Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
01/10/2025

Viajar de trem em Minas Gerais é uma experiência que une nostalgia, cultura e paisagens singulares. Cada percurso oferece uma vivência diferente, mas todos carregam a mesma atmosfera de encanto. A ferrovia mineira preserva tradições e conecta cidades que guardam capítulos importantes da história do Brasil.

Logo adiante, você vai conhecer detalhes de quatro trajetos emblemáticos:

• A Maria Fumaça entre São João del Rei e Tiradentes.

• O passeio histórico de Passa Quatro até Coronel Fulgêncio.

• A rota cultural entre São Lourenço e Soledade de Minas.

• A longa viagem de Belo Horizonte até Vitória, no Espírito Santo.

Por que a viagem de trem entre São João del Rei e Tiradentes encanta tantos visitantes?

O trecho de aproximadamente 12 quilômetros é operado pela tradicional Maria Fumaça e conecta duas cidades que respiram história. São João del Rei guarda igrejas monumentais, casarões coloniais e o Museu Ferroviário, enquanto Tiradentes atrai pela atmosfera charmosa de suas ruas de pedra e pela forte agenda cultural.

A viagem, que dura em torno de 40 minutos, é marcada pelo som inconfundível da locomotiva e pelas paisagens do vale do Rio das Mortes. Durante o percurso, pontes de ferro e antigos marcos ferroviários ajudam a transportar o visitante para o passado. Trata-se de um passeio curto, mas intenso em memória e simbolismo.

Passa Quatro e Coronel Fulgêncio: um trajeto de valor histórico

O passeio ferroviário entre Passa Quatro e Coronel Fulgêncio combina beleza natural e importância histórica. Situado na Serra da Mantiqueira, o percurso apresenta cenários montanhosos e construções que remetem ao auge da expansão ferroviária no início do século XX.

Um dos pontos mais marcantes é o “Túnel da Mantiqueira”, com quase 1 quilômetro de extensão. Ele simboliza a ligação entre Minas Gerais e São Paulo e desperta curiosidade pela engenharia da época. Guias locais costumam acompanhar os grupos, relatando episódios ligados à integração ferroviária e às batalhas que marcaram a região.

Como a viagem entre São Lourenço e Soledade de Minas preserva a cultura ferroviária?

Esse trecho de aproximadamente 10 quilômetros é operado por locomotivas a vapor restauradas. A viagem parte de São Lourenço, cidade famosa por suas águas minerais, e segue em direção a Soledade de Minas, em um trajeto que leva em torno de 30 minutos.

Durante o percurso, o visitante observa paisagens rurais tranquilas, com plantações, pastagens e a presença da Serra da Mantiqueira ao fundo. Ao chegar em Soledade de Minas, a recepção é acolhedora: feiras de artesanato, quitandas típicas e até apresentações culturais em datas festivas ajudam a dar um tom comunitário ao passeio.

Belo Horizonte a Vitória: o trem que liga montanhas ao mar

A viagem pela Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) é diferente das demais. Aqui, não se trata apenas de turismo, mas de uma rota de longa distância que também atende passageiros diariamente. São cerca de 664 quilômetros percorridos em 13 horas, atravessando cenários variados e cidades de médio porte.

O percurso cruza áreas urbanas, plantações e rios importantes, como o Rio Doce. O destaque, no entanto, é a transição gradual do relevo mineiro até a chegada ao litoral capixaba. Com vagões climatizados, serviço de bordo e janelas amplas, o trem proporciona conforto e permite ao passageiro contemplar as mudanças de paisagem com tranquilidade.

Quais atrações combinam com cada roteiro ferroviário?

Para além das viagens, cada destino oferece experiências complementares que tornam o passeio ainda mais rico. Veja algumas possibilidades:

• São João del Rei e Tiradentes: igrejas barrocas, museus e festivais de música e gastronomia.

• Passa Quatro: trilhas ecológicas na Mantiqueira, feiras locais e a estação restaurada.

• São Lourenço: parques de águas minerais, passeios de pedalinho e gastronomia regional.

• Vitória: praias, centro histórico e culinária à base de frutos do mar.

Essas combinações tornam a viagem de trem um ponto de partida para roteiros mais completos e diversificados.

Como organizar sua viagem de trem em Minas Gerais?

O planejamento é essencial para que a experiência seja tranquila e aproveitada ao máximo. Algumas recomendações práticas incluem:

• Conferir os dias de operação, já que os trens turísticos funcionam apenas em horários específicos.

• Adquirir os ingressos antecipadamente, principalmente em feriados e férias.

• Chegar mais cedo à estação para visitar exposições, museus e lojinhas de lembrança.

• Levar equipamentos fotográficos, pois os cenários oferecem ângulos marcantes.

Esses cuidados fazem diferença, especialmente para quem viaja em família ou busca conhecer cada detalhe com calma.

Viagens curtas, médias e longas: diferentes formas de vivenciar os trilhos

Enquanto os trajetos de São João del Rei, Passa Quatro e São Lourenço oferecem experiências curtas e nostálgicas, ideais para um bate-volta ou fim de semana, a viagem até Vitória é longa e exige mais planejamento. Essa diversidade mostra como os trilhos podem atender tanto ao turista em busca de uma experiência rápida quanto ao viajante que deseja imersão completa.

Cada formato tem sua força: os curtos resgatam a memória afetiva, enquanto o extenso proporciona uma visão ampla da geografia de Minas Gerais e sua conexão com o Espírito Santo.

Por que os trilhos mineiros continuam despertando interesse?

As viagens de trem em Minas Gerais combinam história, paisagem e cultura em um mesmo roteiro. Elas permitem que o visitante desacelere, observe os detalhes e viva uma experiência fora da rotina do transporte moderno. Além disso, representam a preservação de um patrimônio que já foi fundamental para o desenvolvimento do país.

Mesmo em tempos de automóveis e aviões, os trilhos permanecem como símbolos de memória e pertencimento. Viajar de trem em Minas não é apenas deslocar-se: é participar de uma narrativa que atravessa gerações e mantém viva a identidade ferroviária.

+ Leia também: Conheça a cidade que virou palco eterno do barroco mineiro

Trilhos que guardam memórias vivas

Em Minas Gerais, cada viagem de trem é um convite a enxergar o tempo de outra forma. Seja no apito da Maria Fumaça, no túnel da Mantiqueira ou na longa travessia até o litoral capixaba, os trilhos revelam histórias que permanecem presentes.

Ao escolher um desses roteiros, o viajante não apenas visita cidades ou contempla paisagens, mas se conecta a uma herança cultural que continua pulsando. São experiências que marcam não pela pressa, mas pelo ritmo suave dos trilhos que ainda ecoam no coração mineiro.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Tiradentes/MG - Foto: Igor Souza

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