Esse cantinho de Ouro Preto está chamando atenção dos viajantes curiosos
Descubra um distrito histórico de Ouro Preto onde a fé, a simplicidade e as montanhas revelam experiências únicas
Um destino tranquilo que carrega séculos de história
Quem percorre os caminhos antigos da Estrada Real rumo a Ouro Preto, em Minas Gerais, pode se surpreender com um lugar que, embora discreto, guarda um valor imenso: Cachoeira do Campo, distrito que fica a cerca de 18 km do centro do município. Rodeado por montanhas e cortado por córregos e campos verdes, o distrito preserva não apenas as marcas do passado colonial, mas também uma forma de viver mais lenta e conectada com a terra.
Ao chegar, o visitante é acolhido por ruas de calçamento antigo, casas simples e um ar de interior que parece escapar à pressa dos tempos modernos. Cachoeira do Campo é um daqueles lugares onde a história se manifesta nos detalhes e onde cada esquina conta algo sobre o ciclo do ouro e a fé do povo mineiro.
Igrejas históricas e a força da religiosidade local
Um dos marcos de Cachoeira do Campo é a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Nazaré, com fachada que remonta ao estilo barroco mineiro. Sua construção em um dos pontos mais altos do distrito permite uma vista ampla da paisagem ao redor, enquanto o interior revela elementos tradicionais, como altares entalhados e pinturas religiosas. A igreja segue como ponto central da vida comunitária e continua sendo palco de celebrações católicas importantes, como a festa da padroeira e os rituais da Semana Santa.
Outro templo de destaque é a Igreja de São Gonçalo do Amarante, que, além de sua importância religiosa, representa também o vínculo das famílias locais com tradições centenárias. Nessas igrejas, o tempo parece desacelerar, e a espiritualidade ainda tem um lugar cotidiano, vivido com simplicidade e devoção genuína.
O valor das paisagens naturais e do silêncio rural
Embora o distrito seja conhecido por seu passado histórico, a natureza ao redor de Cachoeira do Campo também chama atenção de viajantes que buscam tranquilidade. Os campos abertos, as pequenas trilhas entre os morros e o som constante dos córregos formam uma paisagem típica do interior mineiro. É possível encontrar locais ideais para caminhadas leves, observação de aves e contemplação, especialmente no início da manhã e no fim da tarde.
Cachoeira do Campo não é um destino voltado ao turismo de massa, o que o torna ainda mais especial para quem aprecia o turismo de essência. O visitante encontra ali um espaço onde é possível caminhar devagar, ouvir histórias dos moradores e respirar o ar fresco das montanhas que integram o entorno da Serra do Espinhaço.
Caminhos do ouro e fragmentos do passado
Durante o período colonial, o distrito teve papel importante no contexto do ciclo do ouro. Localizado em um ponto estratégico da antiga rota de escoamento das riquezas mineiras, Cachoeira do Campo foi escolhido por autoridades como residência provisória. Ainda hoje, é possível encontrar casarões antigos e estruturas que revelam a importância política e econômica da localidade em tempos remotos.
Os vestígios do passado não estão apenas nas construções, mas também nos relatos preservados pela população mais antiga. São histórias que atravessam gerações e se mantêm vivas na memória coletiva, tornando o passeio por esse distrito uma verdadeira viagem por camadas do tempo que se entrelaçam entre as pedras e o silêncio das igrejas.
Cultura viva e tradições que resistem ao tempo
Além da fé e da história, Cachoeira do Campo se mantém vivo através das tradições culturais. Festividades religiosas ainda marcam o calendário local, com destaque para celebrações da padroeira, que incluem missas solenes, procissões e encontros comunitários. A religiosidade está presente também nos rituais simples do cotidiano, como rezas ao entardecer e cantos tradicionais que ecoam em determinadas épocas do ano.
A culinária caseira é outro traço forte da cultura local. Receitas transmitidas de geração em geração, como quitandas, doces caseiros e pratos preparados com ingredientes da roça, são oferecidos com hospitalidade por moradores e pequenos comércios. Essa vivência gastronômica, embora simples, revela o sabor genuíno da vida mineira, sem pretensões, mas cheia de afeto.
Como chegar e o que levar em consideração
Cachoeira do Campo está às margens da BR-356, com acesso fácil para quem vem de Belo Horizonte, a aproximadamente 90 km de distância. O trajeto é feito por estrada asfaltada e bem sinalizada, sendo possível chegar de carro em pouco mais de uma hora. Também é comum incluir o distrito em roteiros que percorrem Mariana, Itabirito e Lavras Novas.
A infraestrutura turística é modesta, mas suficiente para uma visita agradável. Há opções básicas de alimentação e serviços essenciais. O ideal é planejar a visita com foco em passeios de contemplação, visita às igrejas, caminhadas curtas e experiências gastronômicas locais. Quem aprecia fotografia terá muitas oportunidades para registrar cenas autênticas da vida no interior mineiro.
Por que Cachoeira do Campo tem despertado a curiosidade dos viajantes?
Num momento em que o turismo valoriza cada vez mais experiências autênticas, o distrito se destaca por sua verdade. Não há ali grandes monumentos ou atrações chamativas, mas há o encanto silencioso das coisas feitas com calma. A curiosidade dos viajantes nasce justamente do que o lugar preserva: o equilíbrio entre fé, história e natureza.
O viajante que chega a Cachoeira do Campo encontra um povo acolhedor, um passado ainda visível nas construções e um cotidiano pautado pela simplicidade. É uma oportunidade de viver Minas Gerais em seu estado mais genuíno, onde o tempo não se mede em relógios, mas nos sinos que tocam e nas conversas à beira da calçada.
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Um novo olhar sobre o interior mineiro
Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, em Minas Gerais, não é apenas um destino — é um convite. Um convite a descobrir outra forma de viajar: com mais escuta, mais cuidado, mais presença. Em vez de correr para ver tudo, é preciso parar e sentir o que ali se oferece em silêncio. Para os viajantes curiosos, que buscam mais do que um ponto no mapa, esse cantinho tem muito a dizer.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Cachoeira do Campo/MG - Foto: Igor Souza