Os segredos por trás do destino mais subestimado de Minas Gerais
Descubra por que Sabará surpreende quem busca história viva, culinária típica e fé preservada pertinho de Belo Horizonte
No coração de Minas Gerais, a apenas 25 km de Belo Horizonte, existe um destino que surpreende até quem mora na capital. Sabará é mais do que um registro do período colonial — é um lugar onde a história, a fé, a gastronomia e a cultura popular se encontram no dia a dia. Entre ladeiras de pedra, igrejas seculares e quitandas de dar água na boca, a cidade preserva o que há de mais autêntico na alma mineira.
Patrimônio histórico e arquitetônico preservado.
Gastronomia tradicional e eventos culturais únicos.
Proximidade com Belo Horizonte e fácil acesso.
Como a arte e a fé moldaram Sabará?
O conjunto de igrejas de Sabará é reconhecido como um dos conjuntos coloniais mais valiosos de Minas Gerai. A Igreja de Nossa Senhora do Ó, com sua fachada modesta, guarda um interior em estilo rococó considerado um dos mais requintados de Minas Gerais. Cada entalhe, pintura e douramento revela o cuidado dos artistas que ajudaram a definir o barroco mineiro.
Outro ponto marcante é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Suas ruínas são testemunhas silenciosas da resistência negra no período da escravidão. Caminhar por esse espaço é sentir a força de uma história que não pode ser esquecida. Hoje, o local é aberto ao público e serve como memorial vivo dessa trajetória.
O que as ruas e praças contam sobre o passado da cidade?
Caminhar pelo centro histórico de Sabará é como folhear um livro antigo. O calçamento em pedras irregulares, os portais em madeira maciça e os casarões com janelas coloridas formam um conjunto arquitetônico que resistiu ao tempo.
No coração da cidade está o Museu do Ouro, instalado na antiga Casa da Intendência, um prédio do século XVIII tombado pelo IPHAN. Seu acervo inclui documentos, ferramentas e objetos que explicam o papel estratégico de Sabará no ciclo do ouro. Mais do que um espaço expositivo, é um convite a compreender como a cidade se inseriu na história econômica e cultural do estado.
Por que o ora-pro-nóbis é tão importante para a culinária local?
A planta, que cresce nos quintais da cidade, é protagonista de um dos pratos mais emblemáticos da gastronomia mineira: o frango com ora-pro-nóbis. Tão forte é a ligação que Sabará promove anualmente, no bairro Pompéu, o Festival do Ora-pro-nóbis, reunindo música, cultura e culinária em torno desse ingrediente.
Mas a culinária sabarense vai muito além. Entre as delícias mais tradicionais, destacam-se:
Broa de fubá assada em forno a lenha.
Pastel de angu recheado.
Bolo de milho cremoso.
Esses sabores estão presentes em feiras, restaurantes e até nas festas religiosas, criando uma ponte afetiva entre gerações.
Como a cidade celebra suas tradições religiosas?
A religiosidade popular é uma das marcas de Sabará. A cidade mantém vivas festas que atravessam séculos, como a Semana Santa, com seus tapetes coloridos e procissões, e o Jubileu de Nossa Senhora do Rosário, que reúne fiéis e visitantes em clima de devoção.
Também se destaca a Festa do Divino Espírito Santo, com cortejos, cantorias e a tradicional distribuição de alimentos. Esses eventos são mais do que celebrações: são expressões vivas de pertencimento e identidade.
Qual é a história do Chafariz do Kaquende?
No Largo do Barão de Sabará está um dos símbolos mais conhecidos da cidade: o Chafariz do Kaquende. Construído em 1757 para abastecer a população com água da nascente do Morro de São Francisco, ele ainda funciona e é cercado por uma lenda local — quem bebe de sua água, sempre volta.
Essa tradição, passada de geração em geração, traduz bem o espírito de Sabará: um lugar que conquista de forma sutil e duradoura.
Sabará oferece opções para quem busca natureza?
Embora seja lembrada principalmente por sua herança histórica, Sabará também está cercada por cenários naturais. Localizada entre as Serras da Piedade e do Curral, a cidade é ponto de partida para trilhas leves, passeios rurais e mirantes que revelam o pôr do sol sobre as montanhas.
Nos arredores, é possível encontrar córregos e áreas de mata nativa que completam a experiência. Para quem deseja alternar entre cultura e natureza, Sabará oferece o equilíbrio ideal.
Quais experiências tornam a visita ainda mais especial?
Além dos pontos turísticos mais conhecidos, visitar Sabará é também viver momentos que se revelam no cotidiano. Algumas experiências imperdíveis incluem:
Provar quitandas fresquinhas em padarias tradicionais.
Assistir a um ensaio de congada ou marujada.
Visitar ateliês de artesanato e trabalhos em pedra-sabão.
São vivências que permitem ao visitante se integrar ao ritmo local e criar memórias genuínas.
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Por que Sabará é perfeita para um bate-volta ou um fim de semana?
A proximidade com Belo Horizonte facilita a visita, tornando possível conhecê-la em um único dia. No entanto, para aproveitar sem pressa suas igrejas, museus, festas e sabores, o ideal é dedicar ao menos um fim de semana.
Hospedando-se na cidade, é possível vivenciar a atmosfera noturna do centro histórico, quando o silêncio das ruas contrasta com a iluminação suave das fachadas coloniais.
O que torna Sabará um destino que conquista para sempre?
Sabará não impressiona apenas por seus monumentos, mas pela forma como mantém viva a essência mineira. É um lugar onde o passado não é museu — é vida que se renova nas festas, nas receitas, nas histórias contadas de geração em geração.
Quem a visita leva consigo mais do que lembranças fotográficas. Leva o sabor de um pastel de angu, o som dos sinos e a certeza de que, como diz a lenda do Kaquende, sempre voltará.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Sabará/MG - Foto: Igor Souza