O refúgio com paz no centro de BH que quase ninguém explora
Um dos cantinhos mais encantadores de BH esconde histórias, natureza e cultura no coração da cidade
O refúgio verde e histórico que pulsa no coração de Belo Horizonte
Entre avenidas movimentadas e o vai e vem de pedestres apressados, há um espaço em Belo Horizonte onde o tempo parece desacelerar. O Parque Municipal Américo Renné Giannetti, mais conhecido simplesmente como Parque Municipal, é um convite silencioso ao descanso, à contemplação e à reconexão com a natureza — um lugar que muitos passam diariamente sem perceber, mas que surpreende quem se permite atravessar seus portões.
Um dos primeiros parques públicos urbanos planejados do Brasil
Aproximadamente 182 mil m² de áreas verdes, lagos e elementos arquitetônicos históricos
Ponto de encontro de cultura, lazer e identidade belo-horizontina
Qual é a história por trás do Parque Municipal?
Inaugurado no período da fundação da capital mineira, o Parque Municipal nasceu como parte do projeto modernista de Aarão Reis, urbanista responsável pelo traçado original da cidade. Desde o início, foi pensado não apenas como área de lazer, mas como um elemento estruturante da nova capital, integrando natureza, convívio e cultura no cotidiano dos moradores.
Sua localização central, entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia, faz dele um ponto estratégico e simbólico, cercado por marcos importantes como o Palácio das Artes e o Teatro Francisco Nunes. Ao longo de mais de um século, acompanhou transformações da cidade e resistiu como um espaço de respiro em meio à urbanização.
Como é a experiência ao entrar no parque?
Logo na entrada, portões de ferro e caminhos de terra batida revelam um charme que lembra tempos de maior cuidado com o espaço público. Caminhar sob palmeiras-imperiais, cruzar pontes românticas e observar lagos onde pedalinhos deslizam é como fazer uma pausa no ritmo acelerado da capital.
Entre os elementos que marcam o passeio:
Vegetação diversa com espécies nativas e exóticas
Lagos e pedalinhos que refletem o céu da cidade
Arquitetura paisagística com influências de estilos europeus, incluindo elementos associados a jardins franceses
Por que a vegetação do parque é tão especial?
A riqueza vegetal do Parque Municipal é fruto de um paisagismo planejado para unir o exótico e o local. Espécies nativas, como as da Mata Atlântica, convivem com árvores introduzidas de outros continentes, criando um ecossistema variado e acolhedor para diferentes formas de vida.
O visitante pode encontrar:
Garças e outros pássaros que utilizam os lagos como refúgio
Flores e plantas ornamentais que mudam a paisagem a cada estação
O parque também é um espaço de cultura?
Sim. Dentro do parque está o Teatro Francisco Nunes, ativo na cena cultural da cidade, recebendo espetáculos e eventos diversos. Além disso, é comum que o entorno seja ocupado por feiras de artesanato, apresentações musicais e intervenções artísticas, especialmente nos fins de semana e feriados.
Outro atrativo é o orquidário, um ponto de encontro para apaixonados por plantas e fotografia. Para as crianças, o espaço reserva um parquinho de madeira, um carrossel clássico e brinquedos com estilo que remete a outras épocas.
Qual é a importância histórica do Parque Municipal para BH?
O Parque Municipal é apontado por registros como um dos primeiros parques públicos urbanos planejados no Brasil, e desde sua inauguração mantém elementos originais. Coretos, bancos de madeira e pontes ornamentais ainda resistem, trazendo à memória uma Belo Horizonte jovem, mas já preocupada em oferecer espaços de convívio ao ar livre.
Mais do que um espaço verde, ele se tornou um símbolo da identidade belo-horizontina, mantendo características associadas à hospitalidade e simplicidade mineira, mesmo em pleno centro urbano.
Quais atividades podem ser feitas no parque?
O espaço recebe diariamente pessoas que procuram diferentes formas de lazer e bem-estar. É comum encontrar grupos praticando yoga, rodas de capoeira, músicos ensaiando ou atores preparando peças teatrais sob a sombra das árvores.
Atividades comuns no parque incluem:
Caminhadas e corridas leves nas pistas internas
Piqueniques em áreas gramadas e sombreadas
Leituras e estudos em bancos distribuídos pelas alamedas
Fotografia e observação de pássaros
Como é o acesso e a localização?
Com entradas pela Avenida Afonso Pena, Rua da Bahia e vias próximas, o Parque Municipal é de fácil acesso para pedestres e visitantes que utilizam transporte público. Está a poucos metros da Estação Central do Metrô e próximo de ícones como o Mercado Central e a Praça da Liberdade.
Essa localização facilita que o parque seja visitado junto a outros atrativos próximos para explorar o centro histórico e cultural de Belo Horizonte.
O que visitar por perto após conhecer o parque?
Quem visita o parque pode estender o passeio por outros pontos do centro:
Feira Hippie, aos domingos na Avenida Afonso Pena
Museu Inimá de Paula, com entrada gratuita e acervo variado
Cafeterias e restaurantes tradicionais que preservam o sabor da gastronomia mineira
O imponente Palácio das Artes, a poucos passos dali
Como o parque é cuidado atualmente?
Ao longo de sua história, o Parque Municipal enfrentou momentos de abandono, mas iniciativas públicas e comunitárias têm trabalhado para preservá-lo. Hoje, conta com monitoramento por câmeras e presença da Guarda Municipal, além de receber manutenção regular em sua infraestrutura e áreas verdes.
Projetos educativos e ambientais, realizados em parceria com escolas e instituições, reforçam o vínculo da população com o espaço e ajudam a mantê-lo vivo para as próximas gerações.
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Um convite para viver Belo Horizonte de outro jeito
O Parque Municipal é mais que um espaço de lazer. um espaço histórico que permanece ativo em meio à urbanização, um elo entre a memória e o presente. Nele, a vida urbana encontra respiro, e a correria se transforma em contemplação.
Para quem vive em Belo Horizonte, é uma chance de reconectar-se com o que há de mais humano: a pausa, o encontro e o simples prazer de estar ao ar livre. Considerado por muitos um reflexo de características da cultura mineira, que sabe equilibrar modernidade e tradição sem perder a essência.
Descobrir o parque é, no fundo, redescobrir a própria cidade — e talvez até a si mesmo. Quem entra por seus portões costuma levar lembranças da experiência: leva consigo o frescor das árvores, o reflexo do céu nos lagos e o som harmonioso entre pássaros e cidade.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Parque Municipal de Belo Horizonte/MG - Foto: Igor Souza