Por que esse parque de 1897 virou um segredo entre turistas?

Descubra um pedaço da história de BH em meio à natureza, arte e silêncio. Uma joia escondida no coração da capital mineira te espera

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
20/08/2025

No coração de Belo Horizonte, entre avenidas movimentadas e o vai e vem da vida urbana, existe um refúgio verde que muitos turistas deixam passar despercebido. O Parque Municipal Américo Renné Giannetti é um dos mais antigos do Brasil em funcionamento contínuo, guardando mais de um século de história, beleza e memórias que fazem parte da identidade da capital mineira.

Projetado no final do século XIX como parte do plano urbanístico da nova capital, o parque foi pensado para ser um espaço de lazer, convivência e contato com a natureza. Mais de cem anos depois, segue cumprindo essa função — quase em silêncio, como um segredo que só quem observa com atenção descobre.

Como o Parque Municipal se conecta à fundação de BH?

Inaugurado em 1897, o parque nasceu junto com a própria Belo Horizonte. Seu projeto foi assinado pelo engenheiro e paisagista francês Paul Villon, que se inspirou nos jardins europeus para criar alamedas, canteiros e curvas que até hoje encantam os visitantes.

Ao atravessar seus portões ornamentais, preservados desde a fundação, a sensação é de que o tempo desacelera. O som do trânsito se apaga e o visitante é convidado a percorrer caminhos que contam a história da cidade, mesclando memória e natureza.

Natureza e vida silvestre no coração da capital

Com 180 mil metros quadrados, o Parque Municipal abriga uma vegetação densa, com espécies nativas da Mata Atlântica e árvores exóticas, como as icônicas palmeiras imperiais.
Entre seus moradores ilustres estão:

  • Garças

  • Sabiás

  • Maritacas

  • Pavões que circulam livremente

Os lagos completam o cenário, abrigando peixes, tartarugas e aves aquáticas. Um deles mantém os tradicionais pedalinhos, lembrança de um lazer que atravessa gerações.

Cultura e lazer que se encontram sob as árvores

Mais que um espaço verde, o Parque Municipal é também um polo cultural. Dentro dele está o Teatro Francisco Nunes, palco de espetáculos, festivais e projetos artísticos. Nas redondezas, o Palácio das Artes complementa a experiência, criando uma ponte entre arte e natureza no centro de BH.

Nos finais de semana, o ambiente muda de ritmo:

  • Famílias ocupam os gramados para piqueniques

  • Crianças brincam no parquinho

  • Músicos se apresentam de forma espontânea

  • Rodas de capoeira se formam à sombra das árvores

Por que o parque ainda é pouco explorado por turistas?

Localizado entre a Avenida Afonso Pena e a Rua da Bahia, a poucos metros do Mercado Central e da Feira Hippie de domingo, o Parque Municipal raramente aparece nos roteiros tradicionais. Talvez por estar “escondido à vista de todos” ou por não ter a imponência de monumentos famosos.

Mas é justamente essa discrição que lhe dá charme. Para quem gosta de destinos fora do óbvio, ele é um achado.

O que torna o Parque Municipal tão especial?

Entre os destaques, está o orquidário, simples, mas encantador. Pequenas estufas e canteiros floridos também fazem parte do cenário, preservados com cuidado ao longo dos anos.

Mais que sua beleza, o parque é um guardião de memórias afetivas:

  • Casais que se conheceram entre suas alamedas

  • Crianças que aprenderam a andar de bicicleta ali

  • Artistas que tiveram suas primeiras apresentações ao ar livre

Como incluir o parque no seu roteiro por BH?

Visitar o Parque Municipal é uma ótima forma de explorar o centro da capital. A poucos minutos a pé, você encontra:

  • Museu Inimá de Paula

  • Praça da Estação

  • Praça Sete

  • Cine Theatro Brasil Vallourec

A região também é repleta de cafés, padarias, livrarias e lojas populares, com fácil acesso por transporte público ou bicicleta.

Preservação: um esforço coletivo

Ao longo de sua história, o parque enfrentou desafios como insegurança e degradação de estruturas. Nos últimos anos, no entanto, iniciativas públicas e privadas, somadas ao trabalho de voluntários, têm revitalizado o espaço.

Hoje, conta com vigilância, manutenção regular e ações educativas, culturais e ambientais promovidas por artistas e educadores. A preservação é resultado do cuidado compartilhado.

Informações úteis para planejar sua visita

  • Funcionamento: terça a domingo, das 6h às 18h (fecha às segundas)

  • Entrada: gratuita

  • Atividades permitidas: piqueniques, passeios a pé, uso do parquinho e pedalinhos

  • Pets: não são permitidos, exceto cães-guia

  • Estrutura: banheiros públicos e bebedouros em pontos estratégicos

+ Leia também: O que turistas ainda não sabem sobre o maior museu a céu aberto do mundo

Um convite para ver BH com outros olhos

O Parque Municipal de Belo Horizonte é mais que um ponto turístico — é um pedaço vivo da história urbana brasileira. Entre árvores centenárias, lagos e manifestações culturais, ele convida a desacelerar e redescobrir a cidade.

Se você estiver em BH, atravesse seus portões. Pode ser que encontre muito mais do que esperava: o canto de um pássaro, a sombra perfeita para descansar ou uma lembrança nova para guardar.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Barcos na lagoa principal do Parque Municipal de Belo Horizonte, ponto turistico em MG
Barcos na lagoa principal do Parque Municipal de Belo Horizonte, ponto turistico em MG

Parque Municipal de Belo Horizonte/MG - Foto: Igor Souza

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