O ponto turístico que desafia séculos e impressiona quem o visita
Descubra o Bicame de Pedra em Catas Altas, uma obra centenária que resiste ao tempo e revela a genialidade da engenharia colonial mineira
Erguido entre montanhas e histórias, o Bicame de Pedra, em Catas Altas, Minas Gerais, é um símbolo do talento e da resistência. Construído há mais de dois séculos, esse aqueduto impressiona pela técnica, beleza e pela forma como se integrou ao cenário natural da Serra do Caraça.
Monumento de pedra erguido no século XVIII.
Mistura de natureza, história e engenharia colonial.
Um dos principais atrativos de Catas Altas.
O que torna o Bicame de Pedra uma obra tão singular?
O Bicame de Pedra é um dos maiores símbolos da antiga engenharia mineira. Com blocos de quartzito encaixados com precisão, sem o uso de argamassa, a estrutura mostra o domínio técnico dos construtores da época. O arco principal, com mais de cinco metros de altura, se mantém firme mesmo após mais de duzentos anos.
Além da imponência, o local impressiona pelo contexto em que foi erguido. A construção fazia parte do sistema de captação de água usado no ciclo do ouro, quando Catas Altas era uma importante zona de mineração. A obra foi feita com mão de obra escravizada e segue até hoje como testemunha silenciosa de um passado que uniu riqueza e sofrimento.
A experiência de visitar o monumento
Quem chega ao Bicame de Pedra encontra muito mais que uma ruína antiga: encontra uma paisagem que mistura arte, natureza e memória. O caminho até lá passa por trilhas e estradas rurais cercadas por morros, onde o som da água e dos pássaros substitui o barulho das cidades.
Ao se aproximar, a imponência da construção salta aos olhos. As pedras, cuidadosamente alinhadas, formam um arco robusto que corta o horizonte. Caminhar sobre ou ao redor da estrutura é reviver a história de uma época em que o trabalho manual e a engenhosidade humana criaram obras que resistem até hoje.
Como chegar até o Bicame de Pedra?
O acesso ao monumento parte do centro de Catas Altas e segue por cerca de 12 quilômetros, sendo a maior parte por estrada de terra. É um trajeto tranquilo, mas que exige atenção em dias de chuva. A paisagem do percurso é um espetáculo à parte, com vista para a Serra do Caraça e pequenas comunidades rurais.
Ao chegar, o visitante encontra uma área simples, sem estrutura turística formal. Essa ausência de interferência humana torna o passeio ainda mais autêntico, mantendo o ar de descoberta e preservando a harmonia com o entorno natural. É recomendável ir de calçado confortável, levar água e, se possível, visitar em horários com boa iluminação natural.


Bicame de Pedra/MG - Foto: Igor Souza




Bicame de Pedra - Fotos: Igor Souza
Qual é o valor histórico e simbólico do Bicame?
O Bicame de Pedra não é apenas uma construção antiga — é um retrato do engenho e da resistência humana. Erguido no século XVIII, durante o auge do ouro, o aqueduto servia para levar água da Serra do Caraça até as áreas de mineração. Essa função, embora simples, foi essencial para o desenvolvimento econômico da região.
Hoje, o monumento representa a memória coletiva de Catas Altas. Ele conta a história de trabalhadores que, mesmo sem recursos modernos, criaram algo grandioso e duradouro. Sua preservação é motivo de orgulho para a comunidade local e um lembrete do valor da herança cultural mineira.
Quais curiosidades ajudam a entender sua importância?
Poucos sabem, mas o Bicame de Pedra tem proporções impressionantes para sua época. São cerca de 35 metros de comprimento, cinco metros de altura e quase dois metros de largura, tudo sustentado apenas pelo encaixe das pedras. Essa técnica, chamada de “aparelhamento seco”, é rara no Brasil colonial e reforça o valor arquitetônico do monumento.
