O charme desconhecido entre Diamantina e Serro que vai te conquistar
Embarque numa viagem por Datas-MG: história, natureza, clima elevado e tradições que formam esta cidade turística de Minas Gerais
No coração do Alto Jequitinhonha, a cidade de Datas, cidade turística de Minas Gerais, se ergue a 1.197 metros de altitude, equilibrando história, religiosidade e natureza. Pequena e acolhedora, com pouco mais de 5.400 habitantes, preserva tradições seculares e abre espaço para novas experiências no turismo e na agricultura. Entre casarões, capelas e trilhas, o visitante encontra um retrato autêntico de Minas Gerais.
Localização estratégica entre Diamantina e Serro, com acesso ao circuito da Estrada Real.
Patrimônio colonial vivo: matriz, capelas e praças cercadas por casario histórico.
Natureza generosa: cachoeira, pinturas rupestres e rotas de caminhada no Espinhaço.
Onde fica Datas e como chegar?
Datas está a aproximadamente 272 km de Belo Horizonte, no Vale do Jequitinhonha, e tem vizinhança direta com Diamantina, Serro, Presidente Kubitschek, Gouveia e Conceição do Mato Dentro. A posição no alto da Serra do Espinhaço garante vistas largas e um cenário de montanhas que ajuda a definir o ritmo tranquilo da cidade.
Para quem viaja pela região, Datas funciona como elo entre centros históricos e vilarejos rurais. A proximidade com Diamantina facilita roteiros combinados e amplia as possibilidades de hospedagem e serviços, sem que o visitante perca o clima de cidade pequena.
História e origens do município
O nome do município reflete sua origem: “datas” eram as concessões de terra dadas pela Coroa Portuguesa para exploração de ouro e diamante. A prática atraiu garimpeiros, artesãos e comerciantes que formaram os primeiros núcleos, conectados às lavras do antigo Arraial do Tijuco, atual Diamantina.
A partir do início do século XIX, o povoado ganhou densidade e estrutura. Depois de décadas como distrito, a emancipação ocorreu em 1962, com instalação municipal em 1963. A fé no Divino Espírito Santo, presente desde cedo, moldou o calendário festivo e fortaleceu a identidade local.
Clima e altitude explicam o ritmo da cidade?
Com clima tropical de altitude (Cwb), Datas vive verões ensolarados e moderados, e invernos secos e frios. Mesmo no verão as noites costumam ser frescas, o que favorece atividades ao ar livre e dá aos moradores e visitantes uma rotina mais confortável em comparação a regiões de baixada.
As temperaturas médias de inverno giram entre 12 °C e 16 °C, com registros ainda menores nos dias mais rigorosos. No verão, as máximas típicas variam de 23 °C a 27 °C. Essa combinação, somada à altitude próxima de 1.200 metros, ajuda a explicar a qualidade de cultivos como o morango.
Quais são os destaques do patrimônio religioso e da arquitetura?
A Matriz do Divino Espírito Santo, datada do século XIX, concentra a vida religiosa e social. Com fachada de inspiração neoclássica e interior ornamentado, é citada localmente com atribuição ao francês Félix Guizar, referência que reforça o valor estético do conjunto e o cuidado da comunidade com sua preservação.
Complementam o cenário a Capela de Nossa Senhora da Conceição, carinhosamente chamada de Capelinha e tombada pelo município. Praças como a do Divino, a Tiradentes e a 1º de Março, além de casarões bem conservados, formam um quadro urbano de forte caráter histórico.
Conjunto arquitetônico de referência:
Matriz do Divino Espírito Santo (século XIX).
Capela de Nossa Senhora da Conceição (Capelinha).
Quais experiências culturais valem a viagem?
A Festa do Divino Espírito Santo é considerada a manifestação cultural mais marcante do calendário datense. As celebrações reúnem procissões, cantos, folguedos e encontros na Praça do Divino, fortalecendo laços comunitários e preservando memórias coletivas.
O artesanato em madeira traduz a religiosidade em formas. O Divino esculpido é lembrança procurada por visitantes e símbolo de continuidade de técnicas tradicionais, muitas vezes passadas de geração em geração nas famílias da cidade.
