O lado turístico de Minas que nem os mineiros conhecem
Descubra cidades mineiras repletas de charme, história e paisagens surpreendentes que ainda passam despercebidas até por quem mora em Minas
Minas Gerais é reconhecida por seus ícones do barroco e por seu papel central na história do Brasil. Mas, entre serras e vales, há cidades que guardam tesouros patrimoniais e naturais ainda pouco explorados — inclusive pelos próprios mineiros. Esses destinos, com heranças coloniais preservadas, paisagens impressionantes e tradições vivas, permanecem fora do circuito turístico mais movimentado, quase como segredos bem guardados.
Nesta seleção, reunimos cinco cidades históricas e turísticas de Minas que encantam justamente por seu perfil mais silencioso. Lugares onde a fé, a gastronomia, a natureza e o artesanato se encontram para oferecer experiências autênticas e inesquecíveis.
Caeté — Montanhas, fé e história pertinho de Belo Horizonte
A apenas 50 km da capital, Caeté abriga um dos símbolos mais importantes da fé católica mineira: o Santuário de Nossa Senhora da Piedade. Localizado no topo da Serra da Piedade, a mais de 1.700 metros de altitude, o santuário oferece uma das vistas mais deslumbrantes do estado. Sua capela histórica recebe peregrinos durante todo o ano e mantém viva uma tradição religiosa centenária.
Além do santuário, Caeté preserva construções do período colonial e mantém festas tradicionais, como procissões e celebrações marianas. Mesmo com tanta riqueza cultural e espiritual, a cidade continua sendo pouco explorada turisticamente, o que ajuda a preservar sua atmosfera serena e genuína.
Sabará — Patrimônio colonial a poucos minutos da capital
Com pouco mais de 25 km de distância de Belo Horizonte, Sabará é uma das cidades mais antigas de Minas. Seu centro histórico abriga joias do barroco, como a Igreja de Nossa Senhora do Ó, com detalhes raros da arte mineira, e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, que carrega a história e a devoção da população afrodescendente.
Além da arquitetura, Sabará é conhecida por eventos culturais que valorizam sua identidade. O Festival da Jabuticaba atrai visitantes de todo o estado, celebrando o fruto símbolo da cidade em receitas, licores e doces. Outro destaque é o Festival Cordas e Tom, realizado no último fim de semana de cada mês no centro histórico, reunindo música de qualidade, vinho e pratos que exploram o sabor da jabuticaba.
Catas Altas — Patrimônio e natureza em perfeita harmonia
A cerca de 120 km de Belo Horizonte, Catas Altas encanta pela integração entre seu patrimônio colonial e a natureza exuberante que a envolve. Suas ruas preservam o casario histórico e igrejas como a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, enquanto sua localização, aos pés da Serra do Caraça, garante paisagens inesquecíveis.
O turismo religioso se soma ao ecoturismo, com trilhas e passeios até o Santuário do Caraça, que abriga história, arquitetura e biodiversidade. Apesar de seu potencial, Catas Altas ainda é pouco conhecida por muitos mineiros, o que mantém seu ritmo tranquilo e convidativo.
Serro — Onde o tempo parece ter parado
No Alto Jequitinhonha, a cerca de 350 km da capital, o Serro preserva relíquias coloniais em meio a colinas, igrejas históricas e festas religiosas que atravessam gerações. É também um polo do queijo artesanal mineiro, reconhecido nacionalmente, e integra uma das rotas cênicas mais conhecidas de Minas Gerais.
O casario bem conservado, aliado a tradições como o congado e a Folia de Reis, cria uma atmosfera autêntica, capaz de transportar o visitante a outros tempos. Embora seja patrimônio histórico importante, o Serro ainda é pouco explorado no turismo de massa, mantendo sua essência cultural e acolhedora.
Diamantina — Muito além do que se imagina
Patrimônio Mundial da UNESCO, Diamantina está a 290 km de Belo Horizonte e combina arquitetura colonial, vida cultural vibrante e paisagens naturais marcantes. Conhecida pelas serestas noturnas e pela atmosfera mística, a cidade preserva igrejas como a de São Francisco de Assis, localizada no centro histórico da cidade, com casas, museus e casarões.
Além do charme urbano, Diamantina é porta de entrada para o Parque Estadual do Biribiri e para trilhas na Serra do Espinhaço, que revelam cachoeiras e vistas panorâmicas. Eventos como a tradicional Vesperata reforçam seu status de destino cultural imperdível.
3 razões para conhecer essas cidades
Patrimônio preservado — Arquitetura colonial autêntica, igrejas históricas e espaços culturais que mantêm viva a memória mineira.
Experiências únicas — De festas religiosas a festivais gastronômicos, passando por mirantes e trilhas pouco explorados.
Atmosfera acolhedora — O ritmo mais lento e o contato direto com moradores tornam a visita mais pessoal e memorável.
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Perguntas frequentes sobre essas cidades
Essas cidades são boas para turismo de fim de semana? Sim. Caeté, Sabará e Catas Altas, por exemplo, ficam a poucas horas da capital e oferecem ótimas opções para roteiros curtos.
Preciso de guia para visitar? Não é obrigatório, mas em locais como o Morro da Queimada, um atrativo natural do município do Serro (não confundir com o sítio histórico homônimo de Ouro Preto).
Qual é a melhor época para conhecer? Entre abril e setembro, quando o clima é mais seco e agradável para passeios ao ar livre.
Essas cidades têm boa estrutura para receber turistas? Sim, mas a infraestrutura varia: Diamantina e Caeté têm mais opções de hospedagem, enquanto lugares menores oferecem pousadas e hospedagens familiares.
Há eventos culturais fixos? Sim. Sabará tem o Festival da Jabuticaba e o Cordas e Tom, o Serro celebra o congado e a Folia de Reis, e Diamantina realiza a Vesperata.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Catas Altas/MG - Foto: Igor Souza