3 destinos mineiros que quase ninguém conhece mas deveria conhecer

Descubra Vau, Curralinho e Brumal, três vilarejos mineiros pouco explorados que guardam história, fé e paisagens únicas

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
24/09/2025

Minas Gerais vai muito além de suas cidades históricas consagradas. Entre serras, rios e antigas rotas coloniais, pequenos distritos guardam tradições e modos de vida que permanecem quase intactos. Vau, Curralinho e Brumal são três exemplos de lugares onde o tempo parece correr em outro ritmo e onde a história ainda ecoa no cotidiano.

  • Vau distrito de Serro: um vilarejo ribeirinho marcado pela Estrada Real.

  • Curralinho distrito de Diamantina: fé, memória e identidade cultural.

  • Brumal distrito de Santa Bárbara Minas Gerais: casario colonial e heranças religiosas.

Vau distrito de Serro: por que esse lugar guarda tanto simbolismo?

O distrito de Vau, no município de Serro, tem sua história ligada ao Rio Jequitinhonha. O próprio nome remete ao ponto raso de travessia do rio, referência para tropeiros e viajantes que percorriam o Caminho dos Diamantes da Estrada Real. Essa posição geográfica fez de Vau um local de passagem estratégica e de contato com a natureza ribeirinha.

Hoje, Vau mantém a tranquilidade de um povoado pequeno, cercado pela paisagem do Espinhaço. O cotidiano é simples, marcado pela hospitalidade dos moradores e pelo ritmo calmo da vida comunitária. O visitante que chega encontra um lugar que conserva tanto a memória do passado quanto o silêncio do presente.

Elementos que caracterizam Vau
  • Localização às margens do Rio Jequitinhonha.

  • Associação histórica à Estrada Real.

  • Cotidiano tranquilo e receptividade da comunidade.

Como a Estrada Real ainda influencia a vida em Vau?

A Estrada Real não é apenas uma rota turística, mas um traço vivo que ainda orienta a identidade de Vau. A presença de viajantes, ciclistas e caminhantes que percorrem o caminho mantém a conexão do povoado com seu passado. Essa dinâmica traz movimento em certos períodos, ao mesmo tempo em que preserva o ritmo tradicional da comunidade.

O entorno natural também ajuda a reforçar essa ligação. As serras e o rio oferecem cenários que lembram ao visitante como os antigos caminhos se moldavam à paisagem. Em Vau, a Estrada Real não é apenas uma lembrança histórica, mas um elo contínuo entre memória e experiência atual.

Curralinho distrito de Diamantina: qual é a origem desse nome duplo?

O distrito conhecido oficialmente como Extração tem raízes no antigo nome de Curralinho, ainda muito utilizado por moradores e registros locais. Essa dupla denominação traduz a própria história do lugar: um passado de garimpo e vida rural, seguido por transformações administrativas. Mesmo com a mudança oficial em 1923, Curralinho segue presente na memória popular.

O vilarejo, a cerca de 30 km de Diamantina, mantém referências religiosas que moldam seu calendário. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a Capela do Senhor dos Passos são exemplos de espaços que atravessaram gerações e continuam reunindo a comunidade em celebrações e encontros de fé.

O que chama atenção em Curralinho
  • Preservação da religiosidade em templos históricos.

  • Nome duplo que revela camadas de identidade.

  • Tradições culturais transmitidas pela comunidade.

Como a religiosidade estrutura a vida em Curralinho?

As festas religiosas são o coração da vida em Curralinho. Datas ligadas ao catolicismo mobilizam moradores e visitantes, transformando a praça central em palco de celebrações. Essas ocasiões também resgatam a culinária, a música e o convívio comunitário, criando momentos de partilha que fortalecem os laços sociais.

Mais do que eventos religiosos, essas festas representam a resistência de uma cultura local que sobrevive às mudanças do tempo. Para o viajante, participar delas é uma forma de compreender como a fé se mistura à vida cotidiana, dando sentido ao ritmo do distrito.

Brumal distrito de Santa Bárbara Minas Gerais: quais memórias o casario revela?

Localizado a poucos quilômetros da sede de Santa Bárbara, o distrito de Brumal guarda traços coloniais em seu casario e em suas ruas tranquilas. A origem remonta ao período do ouro, quando a região foi ocupada e organizada em torno de igrejas e pequenas comunidades de mineração. O conjunto arquitetônico, embora discreto, conserva a atmosfera histórica típica das vilas mineiras.

O coração de Brumal é sua igreja matriz, dedicada a Santo Amaro, que reúne a comunidade em celebrações e reforça a identidade do distrito. Além disso, o lugar preserva a relação íntima entre religiosidade, memória e vida comunitária, elementos que marcam a experiência de quem visita.

Destaques de Brumal
  • Casario colonial preservado em ruas tranquilas.

  • Igreja matriz de Santo Amaro como centro da vida local.

  • Casa das Tecelãs de Brumal.

Como Brumal se conecta à história de Santa Bárbara?

Brumal é parte do mosaico histórico que compõe Santa Bárbara. O distrito ajuda a entender a expansão da ocupação mineradora e a diversidade cultural formada no entorno da Serra do Caraça. Além disso, mantém viva uma rede de tradições religiosas que complementa o calendário da sede municipal.

Essa ligação mostra como distritos e cidades não podem ser vistos de forma isolada. Juntos, compõem narrativas que explicam a formação de Minas e reforçam a importância de se olhar para além dos destinos mais visitados.

O que une Vau, Curralinho e Brumal?

Apesar de estarem em municípios diferentes, os três distritos compartilham traços comuns. Todos têm raízes ligadas a caminhos coloniais, seja pela travessia de rios, pelo tropeirismo ou pelo ciclo do ouro. Todos preservam tradições religiosas e comunitárias que mantêm a identidade viva. E todos oferecem ao visitante a oportunidade de conhecer Minas em sua dimensão mais autêntica.

Essa semelhança reforça a importância de valorizar vilarejos pequenos, que muitas vezes passam despercebidos nos grandes roteiros, mas que carregam uma parte essencial da história mineira.

Por que incluir vilarejos pouco conhecidos no seu roteiro?

Ao visitar distritos como Vau, Curralinho e Brumal, o viajante tem acesso a experiências únicas. São lugares onde ainda é possível conversar com moradores na porta de casa, participar de festas tradicionais e observar construções que contam histórias de séculos atrás. Essa proximidade torna a viagem mais humana e enriquecedora.

Além disso, ao escolher destinos menos explorados, o turista contribui para a valorização cultural e econômica dessas comunidades. É um gesto que fortalece a preservação do patrimônio e garante que tradições continuem vivas para as próximas gerações.

+ Leia também: Trilha pouco conhecida leva a uma das paisagens mais raras do Brasil

A força da história nos pequenos lugares

Vau, Curralinho e Brumal provam que a riqueza de Minas está também em seus distritos menos conhecidos. Cada um guarda uma faceta distinta do passado, seja na travessia do Jequitinhonha, nas festas de fé ou no casario colonial. O que os une é a capacidade de mostrar como a história sobrevive em gestos simples, na arquitetura preservada e no calendário comunitário.

Ao planejar sua próxima viagem, considere dar espaço a esses vilarejos. Entre serras, rios e igrejas, você encontrará capítulos vivos da história mineira — e descobrirá que a essência de Minas se revela, muitas vezes, nos lugares mais discretos.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Fusca verde, com a Igreja histórica do periodo colonial de Curralinho, distrito historico de MG
Fusca verde, com a Igreja histórica do periodo colonial de Curralinho, distrito historico de MG

Curralinho/MG - Foto: Igor Souza

Posts que você pode gostar