Minas Gerais revela passeio de trem que parece cena de filme

Pequena no tamanho, gigante em história e charme: descubra Queluzito, uma joia tranquila e autêntica no interior de Minas Gerais

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
13/10/2025

Em Minas Gerais, há uma experiência que faz o tempo desacelerar. Entre o vapor, o apito e o balanço dos vagões de madeira, a Maria Fumaça entre Tiradentes e São João del Rei conecta o passado e o presente em uma viagem curta, mas inesquecível. É uma jornada que mistura história, emoção e paisagens que parecem saídas de um filme antigo.

Quem embarca nesse trajeto descobre não apenas o charme do transporte ferroviário, mas também o valor da memória preservada. O percurso é curto, mas cheio de significado: cada curva, cada ponte e cada apito contam um pedaço da história de Minas.

  • Trajeto histórico de 12 km, ligando duas das cidades mais encantadoras do estado.

  • Locomotiva a vapor centenária, símbolo da Estrada de Ferro Oeste de Minas.

  • Paisagens rurais, rio, serra e patrimônio ferroviário em um só passeio.

Qual é a história por trás da Maria Fumaça entre Tiradentes e São João del Rei?

O passeio nasceu de um legado da Estrada de Ferro Oeste de Minas, inaugurada no final do século XIX com o objetivo de integrar o interior ao restante do estado. Na época, os trilhos simbolizavam progresso, transporte e comunicação — elementos essenciais para o crescimento das cidades mineiras.

Com o passar dos anos e a modernização dos transportes, grande parte da ferrovia foi desativada. Mas o trecho entre Tiradentes e São João del Rei sobreviveu como um verdadeiro museu a céu aberto. Hoje, o trem segue movido a vapor, preservando a estética e o ritmo dos tempos antigos.

Por que esse trecho continua ativo há mais de um século?

A resposta está na soma de tradição, cultura e afeto. A bitola estreita — apelidada de “bitolinha” — facilitou a manutenção do trecho, preservando a estrutura original. Além disso, o interesse turístico e o valor histórico do percurso motivaram esforços contínuos de preservação.

As estações de Tiradentes e São João del Rei foram restauradas e seguem com funcionamento ativo. Oficinas, rotundas e locomotivas originais continuam em exibição, atraindo visitantes que desejam reviver o charme do passado sobre trilhos.

Como é a experiência de embarcar na Maria Fumaça

Tudo começa nas estações históricas, onde o visitante é recebido pelo som do apito e o cheiro característico da lenha queimando. Ao embarcar, o ritmo muda: o trem avança devagar, o vento entra pelas janelas de madeira e a Serra de São José surge no horizonte.

Durante cerca de 40 a 50 minutos, o trajeto de 12 quilômetros revela paisagens que resumem a essência mineira: fazendas, vales, pontes e o Rio das Mortes acompanhando o percurso. A viagem é curta, mas oferece uma imersão completa no tempo e na história.

Maria Fumaça soltando fumaça em Tiradentes, passeio turistico em Minas Gerais
Maria Fumaça soltando fumaça em Tiradentes, passeio turistico em Minas Gerais

Tiradentes/MG - Foto: Igor Souza

Maria Fumaça no Museu ferroviario de São João del Rei
Maria Fumaça no Museu ferroviario de São João del Rei
Maria fumaça em Tiradentes Minas Gerais, passeio turistico
Maria fumaça em Tiradentes Minas Gerais, passeio turistico

Maria Fumaça em MG - Fotos: Igor Souza

Os momentos que mais encantam durante o percurso

O destaque é a rotunda de Tiradentes, onde a locomotiva é girada manualmente para preparar a viagem de retorno. É um espetáculo técnico e histórico que encanta adultos e crianças. O som do vapor, o esforço da equipe e o movimento do maquinário são um verdadeiro show à parte.

Outro momento marcante ocorre nas curvas abertas, quando o apito ecoa pelas colinas. O contraste entre o preto da fumaça e o verde da paisagem cria cenas dignas de fotografia. É o tipo de beleza simples que desperta nostalgia e admiração.

