Ouro Preto? Esse tesouro está a apenas 25 km de BH e vai te surpreender

A poucos minutos de BH, Sabará surpreende com igrejas barrocas, culinária típica e tradições vivas. Descubra esse tesouro cultural de Minas Gerais

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
10/08/2025

Sabará cidade turística Minas Gerais: uma preciosidade histórica perto da capital

Muito se fala sobre as belezas de Ouro Preto, mas existe um destino tão marcante quanto — e mais acessível — que costuma passar despercebido por muitos viajantes. Sabará, localizada a cerca de 25 km de Belo Horizonte, preserva um dos conjuntos arquitetônicos mais autênticos de Minas Gerais, com igrejas barrocas, festas populares, chafarizes e ruas que ainda ecoam os passos do Brasil colonial.

  • Patrimônio histórico e religioso preservado — Igrejas barrocas como a de Nossa Senhora do Ó e as ruínas da Igreja do Rosário dos Pretos revelam arte, fé e resistência, enquanto o centro histórico mantém calçamento, casarões e chafarizes coloniais.

  • Cultura viva e tradições populares — Festas como o Jubileu de Nossa Senhora do Rosário, a Festa do Divino e a Semana Santa mantêm o envolvimento da comunidade e preservam manifestações como o congado e os tapetes de serragem.

  • Gastronomia e sabores afetivos — Pratos à base de ora-pro-nóbis, quitandas, pastéis de angu, doces caseiros e cafés coados mantêm viva a culinária típica, conectando visitantes ao sabor e à hospitalidade mineira.

Igrejas que revelam fé, arte e história

Sabará é referência quando o assunto são igrejas barrocas. Entre as mais notáveis está a Igreja de Nossa Senhora do Ó, que combina uma fachada modesta com um interior surpreendente, decorado com talhas em estilo rococó. De origem colonial, ela preserva elementos originais que emocionam pelo cuidado artístico e religioso.

Já as ruínas da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos se tornaram símbolo da resistência negra. Construída por pessoas escravizadas que buscavam um espaço de culto, a igreja não chegou a ser concluída, mas suas paredes em pedra seguem de pé como um monumento à fé e à luta por dignidade em tempos de opressão.

Patrimônio que resiste nas ruas e nos detalhes

O centro histórico de Sabará é um convite ao caminhar com calma. As ladeiras, ainda calçadas em pedra, conduzem a becos, praças e casas coloniais com janelas coloridas e sacadas em ferro forjado. Cada construção guarda um fragmento da história local — e o conjunto urbano se mantém vivo, sem perder o encanto da simplicidade.

Entre os pontos de destaque está o Museu do Ouro, instalado na antiga Casa da Intendência. O espaço abriga documentos, ferramentas da mineração, arte sacra e informações sobre a atuação da Coroa Portuguesa na região. É uma imersão na era do ouro, mas com olhar atento às pessoas que construíram essa história com o próprio suor.

Celebrações que atravessam os séculos

Diferentemente de cidades onde as tradições se tornaram apenas parte de um calendário turístico, Sabará ainda vive suas festas religiosas com intensidade. Uma das mais marcantes é o Jubileu de Nossa Senhora do Rosário, que reúne moradores em procissões, missas e rituais de congado. Não é espetáculo — é fé partilhada.

Além do jubileu, outras festas como a do Divino Espírito Santo e a Semana Santa mobilizam as comunidades locais, transformando ruas e igrejas em palcos de devoção. Essas celebrações são momentos de reencontro coletivo e mantêm vivas expressões culturais únicas, como os tapetes de serragem, os toques de caixa e as irmandades centenárias.

Gastronomia que nasce nos quintais e chega à mesa

Visitar Sabará também é uma experiência gastronômica. A cidade se orgulha do ora-pro-nóbis, planta típica da região, usada em receitas que vão do refogado simples ao frango com angu. A importância desse ingrediente é tamanha que ele ganhou um festival anual, onde cozinheiras e chefs locais apresentam suas versões desse sabor mineiro.

