Por que Bichinho virou parada obrigatória entre Prados e Tiradentes?

Descubra por que o Bichinho distrito de Prados virou parada obrigatória entre Prados e Tiradentes — arte, sabores e história te esperam

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
13/10/2025

Entre as ladeiras que ligam Prados a Tiradentes, há um vilarejo que parece ter parado no tempo — mas cheio de vida, cores e criatividade. O Bichinho distrito de Prados se tornou uma das paradas mais autênticas de Minas Gerais, misturando arte popular, culinária mineira e uma espiritualidade que se revela em cada esquina.

Pequeno no tamanho, mas gigante em personalidade, Bichinho transformou a simplicidade do interior em um polo de cultura e acolhimento. É aquele tipo de lugar que convida o visitante a caminhar sem pressa, conversar com os moradores e se encantar com o que é feito à mão.

  • Ateliês e lojinhas que mantêm viva a arte popular mineira.

  • Casarões, igrejas e museus que contam histórias reais da região.

  • Culinária local, cachaça artesanal e hospitalidade genuína.

Qual é a história por trás de Bichinho?

O nome oficial do distrito é Vitoriano Veloso, uma homenagem a um alfaiate negro que viveu no período da Inconfidência Mineira e participou dos ideais libertários do movimento. O apelido “Bichinho” nasceu da linguagem popular e se espalhou a ponto de substituir o nome original.

O vilarejo surgiu no século XVIII, quando o ciclo do ouro impulsionava a formação de pequenas comunidades nos arredores de Minas. Mesmo com o tempo e as mudanças econômicas, Bichinho manteve suas raízes rurais e a arquitetura simples, tornando-se um retrato vivo da cultura mineira tradicional.

Como o artesanato e a arte transformaram a vila?

O renascimento de Bichinho começou quando artistas e artesãos locais decidiram transformar o vilarejo em um espaço de criação. Hoje, suas ruas são um mosaico de oficinas, lojas e galerias com peças feitas à mão, que vão de esculturas em madeira a móveis rústicos e obras coloridas de arte contemporânea.

Destaque para a Oficina de Agosto, liderada pelo artista Toti, que deu visibilidade nacional ao distrito. Lá, materiais reaproveitados se transformam em arte, e o visitante pode acompanhar de perto o processo criativo. Outro ponto marcante é a Galeria Bichinho, onde obras locais convivem com cafés, doces e espaços de convivência cultural.

O legado religioso da Igreja de Nossa Senhora da Penha

A Igreja de Nossa Senhora da Penha, construída entre 1732 e 1771, é o coração espiritual de Bichinho. Erguida em um ponto alto do vilarejo, sua fachada singela contrasta com o interior adornado em talha dourada e detalhes que remetem ao estilo rococó mineiro.

No altar, a imagem de Nossa Senhora da Penha representa a devoção que atravessa gerações. Durante as festas religiosas, os sinos chamam os moradores para as celebrações, mantendo viva a fé e as tradições locais. Da porta da igreja, o visitante ainda tem uma vista privilegiada da serra, o que torna o local um dos pontos mais fotogênicos do distrito.

Uma fonte de água com o letreiro de Bichinho com um ocração na letra O no distrito de Bichinho
Uma fonte de água com o letreiro de Bichinho com um ocração na letra O no distrito de Bichinho

Bichinho/MG - Foto: Igor Souza

Quais atrações não podem faltar no roteiro?

Bichinho oferece experiências que agradam a todos os perfis — dos amantes da arte aos que buscam natureza e boa comida. Entre os principais pontos estão o Museu do Automóvel da Estrada Real, com dezenas de veículos antigos restaurados, e a Casa Torta, uma construção excêntrica que reúne brinquedos, poesia e atividades culturais.

Outra atração é o Alambique Mazuma Mineira, onde o visitante conhece o processo artesanal da cachaça e participa de degustações. Já os cafés e restaurantes espalhados pelo distrito servem pratos típicos, feitos em fogão a lenha, que são uma verdadeira homenagem à culinária mineira.

Sugestões para um roteiro completo:
  • Inicie pela Casa Torta e siga para o Museu do Automóvel.

  • Visite a Igreja da Penha no período da manhã.

