais seguem produtivos, com hortas e pequenas lavouras que abastecem a mesa dos moradores.
Em algumas épocas do ano, a comunidade se reúne em festas religiosas ou pequenas celebrações populares. São eventos simples, sem divulgação turística, mas que revelam a autenticidade da vida local. Para quem tem a oportunidade de presenciar, trata-se de um mergulho profundo nas raízes culturais de Minas.
Onde se hospedar e o que esperar da experiência?
Chapada não possui pousadas convencionais nem restaurantes estruturados, mas alguns moradores oferecem hospedagem e refeições caseiras mediante reserva. Essa característica transforma a estadia em uma verdadeira imersão cultural, permitindo que o visitante viva o cotidiano da comunidade.
Quem prefere mais comodidade pode se hospedar em Lavras Novas, distrito vizinho, e visitar Chapada durante o dia. De qualquer forma, a hospitalidade mineira é uma marca presente: anfitriões recebem com sorriso aberto, mesa farta e a disposição de compartilhar histórias que atravessam gerações.
Hospedagem simples em casas de moradores.
Refeições caseiras preparadas em fogão a lenha.
Alternativa de estadia em Lavras Novas para mais conforto.
Como Chapada vem se destacando pelo equilíbrio entre turismo e preservação?
O aumento do interesse por destinos tranquilos tem colocado Chapada no mapa de viajantes que buscam experiências autênticas. Apesar disso, a comunidade mantém o equilíbrio entre turismo e preservação. Há um cuidado natural com o lixo, com a vegetação e com o modo de vida local. Visitantes também são incentivados a seguir essas práticas, reforçando a consciência coletiva.
Essa postura faz com que Chapada cresça sem perder a essência. A simplicidade, a calma e o respeito à natureza permanecem como marcas do distrito, atraindo quem valoriza a autenticidade e a preservação acima de tudo.
+ Leia também: Essa vila entre Ouro Branco e Congonhas vai te surpreender
Chapada é mesmo um segredo bem guardado de Ouro Preto?
Em um estado repleto de destinos conhecidos, Chapada se destaca justamente por ser diferente. O distrito não busca impressionar com números ou estruturas, mas com aquilo que é: um pedaço vivo da cultura mineira, com paisagens que acalmam e uma comunidade que acolhe.
Quem visita leva consigo mais do que fotos. Leva a lembrança de um lugar onde o tempo tem outro ritmo, onde cada detalhe convida à contemplação e onde a hospitalidade se transforma em experiência. Em tempos em que tantos lugares se adaptam ao turismo de massa, Chapada mostra que é possível permanecer fiel à própria identidade — e é por isso que ela conquista cada vez mais viajantes.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.
Chapada/MG - Foto: Igor Souza