3 vilarejos mineiros que parecem ter saído de um livro de história

Três vilarejos mineiros com alma histórica: Vau, Curralinho (Extração) e Santo Antônio do Leite. Conheça, planeje e viva tradições locais

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
22/09/2025

Minas Gerais não se resume às cidades históricas já consagradas. Há pequenos vilarejos que guardam a essência da vida simples e preservam memórias ligadas à fé, à natureza e aos antigos caminhos coloniais. Vau, Curralinho (Extração) e Santo Antônio do Leite são exemplos de lugares que parecem páginas vivas de um livro de história.

  • Vau, distrito de Serro: povoado ribeirinho, ligado à Estrada Real.

  • Curralinho (Extração), distrito de Diamantina: igrejas antigas e memória de tropeiros.

  • Santo Antônio do Leite, distrito de Ouro Preto: matriz e festas que moldam a vida comunitária.

Vau: paisagem e memória no Serro

O distrito de Vau, no município do Serro, nasceu em torno do Rio Jequitinhonha. O nome vem do trecho raso do rio usado para travessia, um ponto de passagem importante para tropeiros e viajantes. Até hoje, a localização às margens do rio dá ao lugar um aspecto de refúgio natural e histórico.

A relação com a Estrada Real reforça o papel de Vau como cenário de passagem e descanso. Para quem chega, o que impressiona é a tranquilidade do vilarejo, o casario simples e o contraste entre a vida pacata e a memória de tempos movimentados de exploração e comércio.

O que o visitante encontra em Vau
  • O Rio Jequitinhonha e sua paisagem ribeirinha.

  • A estrada que integra o Caminho dos Diamantes da Estrada Real.

  • Um cotidiano tranquilo, marcado pela hospitalidade dos moradores.

Curralinho (Extração): fé e tradição em Diamantina

O distrito conhecido hoje como Extração já foi chamado de Curralinho, nome ainda usado por moradores e em registros históricos. A mudança ocorreu em 1923, mas a memória do antigo topônimo permanece viva. Situado a cerca de 30 km de Diamantina, o vilarejo preserva referências religiosas e culturais que atravessaram gerações.

Na praça central estão dois marcos da religiosidade local: a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, ligada a irmandades do período colonial, e a Capela do Senhor dos Passos, ponto de devoção e de encontros comunitários. Além do valor religioso, as construções representam capítulos importantes da ocupação e organização social da região.

Marcas que resistem em Curralinho
  • Dupla identidade: Extração no nome oficial e Curralinho no uso popular.

  • Igreja do Rosário, herança das irmandades do período colonial.

  • Capela do Senhor dos Passos, espaço de fé e tradições locais.

Santo Antônio do Leite: matriz e vida comunitária em Ouro Preto

Entre os distritos de Ouro Preto, Santo Antônio do Leite se destaca pela sua matriz, localizada na Praça Juca Geraldo. Dedicada a Santo Antônio, a igreja foi construída no século XIX e passou por reformas no século XX, mas ainda é o ponto central do distrito. É a partir dela que a comunidade organiza seu calendário religioso e social.

A vida no vilarejo gira em torno da fé e do convívio coletivo. Festas religiosas, encontros na praça e a rotina simples entre as serras reforçam o vínculo entre moradores e visitantes. Para quem busca tranquilidade, o distrito oferece a possibilidade de caminhar devagar, observar a paisagem e participar de celebrações que seguem vivas.

Experiências em Santo Antônio do Leite
  • Visita à Matriz de Santo Antônio, símbolo do distrito.

  • Caminhadas pelas ruas e mirantes serranos.

  • Convivência com moradores em festas e celebrações locais.

O que une Vau, Curralinho e Santo Antônio do Leite?

Apesar de localizados em diferentes municípios, esses vilarejos compartilham elementos que os aproximam. Todos nasceram de caminhos coloniais, seja pela travessia do rio, pelo tropeirismo ou pela formação de paróquias. Em comum, também guardam o elo com a fé popular, a vida comunitária e a preservação de tradições transmitidas oralmente.

Essa unidade mostra como, em Minas, cada distrito é um fragmento de história. Vistos em conjunto, revelam uma rede de lugares que explicam a formação cultural do estado sem depender do turismo em massa.

Por que visitar vilarejos menores de Minas Gerais?

Incluir vilarejos como Vau, Curralinho e Santo Antônio do Leite em um roteiro é um convite para conhecer Minas em outra perspectiva. Não se trata apenas de observar monumentos, mas de vivenciar o ritmo de comunidades que preservam sua identidade.

Essas visitas contribuem para valorizar o patrimônio local e oferecem experiências mais humanas e autênticas. Ao sair das rotas tradicionais, o viajante encontra não apenas paisagens serranas, mas também histórias contadas na simplicidade das conversas, na devoção religiosa e nos detalhes das construções que resistem ao tempo.

+ Leia também: Você não imagina o que existe por trás das ladeiras históricas dessa cidade

Um convite para ler a história de perto

Vau, Curralinho e Santo Antônio do Leite mostram que a história de Minas se revela também em lugares discretos. São distritos que mantêm vivo o elo entre natureza, fé e memória, oferecendo ao visitante a oportunidade de conhecer um lado menos divulgado do estado.

Ao planejar sua próxima viagem, considere reservar tempo para esses vilarejos. Entre o som das águas do Jequitinhonha, as festas religiosas de Curralinho e o sino da matriz de Santo Antônio do Leite, você vai descobrir que a riqueza de Minas está também nos detalhes guardados em seus pequenos povoados.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Uma casa histórica do periodo colonial, em Vau, um distrito de Serro, Minas Gerais
Uma casa histórica do periodo colonial, em Vau, um distrito de Serro, Minas Gerais

Vau/MG - Foto: Igor Souza

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