O segredo por trás da cidade mineira que virou refúgio de paz
Descubra o segredo por trás de Catas Altas em Minas Gerais: paz, história, montanhas e vinhos de jabuticaba. Planeje sua visita e mergulhe nesse refúgio mineiro
No coração das montanhas mineiras, Catas Altas se revela como um destino onde o tempo desacelera e o silêncio se transforma em convite à contemplação. Pequena, histórica e rodeada por natureza exuberante, a cidade é um dos refúgios mais tranquilos de Minas Gerais, perfeita para quem busca descanso, fé e experiências autênticas.
• História, fé e arquitetura barroca que contam o passado de Minas.
• Natureza preservada com cachoeiras, trilhas e vista para o Caraça.
• Gastronomia típica e vinhos de jabuticaba que encantam visitantes.
Como surgiu o nome e o encanto de Catas Altas?
O nome “Catas Altas” vem das antigas escavações realizadas nos altos morros, onde se extraía ouro durante o ciclo da mineração no século XVII. A cidade nasceu dessa busca pelo metal precioso e manteve, até hoje, traços marcantes da época colonial. Caminhar por suas ruas é reviver um pedaço importante da história mineira, com casarões, capelas e calçamento original preservados.
Com o tempo, o ouro deu lugar à tranquilidade. Os moradores passaram a valorizar a simplicidade e o contato com a natureza, transformando o destino em um refúgio para quem procura descanso e espiritualidade. Essa mistura de herança histórica e vida pacata é o que faz Catas Altas ser tão única.
Qual o papel de Catas Altas na história de Minas Gerais?
Durante o auge da mineração, o arraial de Catas Altas era um ponto estratégico de passagem entre vilas importantes do ciclo do ouro. Sua localização, aos pés da Serra do Caraça, facilitava o transporte e o comércio das pedras preciosas. Ainda hoje, as ruínas e antigas construções revelam a força que o garimpo teve na formação da cidade.
Com o declínio da mineração, a economia local se reinventou. A produção de vinho de jabuticaba, a agricultura e o turismo se tornaram pilares da identidade atual. O visitante que chega à cidade sente esse equilíbrio entre tradição e renovação, que é o verdadeiro segredo de sua sobrevivência.
O que torna o centro histórico tão especial?
O centro histórico de Catas Altas é pequeno, mas repleto de charme. No coração da cidade está a Praça Monsenhor Mendes, onde a imponente Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição domina a paisagem. Sua arquitetura barroca e seu interior simples refletem o estilo mineiro de devoção e beleza discreta.
Ao redor da praça, casarões coloniais bem preservados abrigam hoje lojas, ateliês, hospedagens e restaurantes. Caminhar sem pressa por essas ruas é a melhor forma de sentir a alma da cidade. A cada esquina, um detalhe arquitetônico ou uma vista para as montanhas reforça o sentimento de que o tempo por ali passa devagar.


Catas Altas/MG - Foto: Igor Souza
Que experiências aproximam o visitante da natureza?
Os arredores de Catas Altas são um convite à aventura leve. Trilhas, cachoeiras e mirantes se espalham pela região, sempre com vista para a Serra do Caraça. O Bicame de Pedra, um antigo aqueduto construído no século XIX, impressiona pela estrutura feita de blocos encaixados sem argamassa — uma verdadeira obra de engenharia colonial.
Outras opções de contato com a natureza incluem a Cachoeira do Maquiné e a Cachoeira da Santa. Todas ficam em áreas de fácil acesso e oferecem águas cristalinas e paisagens deslumbrantes. Para quem busca algo mais introspectivo, o silêncio das montanhas e o canto dos pássaros fazem companhia perfeita.




