O que essa cidade esconde além das igrejas barrocas?

Descubra o lado menos conhecido de São João del Rei e explore festas, trilhos, sabores e histórias que vão além das igrejas barrocas

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
28/09/2025

No Campo das Vertentes, a cerca de 185 km de Belo Horizonte, São João del Rei é uma das cidades turísticas mais emblemáticas de Minas Gerais. Conhecida por seu patrimônio barroco, ela vai além das igrejas e revela um cotidiano vibrante, onde festas populares, trilhos ferroviários, quitandas e tradições afrodescendentes convivem em harmonia.

  • Conjunto arquitetônico barroco preservado com autenticidade

  • Cultura popular viva em festas, congadas e bandas

  • Natureza e distritos que ampliam a experiência turística

Como a tradição religiosa molda a identidade da cidade?

O barroco é a porta de entrada para quem visita São João del Rei. Igrejas como a de São Francisco de Assis e a Catedral Basílica do Pilar impressionam pela arquitetura e riqueza artística. Mas a fé vai além dos templos.

Durante a Semana Santa, moradores organizam procissões e encenações que tomam as ruas de pedra, criando uma atmosfera única. As congadas, presentes em bairros como Matosinhos, celebram santos negros com música, dança e religiosidade afrodescendente. São eventos que não se transformaram em espetáculo turístico, mas permanecem como parte do dia a dia da comunidade.

Trilhos e memória no coração de São João del Rei

O som da Maria Fumaça continua ecoando entre São João del Rei e Tiradentes. O passeio de trem é uma das atrações mais queridas da cidade, mas a ferrovia guarda muito mais do que nostalgia. O Museu Ferroviário, anexo à estação, preserva locomotivas, documentos e objetos que contam como a região foi estratégica para o transporte e o desenvolvimento de Minas.

Ao redor da estação, ruas como a Rua da Prata e o Largo São Francisco mostram outra São João, menos explorada por turistas, mas rica em detalhes: portas antigas, jardins escondidos e moradores que compartilham causos e histórias de família.

Experiências ligadas ao passado ferroviário
  • Passeio de Maria Fumaça até Tiradentes

  • Visita ao Museu Ferroviário com peças originais

  • Caminhada pelo entorno da estação, com casario preservado

  • Escuta de histórias locais, transmitidas de geração em geração

Quais belezas naturais surpreendem fora do centro?

São João del Rei não é feita só de igrejas e ruas históricas. O distrito do Rio das Mortes guarda colinas verdes, vista para a Serra do Lenheiro e sítios arqueológicos com inscrições rupestres. Esse cenário atrai tanto turistas quanto pesquisadores interessados na pré-história brasileira.

Regiões como São Miguel do Cajuru e São Sebastião da Vitória oferecem hospedagens rurais, trilhas leves, córregos cristalinos e boa comida de fogão a lenha. Para quem busca descanso, esses distritos são refúgios perfeitos, com contato direto com a vida simples da roça mineira.

Gastronomia que mistura tradição e memória

Sem dúvida. Comer em São João del Rei é mergulhar nos sabores de raiz. O frango com quiabo, o feijão tropeiro, a vaca atolada e os doces caseiros fazem parte do repertório cotidiano. Nas quitandas antigas, receitas de família ainda resistem, como o pastel de angu e o bolinho de feijão com pimenta.

A feira de sábado, na Avenida Leite de Castro, é um espetáculo à parte: biscoitos de polvilho, broas de milho e pães de queijo feitos com queijo curado enchem bancas e atraem moradores e visitantes. Comer em São João não é apenas se alimentar, mas experimentar a memória coletiva de uma cidade.

Sabores que marcam São João del Rei
  • Quitandas tradicionais: broa, biscoito de polvilho, pão de queijo

  • Pratos típicos: frango com quiabo, tropeiro, vaca atolada

  • Doces caseiros: leite, figo, abóbora

  • Receitas antigas: pastel de angu e bolinho de feijão

Onde a cultura continua viva além das igrejas?

Nos bairros, o artesanato resiste com força. Em Tijuco e Tejuco, bordadeiras e artesãos produzem crochê, madeira e ferro, mantendo viva a tradição. O Teatro Municipal, com espetáculos de música e eventos culturais, reforça o papel da cidade como centro artístico regional.

Exposições em casarões históricos, especialmente em datas como o Festival de Inverno e o Natal, mostram como São João del Rei não é apenas guardiã do passado, mas também palco para expressões contemporâneas. É uma cidade que se reinventa sem perder suas raízes.

Por que São João é ponto estratégico para conhecer mais?

Além de seu patrimônio, São João del Rei serve de base para explorar a região. A vizinha Tiradentes, a apenas 15 minutos, é quase extensão natural da experiência turística. Mas há surpresas em cidades menores, como Santa Cruz de Minas e Coronel Xavier Chaves, onde o visitante encontra alambiques artesanais, trilhas e festas religiosas.

Esse papel de cidade-base amplia as possibilidades de viagem e mostra que São João del Rei é muito mais do que um destino único: é porta de entrada para uma rede de experiências.

Quanto tempo é ideal para aproveitar a cidade?

Três a quatro dias são suficientes para explorar bem São João del Rei. Nesse período, o visitante pode conhecer o centro histórico, participar de eventos religiosos ou culturais, fazer o passeio de trem, visitar distritos rurais e ainda degustar a rica gastronomia.

Para quem deseja vivências mais profundas, como participar de festas populares ou oficinas de artesanato, uma estadia maior pode ser ainda mais enriquecedora. Em qualquer tempo, a cidade oferece momentos que ficam na memória.

+ Leia também: Minas revela distritos históricos que viraram febre no turismo

Encante-se com o que São João del Rei revela aos poucos

São João del Rei é um convite à descoberta. É nas procissões da Semana Santa, nos ensaios das congadas, nos cheiros das quitandas e nos silêncios das serras que ela mostra sua verdadeira grandeza. Não é uma cidade que se revela de imediato, mas uma que se deixa conhecer devagar, como um livro que pede leitura atenta.

Quem chega disposto a ouvir, caminhar e conversar descobre um destino que não se resume ao barroco, mas que respira história em cada detalhe. É essa mistura de tradição e vida cotidiana que transforma São João del Rei em uma das cidades mais fascinantes de Minas Gerais.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Igrea histórica e casas com arvores em São João del Rei, MG
Igrea histórica e casas com arvores em São João del Rei, MG

São João del Rei/MG - Foto: Igor Souza

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