  • Termine o dia nos ateliês e alambiques, com um café ou cachaça artesanal.

Igreja de Nossa Senhora da Penha em Bichinho MG
Igreja de Nossa Senhora da Penha em Bichinho MG
Igreja de Nossa Senhora da Penha em bichinho MG
Igreja de Nossa Senhora da Penha em bichinho MG

Bichinho/MG - Fotos: Igor Souza

Que encantos naturais e caminhos menos explorados há em Bichinho?

A região é cercada pela Serra de São José, o que garante trilhas leves, mirantes e áreas verdes que equilibram o ritmo artístico com o contato direto com a natureza. Caminhar pelas ruas laterais revela paisagens inesperadas, com casinhas coloridas, hortas e o som distante dos sinos.

Para quem prefere tranquilidade, há pequenas rotas rurais que levam a riachos e pontos panorâmicos. Nesses percursos, é possível observar o cotidiano mineiro — moradores varrendo calçadas, crianças brincando nas praças e o cheiro de comida caseira saindo das janelas. É uma experiência que mistura simplicidade, história e beleza.

Quando visitar Bichinho para aproveitar ao máximo?

O vilarejo pode ser visitado o ano todo, mas os meses entre abril e setembro são ideais, com clima mais ameno e poucas chuvas. Nos feriados e férias, o movimento cresce e as lojinhas ficam cheias, o que também cria um clima animado e culturalmente intenso.

Para quem prefere calmaria, os dias de semana são perfeitos. É quando os artistas têm mais tempo para conversar, explicar suas criações e contar curiosidades sobre o vilarejo. Bichinho é um lugar para ser vivido devagar, com olhar atento e sem pressa de ir embora.

Melhores períodos e dicas úteis:
  • Abril a setembro: clima seco e ideal para caminhadas.

  • Finais de semana: mais eventos e ateliês abertos.

  • Dias úteis: experiências mais intimistas e tranquilas.

Como chegar e quanto tempo dedicar à visita?

De Tiradentes a Bichinho são cerca de 7 km por uma estrada parcialmente pavimentada, com belas vistas rurais. Já quem vem de Prados percorre cerca de 12 km. Apesar do trecho de terra, o acesso é fácil e bem sinalizado, podendo ser feito de carro pequeno.

Para aproveitar bem, o ideal é reservar pelo menos meio dia. Em 4 ou 5 horas é possível conhecer as principais atrações, parar para um almoço típico e visitar ateliês. Mas quem deseja se aprofundar no estilo de vida local pode passar um dia inteiro e ainda sentir que há mais o que descobrir.

Por que Bichinho complementa tão bem o turismo de Tiradentes?

Muitos visitantes de Tiradentes acabam estendendo o roteiro até Bichinho por perceberem que ali está a origem de grande parte das peças de arte e decoração vendidas nas lojas da cidade vizinha. É como visitar o berço da criatividade mineira.

Além disso, o contraste entre o luxo de Tiradentes e a simplicidade de Bichinho oferece uma combinação única. Enquanto uma reflete o esplendor do barroco, a outra mostra o talento popular, o improviso e a hospitalidade das pequenas comunidades mineiras.

+ Leia também: Por que cada vez mais famílias estão escolhendo este cantinho de Minas para descansar?

Um convite para sentir Minas além do óbvio

Explorar o Bichinho distrito de Prados é descobrir que Minas Gerais não se resume às cidades históricas consagradas. É mergulhar em uma vila onde o tempo corre diferente, onde o cheiro do café se mistura à poeira das estradas e o toque humano está presente em cada detalhe.

Mais do que um passeio, é uma vivência sensorial. A cada esquina, há um sorriso, uma obra de arte, uma receita e uma história. Quem visita Bichinho entende que viajar por Minas é, acima de tudo, aprender a enxergar beleza na simplicidade.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Ateliê com artesanatos e varal de guarda chuvas em Bichinho MG
Ateliê com artesanatos e varal de guarda chuvas em Bichinho MG
Casa antiga e localizada no interior de Bichinho, com vegetação e grama em volta
Casa antiga e localizada no interior de Bichinho, com vegetação e grama em volta

Bichinho/MG - Fotos: Igor Souza

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