Essa vila de Minas guarda ruínas, rios e memórias que o tempo não apagou

Explore um destino cercado por história, cachoeiras e tranquilidade. Acuruí surpreende quem busca beleza, memória e conexão com Minas

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
29/09/2025

Entre serras, córregos e memórias preservadas, Acuruí, distrito de Itabirito, em Minas Gerais, desponta como um dos refúgios mais autênticos do interior mineiro. Localizada a apenas 70 km de Belo Horizonte, essa pequena vila guarda um passado marcado pela fé, pelo ouro e pela convivência íntima com a natureza.

  • Distrito histórico a 70 km de Belo Horizonte

  • Ruínas coloniais e capela centenária como símbolos locais

  • Rios e cachoeiras que revelam a força da natureza

O que as ruínas contam sobre a origem de Acuruí?

Embora modesto em tamanho, o distrito tem grande importância histórica. As ruínas de antigas construções coloniais, hoje cobertas por musgos e trepadeiras, revelam que ali existiu uma comunidade ativa durante os ciclos da mineração e da agricultura.

Entre paredes de pedra e vestígios de engenhos, o visitante encontra um cenário que convida à reflexão. Mais que atrativos visuais, esses fragmentos representam a resistência de uma comunidade que preservou sua identidade mesmo após períodos de esquecimento. Muitas dessas ruínas estão em propriedades privadas ou áreas de mata, acessíveis apenas com ajuda de moradores locais.

O que observar nas ruínas
  • Paredes de pedra preservadas parcialmente

  • Estruturas de antigos engenhos

  • Resquícios de moradias coloniais

  • Paisagem tomada por vegetação nativa

Como a fé molda o cotidiano da comunidade?

No ponto mais alto do distrito, a Capela de Nossa Senhora do Rosário se destaca na paisagem. De linhas simples, é referência tanto espiritual quanto cultural. Ali acontecem celebrações e, todos os anos, a festa da padroeira mobiliza famílias em procissões, missas e barraquinhas de quitandas típicas.

Esses momentos mantêm vivo o elo entre fé e convívio comunitário. O patrimônio não se limita à arquitetura: ele se materializa no encontro entre vizinhos, na música das celebrações e na partilha que reforça a identidade local.

Rios e cachoeiras fazem parte do cenário?

Sim. A natureza é tão presente em Acuruí quanto sua história. O distrito está próximo ao Rio das Velhas, que alimenta córregos, matas e nascentes. Essa ligação dá origem a pequenas quedas d’água e ambientes de rara tranquilidade.

A mais conhecida é a Cachoeira do Oroló, de fácil acesso e muito procurada em dias de calor. Suas águas claras e correnteza suave oferecem um banho revigorante e momentos de descanso sob a sombra das árvores. Outras cachoeiras menores e trilhas mais rústicas podem ser exploradas com apoio de guias locais.

A simplicidade que transforma a hospedagem em experiência

Acuruí não possui uma grande estrutura turística, e isso faz parte de seu charme. Quem decide ficar mais de um dia encontra pousadas familiares, casas de temporada e a hospitalidade dos moradores. O visitante é recebido com simplicidade, mas com um acolhimento que transforma a estadia em experiência.

A culinária é outro atrativo. No fogão a lenha, nascem pratos como angu com quiabo, frango com ora-pro-nóbis, torresmo crocante e doces caseiros preparados em tachos de cobre. Há ainda cafés e pequenos bistrôs que, nos fins de semana, oferecem cardápios que combinam tradição e criatividade.

Sabores típicos de Acuruí
  • Frango com ora-pro-nóbis e angu

  • Torresmo crocante feito no fogão a lenha

  • Quitandas variadas: broas e bolos

  • Doces de tacho: leite, abóbora e goiaba

Como chegar, quando visitar e o que levar?

De Belo Horizonte até Acuruí, a viagem dura em média 1h30. O trajeto segue pela BR-040 até Itabirito e depois por estradas secundárias que cortam trechos de serra e mata. Parte do caminho é de terra, mas em boas condições na maior parte do ano.

A melhor época para visitar é entre maio e setembro, quando as chuvas são escassas. Essa estação favorece trilhas e passeios por cachoeiras. Durante a festa da padroeira, o distrito ganha vida extra, oferecendo ao visitante uma imersão cultural rara.

Para a visita, recomenda-se levar calçados para caminhada, roupa de banho, protetor solar, repelente e dinheiro em espécie, já que o sinal de celular pode falhar e nem todos os estabelecimentos aceitam cartão.

Turismo em Acuruí é para quem busca o quê?

Mais do que atrações famosas, Acuruí oferece vivências. Quem chega encontra ruas de pedra, casas antigas e moradores que gostam de conversar. O turismo se desenvolve de forma natural e respeitosa, valorizando o tempo, a terra e as pessoas.

O crescimento vem acontecendo de maneira sustentável. Não há pressa em se transformar em um destino de massa. A prioridade é preservar a identidade e acolher visitantes que entendam a importância da simplicidade.

Experiências que marcam o visitante
  • Caminhar por ruas coloniais preservadas

  • Conversar com moradores e ouvir histórias

  • Descansar em cachoeiras de águas claras

  • Participar de festas religiosas locais

Por que Acuruí é um tesouro discreto de Minas?

Acuruí permaneceu durante anos quase invisível nos mapas turísticos. Hoje, começa a ser redescoberta não por alarde, mas pela força daquilo que manteve intacto: sua fé, suas memórias e suas paisagens.

O distrito mostra que é possível valorizar o simples e abrir espaço para o novo sem perder a essência. Quem visita encontra ruínas que contam histórias, rios que renovam a alma e um cotidiano onde o passado segue presente. É um destino que desperta sentimentos mais profundos do que qualquer foto consegue registrar.

+ Leia também: O distrito de Minas Gerais que virou refúgio de quem busca paz e autenticidade

Um lugar onde o tempo se transforma em memória

Mais que um ponto no mapa, Acuruí é um pedaço de Minas que ensina a desacelerar. Cada ruína, cada pedra, cada celebração religiosa é parte de uma memória coletiva que resiste ao tempo. A vila não busca impressionar: ela encanta justamente por ser autêntica.

Para quem procura um destino de paz, cultura viva e contato íntimo com a natureza, Acuruí é escolha certeira. Visitar o distrito é carregar consigo histórias que não se perdem — e a certeza de que a simplicidade ainda pode ser um dos maiores luxos da vida.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Igreja no centro historico e turistico de Acurui, distrito de Itabirito em Minas Gerais
Igreja no centro historico e turistico de Acurui, distrito de Itabirito em Minas Gerais

Acuruí/MG - Foto: Igor Souza

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