Por que Bichinho virou parada obrigatória entre Prados e Tiradentes?
Descubra por que o Bichinho distrito de Prados virou parada obrigatória entre Prados e Tiradentes — arte, sabores e história te esperam
Entre as ladeiras que ligam Prados a Tiradentes, há um vilarejo que parece ter parado no tempo — mas cheio de vida, cores e criatividade. O Bichinho distrito de Prados se tornou uma das paradas mais autênticas de Minas Gerais, misturando arte popular, culinária mineira e uma espiritualidade que se revela em cada esquina.
Pequeno no tamanho, mas gigante em personalidade, Bichinho transformou a simplicidade do interior em um polo de cultura e acolhimento. É aquele tipo de lugar que convida o visitante a caminhar sem pressa, conversar com os moradores e se encantar com o que é feito à mão.
Ateliês e lojinhas que mantêm viva a arte popular mineira.
Casarões, igrejas e museus que contam histórias reais da região.
Culinária local, cachaça artesanal e hospitalidade genuína.
Qual é a história por trás de Bichinho?
O nome oficial do distrito é Vitoriano Veloso, uma homenagem a um alfaiate negro que viveu no período da Inconfidência Mineira e participou dos ideais libertários do movimento. O apelido “Bichinho” nasceu da linguagem popular e se espalhou a ponto de substituir o nome original.
O vilarejo surgiu no século XVIII, quando o ciclo do ouro impulsionava a formação de pequenas comunidades nos arredores de Minas. Mesmo com o tempo e as mudanças econômicas, Bichinho manteve suas raízes rurais e a arquitetura simples, tornando-se um retrato vivo da cultura mineira tradicional.
Como o artesanato e a arte transformaram a vila?
O renascimento de Bichinho começou quando artistas e artesãos locais decidiram transformar o vilarejo em um espaço de criação. Hoje, suas ruas são um mosaico de oficinas, lojas e galerias com peças feitas à mão, que vão de esculturas em madeira a móveis rústicos e obras coloridas de arte contemporânea.
Destaque para a Oficina de Agosto, liderada pelo artista Toti, que deu visibilidade nacional ao distrito. Lá, materiais reaproveitados se transformam em arte, e o visitante pode acompanhar de perto o processo criativo. Outro ponto marcante é a Galeria Bichinho, onde obras locais convivem com cafés, doces e espaços de convivência cultural.
O legado religioso da Igreja de Nossa Senhora da Penha
A Igreja de Nossa Senhora da Penha, construída entre 1732 e 1771, é o coração espiritual de Bichinho. Erguida em um ponto alto do vilarejo, sua fachada singela contrasta com o interior adornado em talha dourada e detalhes que remetem ao estilo rococó mineiro.
No altar, a imagem de Nossa Senhora da Penha representa a devoção que atravessa gerações. Durante as festas religiosas, os sinos chamam os moradores para as celebrações, mantendo viva a fé e as tradições locais. Da porta da igreja, o visitante ainda tem uma vista privilegiada da serra, o que torna o local um dos pontos mais fotogênicos do distrito.


Bichinho/MG - Foto: Igor Souza
Quais atrações não podem faltar no roteiro?
Bichinho oferece experiências que agradam a todos os perfis — dos amantes da arte aos que buscam natureza e boa comida. Entre os principais pontos estão o Museu do Automóvel da Estrada Real, com dezenas de veículos antigos restaurados, e a Casa Torta, uma construção excêntrica que reúne brinquedos, poesia e atividades culturais.
Outra atração é o Alambique Mazuma Mineira, onde o visitante conhece o processo artesanal da cachaça e participa de degustações. Já os cafés e restaurantes espalhados pelo distrito servem pratos típicos, feitos em fogão a lenha, que são uma verdadeira homenagem à culinária mineira.
Sugestões para um roteiro completo:
Inicie pela Casa Torta e siga para o Museu do Automóvel.
Visite a Igreja da Penha no período da manhã.
Termine o dia nos ateliês e alambiques, com um café ou cachaça artesanal.




Bichinho/MG - Fotos: Igor Souza
Que encantos naturais e caminhos menos explorados há em Bichinho?
A região é cercada pela Serra de São José, o que garante trilhas leves, mirantes e áreas verdes que equilibram o ritmo artístico com o contato direto com a natureza. Caminhar pelas ruas laterais revela paisagens inesperadas, com casinhas coloridas, hortas e o som distante dos sinos.
Para quem prefere tranquilidade, há pequenas rotas rurais que levam a riachos e pontos panorâmicos. Nesses percursos, é possível observar o cotidiano mineiro — moradores varrendo calçadas, crianças brincando nas praças e o cheiro de comida caseira saindo das janelas. É uma experiência que mistura simplicidade, história e beleza.
Quando visitar Bichinho para aproveitar ao máximo?
O vilarejo pode ser visitado o ano todo, mas os meses entre abril e setembro são ideais, com clima mais ameno e poucas chuvas. Nos feriados e férias, o movimento cresce e as lojinhas ficam cheias, o que também cria um clima animado e culturalmente intenso.
Para quem prefere calmaria, os dias de semana são perfeitos. É quando os artistas têm mais tempo para conversar, explicar suas criações e contar curiosidades sobre o vilarejo. Bichinho é um lugar para ser vivido devagar, com olhar atento e sem pressa de ir embora.
Melhores períodos e dicas úteis:
Abril a setembro: clima seco e ideal para caminhadas.
Finais de semana: mais eventos e ateliês abertos.
Dias úteis: experiências mais intimistas e tranquilas.
Como chegar e quanto tempo dedicar à visita?
De Tiradentes a Bichinho são cerca de 7 km por uma estrada parcialmente pavimentada, com belas vistas rurais. Já quem vem de Prados percorre cerca de 12 km. Apesar do trecho de terra, o acesso é fácil e bem sinalizado, podendo ser feito de carro pequeno.
Para aproveitar bem, o ideal é reservar pelo menos meio dia. Em 4 ou 5 horas é possível conhecer as principais atrações, parar para um almoço típico e visitar ateliês. Mas quem deseja se aprofundar no estilo de vida local pode passar um dia inteiro e ainda sentir que há mais o que descobrir.
Por que Bichinho complementa tão bem o turismo de Tiradentes?
Muitos visitantes de Tiradentes acabam estendendo o roteiro até Bichinho por perceberem que ali está a origem de grande parte das peças de arte e decoração vendidas nas lojas da cidade vizinha. É como visitar o berço da criatividade mineira.
Além disso, o contraste entre o luxo de Tiradentes e a simplicidade de Bichinho oferece uma combinação única. Enquanto uma reflete o esplendor do barroco, a outra mostra o talento popular, o improviso e a hospitalidade das pequenas comunidades mineiras.
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Um convite para sentir Minas além do óbvio
Explorar o Bichinho distrito de Prados é descobrir que Minas Gerais não se resume às cidades históricas consagradas. É mergulhar em uma vila onde o tempo corre diferente, onde o cheiro do café se mistura à poeira das estradas e o toque humano está presente em cada detalhe.
Mais do que um passeio, é uma vivência sensorial. A cada esquina, há um sorriso, uma obra de arte, uma receita e uma história. Quem visita Bichinho entende que viajar por Minas é, acima de tudo, aprender a enxergar beleza na simplicidade.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.




Bichinho/MG - Fotos: Igor Souza