Outro ponto curioso é a harmonia entre a obra e o ambiente. O quartzito usado na construção é o mesmo tipo de rocha abundante na região, o que faz o aqueduto parecer brotar da própria montanha. Essa integração com o cenário natural é um dos motivos pelos quais o Bicame é considerado uma das joias da Serra do Caraça.
Que tipo de turismo o local atrai atualmente?
O Bicame de Pedra tem atraído visitantes interessados em turismo histórico e ecológico. O passeio combina bem com outros roteiros da região, como o Santuário do Caraça e o centro histórico de Catas Altas, que conserva igrejas coloniais e casarões do período aurífero.
Nos últimos anos, o local ganhou destaque também entre fotógrafos e viajantes que buscam lugares autênticos. A luz natural que incide sobre as pedras ao longo do dia transforma o cenário e cria composições únicas para registros fotográficos. É um destino tranquilo, ideal para quem prefere turismo contemplativo e longe da agitação urbana.
Dicas úteis para quem deseja conhecer o Bicame
Vá durante o dia, pois o local não possui iluminação noturna.
Use tênis ou bota, já que o terreno é irregular.
Leve água e lanche, pois não há comércio nas redondezas.
Respeite a estrutura — não suba nas partes mais altas.
Leve seu lixo de volta e preserve a natureza.
Esses cuidados garantem uma visita segura e ajudam a conservar o patrimônio, permitindo que futuras gerações também possam apreciá-lo.
A relação do Bicame de Pedra com a Serra do Caraça
O Bicame está localizado em uma área que integra a paisagem da Serra do Caraça, uma das formações mais emblemáticas de Minas Gerais. Essa proximidade faz com que o visitante tenha, ao fundo, um dos visuais mais marcantes da região, com picos, trilhas e vegetação típica de campos rupestres.
A ligação entre o monumento e a serra vai além da geografia. Foi das nascentes do Caraça que a água era conduzida até o ponto onde se realizavam os trabalhos de mineração. Hoje, essa relação permanece viva, unindo patrimônio natural e cultural em um mesmo cenário de beleza e significado histórico.
Por que o monumento desafia o tempo?
A durabilidade do Bicame de Pedra é um dos aspectos que mais impressionam. Mesmo exposto ao vento, à chuva e às mudanças climáticas por mais de dois séculos, o aqueduto permanece sólido. Isso se deve à qualidade do quartzito e à técnica construtiva que distribui o peso de forma equilibrada, sem comprometer a estrutura.
Essa resistência é também simbólica: representa a permanência da história, da memória e da criatividade humana diante do tempo. O monumento é, de certa forma, um lembrete de que o conhecimento e o esforço coletivo deixam marcas que ultrapassam gerações.
O que mais fazer em Catas Altas?
Além do Bicame de Pedra, a cidade oferece experiências que combinam natureza, fé e gastronomia. Entre os destaques estão:
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: um dos templos mais antigos da região, com altares talhados em madeira dourada.
Cachoeira da Santa: ideal para quem busca contato com a água e paisagens tranquilas.
Santuário do Caraça: um dos principais atrativos turísticos e religiosos de Minas.
Esses roteiros podem ser combinados em um fim de semana, tornando a viagem ainda mais completa.
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Por que o Bicame de Pedra merece ser visitado?
Conhecer o Bicame de Pedra é vivenciar um pedaço autêntico da história mineira. O monumento não é cercado por cercas nem por estruturas modernas — ele está ali, firme, no meio da paisagem, como se o tempo tivesse parado para protegê-lo. Cada pedra parece contar uma história de trabalho, fé e engenhosidade.
Visitar o local é também refletir sobre o que permanece. Em meio às montanhas de Catas Altas, o Bicame continua de pé, ligando passado e presente com uma força silenciosa. É uma viagem que emociona, ensina e inspira — uma verdadeira aula a céu aberto sobre o valor da memória.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