Catas Altas/MG - Fotos: Igor Souza
Por que o Santuário do Caraça é símbolo da paz mineira?
Parte do território do Santuário do Caraça pertence a Catas Altas, e sua presença influencia diretamente o clima espiritual da cidade. O santuário é um dos patrimônios mais emblemáticos de Minas, unindo natureza, história e fé em um mesmo espaço. Suas trilhas, museu sacro e hospedagem em meio à serra proporcionam uma experiência única de recolhimento e contemplação.
Além do valor religioso, o lugar é um verdadeiro santuário ecológico. Lobos-guarás, macacos, tucanos e outras espécies circulam livremente na região. À noite, os visitantes podem observar o famoso ritual dos lobos, que se aproximam do adro da igreja em busca de alimento — um espetáculo silencioso que reforça o elo entre o homem e a natureza.
Onde comer e se hospedar em Catas Altas?
Apesar de pequena, a cidade oferece boas opções de hospedagem e gastronomia. As pousadas locais mantêm o estilo simples e aconchegante, com varandas floridas, café da manhã mineiro e vista para as montanhas. Muitas delas ficam próximas à praça principal, facilitando os passeios a pé.
A culinária é um capítulo à parte. Restaurantes como La Violla e Primórdios da Terra misturam receitas regionais com toques contemporâneos, destacando o uso da jabuticaba em molhos e sobremesas. Nos fins de semana, o cheirinho de comida feita no fogão a lenha se espalha pelas ruas, lembrando que em Catas Altas, comer também é uma forma de celebrar a vida simples.
Quais atrações fazem parte do roteiro essencial?
Para aproveitar ao máximo, vale planejar a visita com calma. O ideal é reservar de dois a três dias na cidade. No primeiro, explore o centro histórico, visite a Matriz e aprecie o pôr do sol na praça. No segundo, dedique-se à natureza — Bicame de Pedra, Cachoeira do Maquiné e trilhas leves.
O terceiro dia pode ser reservado ao Santuário do Caraça. Lá, o visitante encontra hospedagem, trilhas, mirantes e um ambiente de profunda paz. O caminho até o santuário é repleto de vistas panorâmicas, o que torna a viagem uma experiência inesquecível desde a estrada.
Como chegar até Catas Altas?
A cidade está localizada a cerca de 130 quilômetros de Belo Horizonte, com acesso principal pela BR-381 e em seguida, pela MG-436. A viagem de carro dura em torno de duas horas, com paisagens que já preparam o visitante para o que vem pela frente.
Também é possível chegar de ônibus, com linhas regulares que partem da capital mineira. Para quem prefere um trajeto mais cênico, o caminho que passa por Santa Bárbara oferece belas vistas da Serra do Caraça e várias paradas fotográficas. Em qualquer rota, a chegada é sempre marcada pelo contraste entre as montanhas e o casario histórico.
O que torna Catas Altas diferente de outras cidades históricas
Enquanto destinos como Ouro Preto e Tiradentes atraem multidões, Catas Altas preserva uma atmosfera silenciosa e acolhedora. Aqui, o turismo acontece em ritmo tranquilo, sem pressa e sem excessos. É um lugar onde o visitante se sente parte da comunidade, e não apenas um espectador.
Essa simplicidade é o que dá charme à cidade. Em vez de vitrines e lojas movimentadas, há moradores conversando nas portas, crianças brincando nas praças e um clima de interior que faz qualquer um desacelerar. É essa autenticidade que conquista quem chega.
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Entre o silêncio e as montanhas, um convite à alma
Visitar Catas Altas em Minas Gerais é mais do que conhecer uma cidade: é reencontrar o valor das pausas. Em meio às montanhas e igrejas antigas, o visitante descobre que a paz não é ausência de movimento, mas presença de sentido. A cada passo, a cidade revela um novo olhar — ora histórico, ora espiritual, ora natural.
Talvez o segredo de Catas Altas esteja justamente nisso: em lembrar que a verdadeira riqueza não vem do ouro, mas do tempo que se desacelera, da conversa à beira da praça e do horizonte que nos ensina a respirar devagar. Quem a visita entende que a calma também pode ser um destino.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.




Cachoeira da Santa - Fotos: Igor Souza