Expressões culturais em evidência:
Festa do Divino Espírito Santo (patrimônio imaterial municipal).
Artesanato em madeira com temática religiosa.
Música e folguedos transmitidos pela comunidade.
Belezas naturais e rotas de aventura
No distrito de Palmital, a Lapa Pintada guarda pinturas rupestres em paredões rochosos, próximas a poços de água cristalina. O visitante consegue, no mesmo passeio, observar registros pré-históricos e se refrescar em um cenário de campos e serras.
A Cachoeira de Cubas é uma das mais conhecidas da região, com águas frias e cristalinas que atraem banhistas em dias quentes. Trilhas pela Serra do Índio e pelos cursos do Córrego do Ouro revelam outras quedas d’água menores, mirantes e paisagens típicas do Espinhaço.
Roteiros de natureza:
Lapa Pintada (Palmital) com pinturas rupestres.
Cachoeira de Cubas.
Trilhas na Serra do Índio e no Córrego do Ouro.
Economia local vai além do turismo?
Sim. Após a fase mineradora, Datas consolidou uma base econômica sustentada pela agricultura familiar, pelo artesanato e pelo setor de serviços. O morango tornou-se a cultura de maior visibilidade, beneficiada por noites frias e dias amenos, mas outras lavouras completam a paisagem rural.
Comércio, hospedagem e alimentação evoluíram junto ao interesse crescente pelo destino. Ao visitante, isso significa infraestrutura suficiente para uma estada confortável, preservando a característica de acolhimento que marca o cotidiano local.
Quando ir e o que esperar de cada estação
O período seco, entre maio e setembro, costuma agradar a quem prefere frio suave e céu limpo, favorecendo caminhadas e visitas ao patrimônio. Já na temporada chuvosa, as paisagens ficam mais verdes e os cursos d’água ganham volume, exigindo atenção extra nas trilhas.
Em qualquer época, leve agasalho para as noites e programe os passeios combinando atividades culturais e naturais. A agenda de eventos religiosos pode orientar o roteiro: em tempos de festa, a cidade se enche de música, encontros e expressões da fé.
Como organizar a visita sem perder o essencial?
Reserve hospedagem com antecedência, especialmente em datas festivas, e priorize deslocamentos diurnos para apreciar a paisagem. Uma boa estratégia é dividir o roteiro entre o centro histórico — matriz, capelas, praças e casarões — e a zona rural, com cachoeiras, trilhas e experiências agrícolas.
Para uma imersão completa, inclua a Fazenda Tropinha no planejamento e programe paradas em ateliês ou pontos de venda de artesanato. O ritmo é de cidade pequena: viva a experiência sem pressa, valorizando conversas, sabores e a observação das rotinas locais.
Datas na Estrada Real e nos roteiros do Jequitinhonha
Datas integra rotas que conectam antigas vilas mineradoras e paisagens de montanha, o que facilita combiná-la com cidades vizinhas em viagens curtas. A proximidade com Diamantina permite bate-voltas ou pernoites alternados, somando experiências sem longos deslocamentos.
Para quem explora vilarejos e distritos, a cidade funciona como base para incursões por cachoeiras e trilhas menos movimentadas. Esse arranjo dá ao viajante liberdade para adaptar o roteiro, mantendo o conforto de retornar a um núcleo urbano acolhedor ao fim do dia.
+ Leia também: 7 destinos históricos em Minas Gerais que surpreendem qualquer viajante
Datas, pequena no mapa, grande em histórias
Datas mostra que destinos discretos podem reunir fortes camadas de memória, beleza e fé. Em poucas ruas, concentram-se templos, praças e fachadas que contam a saga de um Brasil minerador que se reinventou no campo e no turismo, sem perder o sentido de comunidade.
A cada visita, a cidade oferece algo novo: o brilho da água fria nas pedras, o aroma do morango recém-colhido, o coro que ecoa na matriz. Se o seu mapa afetivo inclui lugares onde o tempo corre mais devagar, é hora de colocar Datas entre as próximas viagens.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.
Datas/MG - Foto: Igor Souza