O que há por trás do passaporte que movimenta cidades históricas de Minas

Conheça o passaporte que tem revelado vilarejos, tradições e paisagens surpreendentes pelas rotas históricas de Minas

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
13/08/2025

Um pequeno caderno que transforma viagens e comunidades em Minas Gerais

Em um cenário em que o turismo de curta duração é comum, um movimento silencioso vem ganhando espaço pelas estradas e montanhas mineiras. Portando um simples passaporte, viajantes estão redescobrindo vilarejos, capelas e paisagens que não aparecem em roteiros convencionais. Trata-se do Passaporte da Estrada Real, uma iniciativa que busca ir além dos carimbos, conectando pessoas, incentivando a valorização de culturas locais e contribuindo para a economia de comunidades que preservam tradições mineiras.

  • Incentivo ao turismo de base local e sustentável

  • Conexão direta entre viajantes e comunidades

  • Preservação e valorização do patrimônio histórico e cultural

Como funciona o Passaporte da Estrada Real?

O passaporte pode ser solicitado gratuitamente pelo site do Instituto Estrada Real ou retirado presencialmente em pontos credenciados. Ele foi criado para registrar, por meio de carimbos, a passagem do turista pelas quatro rotas históricas oficiais: Caminho Velho, Caminho Novo, Caminho dos Diamantes e Caminho de Sabarabuçu.

A cada cidade ou distrito visitado, basta procurar um local credenciado — que pode ser um centro cultural, museu, pousada, igreja, loja ou restaurante — para obter o carimbo. Ao completar uma rota ou atingir o número mínimo de registros, o viajante pode solicitar um certificado simbólico que reconhece sua jornada.

Quais são as quatro rotas e o que cada uma revela?

O Passaporte da Estrada Real não é apenas um mapa; é um convite para cruzar territórios ricos em história, cultura e natureza. Cada caminho guarda experiências únicas:

  • Caminho Velho: liga Ouro Preto (MG) a Paraty (RJ), segundo o traçado oficial definido pelo Instituto Estrada Real, passando por cidades como Tiradentes, Carrancas e Aiuruoca. Une paisagens serranas, igrejas do século XVIII, cachoeiras e vilarejos com características preservadas.

  • Caminho dos Diamantes: conecta Ouro Preto a Diamantina, revelando locais como Serro, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, onde é possível encontrar produção de queijo artesanal e festas religiosas.

  • Caminho Novo: rota histórica considerada estratégica no período colonial, ligando Ouro Preto ao Rio de Janeiro, passando por cidades como Barbacena e Juiz de Fora.

  • Caminho de Sabarabuçu: liga Sabará a Cocais (Barão de Cocais), atravessando trechos serranos menos explorados e procurados por visitantes em busca de tranquilidade.

Como vilarejos e distritos ganham novo fôlego?

Um dos maiores diferenciais do passaporte é valorizar localidades que ficam fora dos roteiros turísticos tradicionais. Distritos e pequenas cidades recebem mais visitantes, o que fortalece o comércio e reforça o sentimento de pertencimento.

Exemplos de destinos valorizados pelo passaporte:

  • Chapada (Ouro Preto): onde está localizada a Capela de Santana e que é cercada por morros e paisagens naturais.

  • Cocais (Barão de Cocais): abriga a Cachoeira da Pedra Pintada e mantém tradições artesanais.

  • Catas Altas: conhecida pelo Bicame de Pedra, Capela de Santa Quitéria e produção de vinho artesanal.

  • Milho Verde (Serro): possui atmosfera tranquila e abriga a Capela de Nossa Senhora do Rosário.

Qual é o impacto real dessa iniciativa nas comunidades?

O passaporte busca ir além do turismo, contribuindo para a economia, incentivando saberes tradicionais e fortalecendo vínculos sociais. Pequenos empreendimentos familiares, como pousadas, restaurantes e ateliês, ganham visibilidade. Guias locais passam a ser mais procurados, e artesãos encontram novos canais para vender seu trabalho.

Os efeitos observados incluem:

  • Aumento da renda local

  • Valorização de produtos típicos como mel, cachaça e quitandas

  • Preservação de festas, celebrações e modos de fazer tradicionais

  • Maior interesse pela história e cultura de cada localidade

Como organizar a sua jornada pela Estrada Real?

O roteiro é flexível e adaptável ao tempo e estilo de cada viajante. O Instituto Estrada Real disponibiliza mapas, lista de pontos de carimbo e dicas para montar percursos.

Dicas para planejar sua viagem:

  • Escolha uma rota para começar e explore sem pressa

  • Combine cidades maiores, como Ouro Preto ou Diamantina, com vilarejos menores

  • Reserve tempo para conversar com moradores e conhecer histórias locais

  • Aproveite a gastronomia típica em cada parada

Por que o Passaporte da Estrada Real conquista tantos viajantes?

A proposta vai além do ato de colecionar carimbos. Ela envolve um mergulho cultural, a troca de saberes e a vivência de tradições mantidas ao longo do tempo. Cada carimbo marca não apenas um lugar, mas uma história, um encontro ou uma descoberta.

Essa proposta atrai desde aventureiros que percorrem as rotas de bicicleta ou a pé, até famílias que buscam roteiros de fim de semana, sempre com a liberdade de escolher o ritmo da jornada.

Que cuidados e posturas tornam a experiência mais rica?

Viajar com o passaporte é também assumir uma postura de respeito e valorização das comunidades. É fundamental:

  • Respeitar o patrimônio histórico e natural

  • Apoiar o comércio e serviços locais

  • Evitar lixo e desperdício

  • Ouvir e aprender com quem vive nas localidades visitadas

Essa postura responsável contribui para que a experiência seja positiva tanto para o visitante quanto para os moradores.

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Uma viagem que deixa marcas além do papel

O Passaporte da Estrada Real ue é possível viajar com mais profundidade, criando conexões e contribuindo para impactos positivos. Cada rota percorrida pode se tornar um capítulo vivo da história mineira, contado pelos próprios protagonistas: as comunidades.

Mais do que um objeto, o passaporte é um elo entre o passado e o presente, entre o visitante e a cultura local. Convida a olhar para além dos cartões-postais e a conhecer o que as ruas de pedra, os becos silenciosos e as igrejas barrocas representam.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Passaporte da estrada real na praça Minas Gerais em Mariana, MG
Passaporte da estrada real na praça Minas Gerais em Mariana, MG

Mariana/MG - Foto: Igor Souza

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