Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto: história e turismo
Descubra Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, e seu rico patrimônio histórico. Visite igrejas, ruínas da siderurgia e viva a cultura local
PONTOS TURÍSTICOS
Escrito por:
Igor Souza


Miguel Burnier é um distrito de Ouro Preto que guarda um valioso tesouro histórico e cultural. Localizado a cerca de 40 km da sede do município, o lugar se destaca por seu passado ligado à mineração, à ferrovia e à siderurgia — e hoje busca revitalização para atrair visitantes, preservar a memória local e impulsionar o turismo sustentável.


Uma joia entre caminhos históricos
Miguel Burnier surgiu entre o Caminho Velho e o Caminho Novo, rotas históricas que ligavam o interior mineiro ao litoral no período colonial. No século XVIII, a região era conhecida como Chiqueiro do Namon ou Xiqueiro do Alemão. O nome “Xiqueiro” aparece inclusive no famoso mapa de Cláudio Manoel da Costa, reforçando a relevância da localidade na época da mineração aurífera.
Com o tempo, o local ganhou importância estratégica, principalmente após a chegada da Estrada de Ferro Dom Pedro II. Em 1884, foi inaugurada a Estação Ferroviária de Miguel Burnier, marco decisivo para o desenvolvimento do distrito, que então começou a se chamar São Julião, em referência à capela local.
Do apogeu industrial ao desafio da revitalização
A chegada da ferrovia e a instalação da Usina Wigg, no início do século XX, transformaram o distrito em um polo siderúrgico promissor. A fundição produzia ferramentas de ferro — como enxadas e foices — em uma época em que o Brasil ainda engatinhava nesse setor. A produção era escoada pela ferrovia, tornando Miguel Burnier um dos principais pontos de baldeação do estado de Minas Gerais.
O distrito chegou a ter quatro estações ferroviárias: Miguel Burnier, Crockat de Sá, Engenheiro Corrêa e Hargreaves. O movimento intenso atraiu moradores, empreendimentos e levou a população local a ultrapassar os 4 mil habitantes. No entanto, com o declínio da ferrovia e o fechamento da Usina Barra Mansa, a região entrou em decadência, vendo sua população cair para menos de 300 pessoas.
Patrimônio histórico e manifestações culturais
Apesar das dificuldades, Miguel Burnier conserva um rico patrimônio material e imaterial. Entre os principais pontos turísticos e históricos estão:
Igreja do Sagrado Coração de Jesus, inaugurada em 1934, substituindo a antiga capela de São Julião;
Estação Ferroviária de Miguel Burnier, reformada em 2012, mas atualmente fechada;
Ruínas da Usina Wigg, maior sítio arqueológico de siderurgia do mundo;
Complexo Ferroviário de Miguel Burnier, que inclui o Grande Hotel, o antigo dormitório dos ferroviários e outras estruturas tombadas.
Além disso, a comunidade mantém vivas tradições culturais como o Congado de Nossa Senhora do Rosário, a Folia de Reis, e corais religiosos que fazem parte da identidade local. O Projeto Estação Cultura organiza, anualmente, o Festival Cultural de Miguel Burnier, com oficinas, palestras e apresentações artísticas voltadas à valorização do patrimônio e da cidadania.
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O futuro de Miguel Burnier: turismo e preservação
O cenário atual é de resistência e esperança. Com apoio de empresas como a Gerdau e iniciativas públicas, discute-se a revitalização do distrito de Miguel Burnier como forma de atrair turistas e gerar desenvolvimento econômico.
Investimentos em infraestrutura, como o restauro do Complexo Ferroviário e o incentivo a roteiros turísticos ligados à Estrada Real, podem resgatar a importância histórica do distrito. Seu potencial é enorme para o turismo cultural, ferroviário, de memória e até mesmo para o ecoturismo, dada a beleza natural da região.
Por que visitar Miguel Burnier?
Local histórico ligado à Inconfidência Mineira, ao ciclo do ouro e à industrialização;
Patrimônio ferroviário único em Minas Gerais;
Cultura viva preservada por seus moradores;
Possibilidade de integrar roteiros turísticos de Ouro Preto, Congonhas, Ouro Branco e Itabirito.
Dúvidas frequentes
Onde fica Miguel Burnier? É um distrito de Ouro Preto (MG), a cerca de 40 km da sede do município.
O que fazer em Miguel Burnier? Visitar a estação ferroviária, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, as ruínas da Usina Wigg e conhecer o Festival Cultural.
Qual a melhor época para visitar? Entre abril e setembro, durante o período seco e quando ocorrem eventos culturais no distrito.
Como chegar a Miguel Burnier? O acesso é feito pela BR-356, com entrada sinalizada entre Ouro Preto e Itabirito.
Miguel Burnier faz parte da Estrada Real? Sim, integra o roteiro turístico da Estrada Real, devido à sua importância histórica.
Miguel Burnier, distrito de Ouro Preto, é mais do que um lugar marcado pelo tempo — é um território repleto de história, memória e cultura viva. Sua trajetória, que conecta o ciclo do ouro à era da ferrovia e da siderurgia, torna o local único em Minas Gerais. A revitalização do distrito não é apenas necessária: é uma oportunidade de preservar o patrimônio, valorizar a comunidade local e impulsionar o turismo consciente e sustentável. Visitar Miguel Burnier é mergulhar em um capítulo fascinante da história brasileira — e contribuir para que esse legado continue vivo.