Por que esse parque de 1897 virou um segredo entre turistas?
Descubra um pedaço da história de BH em meio à natureza, arte e silêncio. Uma joia escondida no coração da capital mineira te espera
No coração de Belo Horizonte, entre avenidas movimentadas e o vai e vem da vida urbana, existe um refúgio verde que muitos turistas deixam passar despercebido. O Parque Municipal Américo Renné Giannetti é um dos mais antigos do Brasil em funcionamento contínuo, guardando mais de um século de história, beleza e memórias que fazem parte da identidade da capital mineira.
Projetado no final do século XIX como parte do plano urbanístico da nova capital, o parque foi pensado para ser um espaço de lazer, convivência e contato com a natureza. Mais de cem anos depois, segue cumprindo essa função — quase em silêncio, como um segredo que só quem observa com atenção descobre.
Como o Parque Municipal se conecta à fundação de BH?
Inaugurado em 1897, o parque nasceu junto com a própria Belo Horizonte. Seu projeto foi assinado pelo engenheiro e paisagista francês Paul Villon, que se inspirou nos jardins europeus para criar alamedas, canteiros e curvas que até hoje encantam os visitantes.
Ao atravessar seus portões ornamentais, preservados desde a fundação, a sensação é de que o tempo desacelera. O som do trânsito se apaga e o visitante é convidado a percorrer caminhos que contam a história da cidade, mesclando memória e natureza.
Natureza e vida silvestre no coração da capital
Com 180 mil metros quadrados, o Parque Municipal abriga uma vegetação densa, com espécies nativas da Mata Atlântica e árvores exóticas, como as icônicas palmeiras imperiais.
Entre seus moradores ilustres estão:
Garças
Sabiás
Maritacas
Pavões que circulam livremente
Os lagos completam o cenário, abrigando peixes, tartarugas e aves aquáticas. Um deles mantém os tradicionais pedalinhos, lembrança de um lazer que atravessa gerações.
Cultura e lazer que se encontram sob as árvores
Mais que um espaço verde, o Parque Municipal é também um polo cultural. Dentro dele está o Teatro Francisco Nunes, palco de espetáculos, festivais e projetos artísticos. Nas redondezas, o Palácio das Artes complementa a experiência, criando uma ponte entre arte e natureza no centro de BH.
Nos finais de semana, o ambiente muda de ritmo:
Famílias ocupam os gramados para piqueniques
Crianças brincam no parquinho
Músicos se apresentam de forma espontânea
Rodas de capoeira se formam à sombra das árvores
Por que o parque ainda é pouco explorado por turistas?
Localizado entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia, a poucos metros do Mercado Central e da Feira Hippie de domingo, o Parque Municipal raramente aparece nos roteiros tradicionais. Talvez por estar “escondido à vista de todos” ou por não ter a imponência de monumentos famosos.
Mas é justamente essa discrição que lhe dá charme. Para quem gosta de destinos fora do óbvio, ele é um achado.
O que torna o Parque Municipal tão especial?
Entre os destaques, está o orquidário, simples, mas encantador. Pequenas estufas e canteiros floridos também fazem parte do cenário, preservados com cuidado ao longo dos anos.
Mais que sua beleza, o parque é um guardião de memórias afetivas:
Casais que se conheceram entre suas alamedas
Crianças que aprenderam a andar de bicicleta ali
Artistas que tiveram suas primeiras apresentações ao ar livre
Como incluir o parque no seu roteiro por BH?
Visitar o Parque Municipal é uma ótima forma de explorar o centro da capital. A poucos minutos a pé, você encontra:
Museu Inimá de Paula
Praça da Estação
Praça Sete
Cine Theatro Brasil Vallourec
A região também é repleta de cafés, padarias, livrarias e lojas populares, com fácil acesso por transporte público ou bicicleta.
Preservação: um esforço coletivo
Ao longo de sua história, o parque enfrentou desafios como insegurança e degradação de estruturas. Nos últimos anos, no entanto, iniciativas públicas e privadas, somadas ao trabalho de voluntários, têm revitalizado o espaço.
Hoje, conta com vigilância, manutenção regular e ações educativas, culturais e ambientais promovidas por artistas e educadores. A preservação é resultado do cuidado compartilhado.
Informações úteis para planejar sua visita
Funcionamento: terça a domingo, das 6h às 18h (fecha às segundas)
Entrada: gratuita
Atividades permitidas: piqueniques, passeios a pé, uso do parquinho e pedalinhos
Pets: não são permitidos, exceto cães-guia
Estrutura: banheiros públicos e bebedouros em pontos estratégicos
+ Leia também: O que turistas ainda não sabem sobre o maior museu a céu aberto do mundo
Um convite para ver BH com outros olhos
O Parque Municipal de Belo Horizonte é mais que um ponto turístico — é um pedaço vivo da história urbana brasileira. Entre árvores centenárias, lagos e manifestações culturais, ele convida a desacelerar e redescobrir a cidade.
Se você estiver em BH, atravesse seus portões. Pode ser que encontre muito mais do que esperava: o canto de um pássaro, a sombra perfeita para descansar ou uma lembrança nova para guardar.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Parque Municipal de Belo Horizonte/MG - Foto: Igor Souza