O ponto turístico que desafia séculos e impressiona quem o visita

Descubra o Bicame de Pedra em Catas Altas, uma obra centenária que resiste ao tempo e revela a genialidade da engenharia colonial mineira

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
01/12/2025

Erguido entre montanhas e histórias, o Bicame de Pedra, em Catas Altas, Minas Gerais, é um símbolo do talento e da resistência. Construído há mais de dois séculos, esse aqueduto impressiona pela técnica, beleza e pela forma como se integrou ao cenário natural da Serra do Caraça.

  • Monumento de pedra erguido no século XVIII.

  • Mistura de natureza, história e engenharia colonial.

  • Um dos principais atrativos de Catas Altas.

O que torna o Bicame de Pedra uma obra tão singular?

O Bicame de Pedra é um dos maiores símbolos da antiga engenharia mineira. Com blocos de quartzito encaixados com precisão, sem o uso de argamassa, a estrutura mostra o domínio técnico dos construtores da época. O arco principal, com mais de cinco metros de altura, se mantém firme mesmo após mais de duzentos anos.

Além da imponência, o local impressiona pelo contexto em que foi erguido. A construção fazia parte do sistema de captação de água usado no ciclo do ouro, quando Catas Altas era uma importante zona de mineração. A obra foi feita com mão de obra escravizada e segue até hoje como testemunha silenciosa de um passado que uniu riqueza e sofrimento.

A experiência de visitar o monumento

Quem chega ao Bicame de Pedra encontra muito mais que uma ruína antiga: encontra uma paisagem que mistura arte, natureza e memória. O caminho até lá passa por trilhas e estradas rurais cercadas por morros, onde o som da água e dos pássaros substitui o barulho das cidades.

Ao se aproximar, a imponência da construção salta aos olhos. As pedras, cuidadosamente alinhadas, formam um arco robusto que corta o horizonte. Caminhar sobre ou ao redor da estrutura é reviver a história de uma época em que o trabalho manual e a engenhosidade humana criaram obras que resistem até hoje.

Como chegar até o Bicame de Pedra?

O acesso ao monumento parte do centro de Catas Altas e segue por cerca de 12 quilômetros, sendo a maior parte por estrada de terra. É um trajeto tranquilo, mas que exige atenção em dias de chuva. A paisagem do percurso é um espetáculo à parte, com vista para a Serra do Caraça e pequenas comunidades rurais.

Ao chegar, o visitante encontra uma área simples, sem estrutura turística formal. Essa ausência de interferência humana torna o passeio ainda mais autêntico, mantendo o ar de descoberta e preservando a harmonia com o entorno natural. É recomendável ir de calçado confortável, levar água e, se possível, visitar em horários com boa iluminação natural.

Bicame de Pedra construido com pedras, com um arco natural em Catas Altas MG
Bicame de Pedra construido com pedras, com um arco natural em Catas Altas MG

Bicame de Pedra/MG - Foto: Igor Souza

Marco da Estrada Real em frente ao Bicame de pedra com montanha ao fundo e vegetação
Marco da Estrada Real em frente ao Bicame de pedra com montanha ao fundo e vegetação
Vista em cima do Bicame de Pedra em Catas Altas, com montanhas ao fundo em Minas Gerais
Vista em cima do Bicame de Pedra em Catas Altas, com montanhas ao fundo em Minas Gerais

Bicame de Pedra - Fotos: Igor Souza

Qual é o valor histórico e simbólico do Bicame?

O Bicame de Pedra não é apenas uma construção antiga — é um retrato do engenho e da resistência humana. Erguido no século XVIII, durante o auge do ouro, o aqueduto servia para levar água da Serra do Caraça até as áreas de mineração. Essa função, embora simples, foi essencial para o desenvolvimento econômico da região.

Hoje, o monumento representa a memória coletiva de Catas Altas. Ele conta a história de trabalhadores que, mesmo sem recursos modernos, criaram algo grandioso e duradouro. Sua preservação é motivo de orgulho para a comunidade local e um lembrete do valor da herança cultural mineira.

Quais curiosidades ajudam a entender sua importância?

