Um destino mineiro onde a história e a paisagem se encontram

Um destino encantador onde a história se mistura com paisagens de tirar o fôlego. Conheça o charme desse distrito de Itabira e planeje sua próxima viagem para o interior de Minas Gerais

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
28/07/2025

Ipoema: um encontro verdadeiro com Minas

Ipoema não é apenas um destino turístico — é uma vivência. Localizado a cerca de 45 km do centro de Itabira, na região central de Minas Gerais, esse distrito é daqueles lugares que parecem ter sido guardados no tempo. Ali, o passado ainda está presente no modo de falar, na arquitetura singela, nos rituais da fé e no sabor da comida feita no fogão a lenha.

Cercado por montanhas da Serra do Espinhaço, Ipoema faz parte de uma rota que vem sendo redescoberta por viajantes em busca de experiências autênticas. E tem tudo para se firmar como um dos destinos mais cativantes de Minas Gerais, unindo cultura, natureza, história e um povo que sabe receber.

História viva nas ruas e nos museus

O nome Ipoema vem do tupi e significa “caminho das águas”, uma referência às muitas nascentes e cursos d’água que cortam a região. O distrito começou a se formar a partir das antigas rotas de tropeiros e lavradores que circulavam pelo interior de Minas nos séculos XVIII e XIX.

Em meio às casas coloniais e ruas de terra batida, o visitante percebe rapidamente que Ipoema guarda memórias. Um exemplo marcante é o Museu do Tropeiro, principal ponto cultural do distrito. Inaugurado em 1996, ele homenageia o papel dos tropeiros na história mineira — homens que cruzavam longas distâncias transportando mercadorias e tradições, e que ajudaram a moldar a identidade de Minas.

Instalado em um casarão antigo, o museu reúne mais de 700 peças, incluindo utensílios, instrumentos musicais, indumentárias e documentos históricos. A visita não é só educativa: ela emociona. O acervo permite compreender o modo de vida rural, a religiosidade e a resistência cultural de um povo que nunca se desligou da terra.

A capela e a vista do Morro Redondo

Um dos cenários mais emblemáticos de Ipoema é o Morro Redondo, que abriga uma pequena capela no topo e oferece uma das vistas mais impressionantes do distrito. Do alto, é possível observar o traçado das montanhas da Serra do Espinhaço, as pastagens onduladas e o casario que forma o centro do vilarejo.

A subida até o morro pode ser feita a pé ou de carro, e recompensa o visitante com silêncio, brisa leve e um pôr do sol de tirar o fôlego. A capelinha, embora singela, é um símbolo da fé do povo local — um ponto de oração, de contemplação e de beleza serena.

Trilhas, cachoeiras e ecoturismo de verdade

Ipoema é cercado por natureza preservada. A região integra a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço, reconhecida pela UNESCO como patrimônio natural. É um verdadeiro paraíso para quem ama o ecoturismo, mas sem o agito de lugares superexplorados.

A partir do distrito, é possível acessar diversas trilhas que levam a mirantes, córregos e cachoeiras. Entre elas, destaca-se a Cachoeira Alta de Santana, com cerca de 70 metros de queda d’água. O acesso exige disposição, mas o cenário compensa: água cristalina, vegetação nativa e uma vista privilegiada da serra.

Há também opções de trilhas mais leves, indicadas para passeios a pé, cavalgadas ou mountain bike. O trajeto é enriquecido pela fauna local — é comum avistar tucanos, seriemas, pequenos mamíferos e ouvir o canto dos pássaros nativos.

Gastronomia mineira com sabor de casa

Em Ipoema, comer é mais do que alimentar-se — é um ritual de afeto. Os restaurantes e casas de comida caseira espalhados pelo distrito oferecem pratos típicos preparados com ingredientes locais, muitos deles colhidos ali mesmo, nos quintais ou pequenas propriedades.

Feijão tropeiro, frango com ora-pro-nóbis, angu molinho, torresmo crocante, couve refogada, doce de leite com queijo fresco: o cardápio respeita a tradição e entrega sabor em cada detalhe. E tudo é servido com a simpatia mineira, onde o cliente é tratado como um velho conhecido da casa.

As quitandas merecem destaque à parte: broas de fubá, biscoitos de polvilho, bolos simples e o tradicional pão de queijo fazem parte do café da manhã em muitas pousadas — sempre acompanhado de um café coado na hora e boas histórias para compartilhar.

Manifestações culturais que resistem

Apesar do clima tranquilo, Ipoema tem um calendário cultural que mantém viva a identidade da comunidade. A Festa de Nossa Senhora do Rosário, celebrada com missa, música, danças e barraquinhas, é uma das mais importantes do ano. Durante a festa, o distrito recebe moradores da região e turistas que se encantam com a força da fé popular.

Há também encontros de violeiros, cavalgadas e outras celebrações que resgatam o espírito comunitário, reunindo pessoas de todas as idades para cantar, dançar e celebrar a vida simples do interior.

O artesanato local é outra forma de expressão cultural que resiste. Peças feitas em madeira, palha e tecidos bordados à mão podem ser encontradas nas feiras ou nas varandas das casas. Ao comprar, o visitante não leva apenas um objeto — leva uma história, um saber e um pouco da alma ipoemense.

Acolhimento que vira lembrança

Se há algo que define Ipoema, é o jeito como as pessoas recebem. A hospitalidade mineira se faz presente em cada gesto: no café oferecido sem pressa, na conversa em frente ao portão, na disposição para ajudar quem chega com o mapa na mão e o coração aberto.

As hospedagens são pequenas, familiares, com chalés e pousadas que oferecem conforto, vista para o verde e um ritmo que respeita o silêncio. Muitos visitantes se emocionam ao perceber que ali ninguém tem pressa — nem quem mora, nem quem visita. É um lugar para estar, e não apenas para passar.

Como chegar e quando visitar

Ipoema está a cerca de 150 km de Belo Horizonte, com acesso principal pela MG-129, via Itabira. O trajeto é asfaltado e tranquilo, passando por paisagens típicas do interior mineiro. A última parte do caminho, já próximo ao distrito, é de estrada de terra em boas condições.

A melhor época para visitar é entre abril e setembro, quando o clima é mais seco, ideal para trilhas e banhos de cachoeira. Porém, mesmo nos meses chuvosos, o charme de Ipoema permanece: os campos ficam mais verdes, o cheiro da terra toma conta e os cafés ganham ainda mais sabor.

+ Leia também: Descubra o “Coração de Minas” escondido na maior cachoeira de MG

Ipoema: uma experiência que transforma

Ipoema é desses lugares que surpreendem sem fazer esforço. Ele não grita, não brilha em letreiros, não está nos grandes guias — mas conquista quem busca o que é verdadeiro. Com sua natureza preservada, sua memória tropeira e seu povo que acolhe como se fosse da família, o distrito de Itabira é um dos destinos mais sinceros e cativantes de Minas Gerais.

Ali, a história e a paisagem realmente se encontram — e deixam marcas profundas em quem decide conhecer com o coração aberto.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Motanhas no distrito de Ipoema de Itabira Minas Gerais, ponto turistico na natureza
Motanhas no distrito de Ipoema de Itabira Minas Gerais, ponto turistico na natureza

Ipoema, Minas Gerais - Foto: Igor Souza

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