Mas não para por aí. Sabará também é conhecida por suas quitandas: broas de fubá, bolos de milho, pastéis de angu e doces caseiros feitos com frutas da estação. São receitas passadas de geração em geração, preparadas com ingredientes locais e carinho de sobra — sabores que carregam história no paladar.

Belezas discretas que encantam quem observa

Entre os elementos mais simbólicos de Sabará está o Chafariz do Kaquende, localizado próximo ao Largo do Barão de Sabará, ele foi construído no período colonial para abastecer a população com água potável. A tradição local diz que quem bebe de suas águas sempre volta à cidade — e, pelo número de retornos, a lenda parece ter fundamento.

Esse tipo de detalhe mostra como Sabará valoriza o que muitos já perderam: a funcionalidade integrada ao belo, a simplicidade com significado. O cotidiano se mistura à memória, e o visitante percebe que está num lugar onde cada elemento do cenário carrega sentido real, vivido por gerações.

Uma cidade entre serras e fé

Sabará está próxima à Serra do Curral e à Serra da Piedade, o que garante ao visitante paisagens naturais que complementam o passeio urbano. Embora o foco do turismo seja o patrimônio histórico, há trilhas, mirantes e áreas verdes para quem busca momentos de contemplação e contato com a natureza.

Essa integração entre paisagem, arquitetura e espiritualidade cria um ambiente único. Em Sabará, não se trata apenas de observar o passado: trata-se de vivê-lo. Em cada canto há uma história contada em silêncio, em cada rua uma promessa de encontro entre o sagrado e o simples.

+ Leia também: Cidades mineiras com passado glorioso e turismo em alta

Perguntas frequentes sobre Sabará
  • Sabará é um bom destino para um bate-volta saindo de BH? Sim. A cidade está a cerca de 25 km de Belo Horizonte e pode ser visitada facilmente em um único dia, embora valha a pena estender a estadia.

  • Quais igrejas históricas estão abertas à visitação? A Igreja de Nossa Senhora do Ó costuma receber visitantes, assim como as ruínas da Igreja do Rosário, que estão acessíveis no centro histórico.

  • O que comer em Sabará além do ora-pro-nóbis? Quitandas como broa de milho, pastel de angu e doces artesanais são amplamente encontrados e refletem a culinária afetiva da cidade.

  • Sabará tem festas religiosas durante o ano todo? Sim. Destacam-se o Jubileu de Nossa Senhora do Rosário, a Festa do Divino e a Semana Santa, todas com forte envolvimento popular.

  • É fácil circular pelo centro histórico? As ruas são de pedra e há ladeiras, mas o percurso é acessível a pé, com atenção. Usar calçados confortáveis faz toda a diferença.

  • Existem hospedagens na cidade? Sim. Sabará conta com pousadas e hospedagens simples, algumas localizadas em casarões históricos, ideais para quem quer pernoitar.

  • Tem alguma atração natural em Sabará? Embora o foco seja cultural, a cidade está cercada por serras e áreas verdes, ideais para caminhadas leves e vistas panorâmicas.

Sabará: quando a proximidade revela preciosidades esquecidas

Sabará é aquele tipo de destino que não precisa gritar para chamar atenção. Ela conquista no detalhe, no cuidado com as tradições, na beleza não editada de suas igrejas, becos e pratos. A poucos minutos da capital, entrega ao visitante uma experiência de valor imensurável — não pelo luxo, mas pela verdade.

Talvez seja justamente essa simplicidade, somada à força das memórias preservadas, que torne Sabará tão especial. Ela não se compara a Ouro Preto ou a qualquer outra cidade histórica: ela é Sabará, com tudo que isso representa. Um pedaço de Minas que insiste em resistir, sem alarde, mas com uma dignidade que emociona. E, para quem visita com o coração aberto, surpreende profundamente.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Igreja Nossa Senhora do Carmo, no centro histórico e turistico de Sabará
Igreja Nossa Senhora do Carmo, no centro histórico e turistico de Sabará

Sabará/MG - Foto: Igor Souza

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