Poucos sabem, mas o Bicame de Pedra tem proporções impressionantes para sua época. São cerca de 35 metros de comprimento, cinco metros de altura e quase dois metros de largura, tudo sustentado apenas pelo encaixe das pedras. Essa técnica, chamada de “aparelhamento seco”, é rara no Brasil colonial e reforça o valor arquitetônico do monumento.

Outro ponto curioso é a harmonia entre a obra e o ambiente. O quartzito usado na construção é o mesmo tipo de rocha abundante na região, o que faz o aqueduto parecer brotar da própria montanha. Essa integração com o cenário natural é um dos motivos pelos quais o Bicame é considerado uma das joias da Serra do Caraça.

Que tipo de turismo o local atrai atualmente?

O Bicame de Pedra tem atraído visitantes interessados em turismo histórico e ecológico. O passeio combina bem com outros roteiros da região, como o Santuário do Caraça e o centro histórico de Catas Altas, que conserva igrejas coloniais e casarões do período aurífero.

Nos últimos anos, o local ganhou destaque também entre fotógrafos e viajantes que buscam lugares autênticos. A luz natural que incide sobre as pedras ao longo do dia transforma o cenário e cria composições únicas para registros fotográficos. É um destino tranquilo, ideal para quem prefere turismo contemplativo e longe da agitação urbana.

Dicas úteis para quem deseja conhecer o Bicame

  • Vá durante o dia, pois o local não possui iluminação noturna.

  • Use tênis ou bota, já que o terreno é irregular.

  • Leve água e lanche, pois não há comércio nas redondezas.

  • Respeite a estrutura — não suba nas partes mais altas.

  • Leve seu lixo de volta e preserve a natureza.

Esses cuidados garantem uma visita segura e ajudam a conservar o patrimônio, permitindo que futuras gerações também possam apreciá-lo.

A relação do Bicame de Pedra com a Serra do Caraça

O Bicame está localizado em uma área que integra a paisagem da Serra do Caraça, uma das formações mais emblemáticas de Minas Gerais. Essa proximidade faz com que o visitante tenha, ao fundo, um dos visuais mais marcantes da região, com picos, trilhas e vegetação típica de campos rupestres.

A ligação entre o monumento e a serra vai além da geografia. Foi das nascentes do Caraça que a água era conduzida até o ponto onde se realizavam os trabalhos de mineração. Hoje, essa relação permanece viva, unindo patrimônio natural e cultural em um mesmo cenário de beleza e significado histórico.

Por que o monumento desafia o tempo?

A durabilidade do Bicame de Pedra é um dos aspectos que mais impressionam. Mesmo exposto ao vento, à chuva e às mudanças climáticas por mais de dois séculos, o aqueduto permanece sólido. Isso se deve à qualidade do quartzito e à técnica construtiva que distribui o peso de forma equilibrada, sem comprometer a estrutura.

Essa resistência é também simbólica: representa a permanência da história, da memória e da criatividade humana diante do tempo. O monumento é, de certa forma, um lembrete de que o conhecimento e o esforço coletivo deixam marcas que ultrapassam gerações.

O que mais fazer em Catas Altas?

Além do Bicame de Pedra, a cidade oferece experiências que combinam natureza, fé e gastronomia. Entre os destaques estão:

  • Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição: um dos templos mais antigos da região, com altares talhados em madeira dourada.

  • Cachoeira da Santa: ideal para quem busca contato com a água e paisagens tranquilas.

  • Santuário do Caraça: um dos principais atrativos turísticos e religiosos de Minas.

Esses roteiros podem ser combinados em um fim de semana, tornando a viagem ainda mais completa.

+ Leia também: Por que cada vez mais famílias estão escolhendo este cantinho de Minas para descansar?

Por que o Bicame de Pedra merece ser visitado?

Conhecer o Bicame de Pedra é vivenciar um pedaço autêntico da história mineira. O monumento não é cercado por cercas nem por estruturas modernas — ele está ali, firme, no meio da paisagem, como se o tempo tivesse parado para protegê-lo. Cada pedra parece contar uma história de trabalho, fé e engenhosidade.

Visitar o local é também refletir sobre o que permanece. Em meio às montanhas de Catas Altas, o Bicame continua de pé, ligando passado e presente com uma força silenciosa. É uma viagem que emociona, ensina e inspira — uma verdadeira aula a céu aberto sobre o valor da memória.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

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