5 razões para visitar o coração do ciclo do ouro em Minas
Conheça Mariana, onde história, fé e tradição se encontram no cenário mais simbólico do ciclo do ouro em Minas
Entre montanhas sinuosas e ruas de pedra, Mariana se revela como uma das cidades mais autênticas de Minas Gerais. Primeira vila a ser elevada à condição de cidade na Capitania e também primeira capital da província, ela é considerada o ponto de partida da história mineira. Situada a apenas 110 km de Belo Horizonte, conserva um dos conjuntos coloniais mais ricos do Brasil e oferece muito mais do que um passeio pelo passado.
Visitar Mariana é mergulhar em séculos de memória, mas também é se deparar com tradições vivas, festas religiosas, sabores de raiz e uma população que mantém acesa a chama da hospitalidade mineira.
Primeira vila elevada à condição de cidade em Minas Gerais.
Patrimônio barroco preservado no centro histórico.
Gastronomia e cultura que atravessam gerações.
1. Como o patrimônio histórico conecta passado e presente?
A arquitetura de Mariana é um convite para viajar no tempo. O coração do centro histórico pulsa na Praça Minas Gerais, considerada uma das mais bonitas do Brasil. Nela estão a Igreja de São Francisco de Assis de Mariana, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a antiga Casa de Câmara e Cadeia, compondo um cenário que sintetiza o encontro entre fé, poder civil e arte barroca.
Outros marcos impressionam tanto quanto. A Catedral da Sé abriga um órgão histórico, datado do século XVIII, ainda em funcionamento, que embala missas e concertos. O casario da Rua Direita conserva janelas coloridas e sacadas trabalhadas, revelando detalhes que contam sobre a vida social e econômica do ciclo do ouro. O conjunto é tombado pelo IPHAN e garante ao visitante a experiência de caminhar em uma cidade que mantém a essência do século XVIII.
2. Qual é a força da fé na identidade marianense?
A religiosidade está presente em cada canto da cidade. A Catedral da Sé, além de monumento histórico, é referência espiritual para toda a região. Durante a Semana Santa, Mariana se transforma: cortejos, encenações e missas unem moradores e visitantes em celebrações que misturam arte, fé e tradição, formando uma das mais marcantes manifestações religiosas de Minas.
Nos distritos, essa espiritualidade se mantém com ainda mais proximidade. Em Santa Rita Durão, Camargos e Monsenhor Horta, festas de padroeiros, novenas e procissões criam momentos de encontro coletivo. São tradições que nasceram no período colonial e resistem ao tempo, mantidas com orgulho pela população.
3. O que a gastronomia de Mariana revela sobre Minas?
Conhecer Mariana é também provar seus sabores. A cozinha local preserva receitas passadas de geração em geração, preparadas com ingredientes típicos da roça. Entre os destaques estão o feijão tropeiro, a galinha caipira com quiabo, a costelinha com ora-pro-nóbis e o pastel de angu — tradição culinária marcante em Mariana e região e pode ser encontrado em restaurantes e festas populares.
As quitandas complementam esse universo de sabores. Biscoitos de polvilho, broas de fubá, bolos caseiros e roscas artesanais são vendidos em quitandas do centro e em feiras dos distritos. O café coado no fogão a lenha completa a experiência, reforçando o caráter acolhedor da culinária mineira.
Pastel de angu como tradição local.
Quitandas e cafés caseiros.
Receitas de raiz em fogão a lenha.
4. Por que explorar os distritos de Mariana?
O município é formado por diversos distritos que preservam identidade própria. Santa Rita Durão guarda a Capela de Nossa Senhora do Rosário e celebrações religiosas que unem a comunidade. Camargos mantém casario preservado e clima de interior. Cláudio Manoel, Monsenhor Horta e Bandeirantes também oferecem festas tradicionais, música e gastronomia local.
Além do patrimônio, os distritos estão cercados por natureza exuberante. Rios, trilhas e morros oferecem cenários de contemplação e práticas de turismo rural. A vivência nos distritos permite ao visitante conhecer um lado mais íntimo da região, em que fé, cultura e paisagem se entrelaçam de forma autêntica.
5. Como a cultura e a arte seguem vivas em Mariana?
Mariana não vive apenas do passado: ela respira cultura em seu cotidiano. O Museu Arquidiocesano de Arte Sacra abriga uma das mais importantes coleções religiosas de Minas, com peças dos séculos XVIII e XIX. Já o Museu da Música preserva partituras, manuscritos e instrumentos que revelam a força da tradição musical da cidade.
A cidade também promove eventos ao longo do ano, como encontros de bandas, mostras culturais e feiras de artesanato. Trabalhos em pedra sabão, cerâmica, bordados e esculturas em madeira conectam o talento de hoje à herança colonial. Essa produção mantém Mariana em constante movimento cultural, unindo preservação e inovação.
Mariana já foi capital de Minas?
Sim. Antes da fundação de Ouro Preto e da transferência definitiva para Belo Horizonte, Mariana foi a primeira capital da Capitania de Minas. Essa condição reforça sua importância histórica e política, além de marcar seu papel como referência cultural e religiosa.
Até hoje, essa herança se reflete em sua organização urbana e na força simbólica de suas igrejas e museus. Mariana continua sendo ponto de encontro da memória mineira, combinando a grandeza do passado com a vitalidade do presente.
Vale a pena conhecer a cidade em apenas um fim de semana?
Mariana é perfeita para um roteiro de dois ou três dias. O visitante pode explorar igrejas e museus no centro histórico, experimentar a gastronomia típica e reservar tempo para conhecer distritos próximos.
Mesmo fora de datas festivas, a cidade encanta pelo ritmo acolhedor, pela hospitalidade e pelo equilíbrio entre fé, cultura e natureza. Quem vai embora leva mais do que fotografias: leva a sensação de ter vivenciado a Minas autêntica, onde o passado ainda respira em cada detalhe.
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Descubra por que Mariana segue no centro da história mineira
Mariana não é apenas o coração do ciclo do ouro. É um elo vivo com as raízes de Minas Gerais, onde fé, cultura, arte e gastronomia se unem em uma experiência completa. Cada rua de pedra, cada celebração popular e cada prato típico revelam a essência de um povo que soube transformar sua herança em identidade.
Seja para quem ama história, para quem busca espiritualidade ou para quem deseja simplesmente viver o ritmo mineiro em sua forma mais genuína, Mariana surpreende. Porque ali, onde tudo começou, o tempo ainda se abre generoso, pronto para acolher cada visitante com alma e memória.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Mariana/MG - Foto: Igor Souza