Dica de viajante:
  • Sentar-se do lado direito de quem sai de Tiradentes garante as melhores vistas do Rio das Mortes e da serra.

Quando o trem funciona e quanto custa o passeio?

O trem opera geralmente às sextas, sábados, domingos e feriados, com horários que variam conforme a temporada. Em épocas de alta demanda, como feriados prolongados, são adicionadas viagens extras. A melhor forma de garantir o embarque é comprar o bilhete com antecedência.

Os valores aproximados são de R$ 86 por trecho (inteira) e R$ 43 (meia), mas confira os valores, eles podem atualizar após essa matéria. Crianças de até 5 anos, no colo, não pagam. É possível adquirir os bilhetes nas estações ou pela internet, e também comprar ingresso à parte para visitar a rotunda e o museu ferroviário.

O que visitar antes ou depois da viagem de trem?

O passeio pode ser combinado com visitas aos atrativos das duas cidades. Em São João del Rei, o Museu Ferroviário guarda locomotivas e documentos da antiga ferrovia, além de maquetes e painéis explicativos sobre o funcionamento da Maria Fumaça.

Já em Tiradentes, o visitante encontra ruas de pedra, ateliês, cafés e igrejas barrocas. Muitos turistas optam por fazer o trajeto apenas de ida, explorar o destino e retornar por transporte alternativo, criando um roteiro mais completo e flexível.

Sugestões de complementos de passeio:
  • Almoçar em um restaurante de comida mineira próximo à estação.

  • Visitar o Museu Padre Toledo e a Igreja Matriz de Santo Antônio, em Tiradentes.

  • Caminhar pela Rua Direita de São João del Rei e conhecer a Igreja de São Francisco de Assis.

Vale a pena fazer o percurso de ida e volta?

Depende do ritmo da viagem. Quem quer vivenciar a experiência completa, com o trem girando na rotunda e retornando pelo mesmo caminho, pode optar pelo bilhete de ida e volta. É uma oportunidade de observar o cenário sob uma nova luz, especialmente no fim da tarde.

Mas quem prefere aproveitar mais tempo nas cidades pode fazer apenas um trecho. Muitos visitantes escolhem ir de trem e voltar de carro ou van, aproveitando para explorar com calma as atrações locais, cafés e lojinhas de artesanato.

Quais cuidados práticos e curiosidades tornam o passeio mais agradável

Chegar com antecedência é essencial, pois o embarque costuma encerrar 30 minutos antes da partida. Levar documento com foto garante o direito à meia-entrada. Nos dias quentes, recomenda-se levar água e protetor solar, já que os vagões não têm ar-condicionado.

Outro detalhe curioso é que as locomotivas ainda utilizam lenha e água para gerar vapor, o que explica o ritmo lento e as paradas técnicas durante o trajeto. Essa característica é justamente o que torna a viagem mais autêntica e inesquecível.

A paisagem realmente parece saída de um filme?

Sim. A luz dourada refletindo nos trilhos, o vapor subindo lentamente e as colinas ao fundo criam uma atmosfera que lembra as produções antigas de cinema. A Maria Fumaça avança em meio ao verde das fazendas e ao brilho do Rio das Mortes, compondo um cenário único.

O som do apito e o balanço suave completam a experiência sensorial. É como se, por alguns minutos, o visitante deixasse o presente para viver uma cena do passado — uma lembrança que fica guardada na memória de quem embarca.

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Um apito que ecoa pela história

Viajar na Maria Fumaça entre Tiradentes e São João del Rei é mais do que um simples passeio turístico: é uma imersão na história e na identidade mineira. Cada estalo dos trilhos e cada sopro de fumaça revelam a força da memória preservada.

Ao fim da viagem, o visitante entende que o trem não transporta apenas pessoas — ele carrega o tempo, a cultura e o encanto de um Minas que ainda resiste. É o tipo de experiência que prova que a história pode, sim, continuar viva e em movimento.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

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