A cidade mineira que uniu Chica da Silva e JK

Explore Diamantina, cidade mineira que marcou a história com Chica da Silva e Juscelino Kubitschek, unindo cultura, memória e paisagens únicas

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
02/10/2025

Em meio à Serra do Espinhaço, Diamantina, Minas Gerais, abriga capítulos decisivos da história do Brasil. De um lado, Chica da Silva, figura que desafiou padrões no período colonial; de outro, Juscelino Kubitschek, presidente que projetou o país para o futuro. Entre casarões coloniais, igrejas tombadas e ruas de pedra, a cidade preserva o encontro de diferentes tempos que ajudam a compreender a identidade nacional.

  • A trajetória de Chica da Silva em Diamantina

  • O legado de Juscelino Kubitschek na cidade

  • O patrimônio arquitetônico e natural que conecta passado e presente

Como Chica da Silva se tornou símbolo de Diamantina?

Francisca da Silva de Oliveira, conhecida como Chica da Silva, nasceu escravizada e conquistou sua liberdade ao se relacionar com João Fernandes de Oliveira, contratador dos diamantes. Sua ascensão social marcou profundamente o Arraial do Tejuco, atual Diamantina, no século XVIII.

Chica tornou-se proprietária de uma das casas mais emblemáticas do centro histórico, hoje aberta à visitação. A residência é símbolo das tensões e transformações de uma sociedade construída sobre a mineração, a escravidão e a busca por prestígio social.

A Casa de Chica da Silva e seu valor histórico

A mansão, localizada na Rua Direita, ainda guarda traços do período colonial. Atualmente, abriga o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), com exposições que ajudam a compreender a vida e a influência de Chica na cidade.

Mais do que personagem histórica, Chica da Silva representa a complexidade das relações sociais no período colonial. Sua história, cercada de lendas, inspira livros, filmes e novelas que ainda despertam debates sobre gênero, raça e poder.

Quem foi Juscelino Kubitschek antes de se tornar presidente?

Dois séculos depois, outro personagem daria notoriedade a Diamantina. Nascido em 1902, Juscelino Kubitschek passou sua infância e juventude na cidade. Ainda adolescente, JK participou de serestas, aprendeu violão e cultivou o gosto pela convivência comunitária, características que marcariam sua trajetória pública.

A antiga residência onde viveu, na Rua São Francisco, foi transformada em museu. O espaço exibe objetos pessoais, fotografias e documentos que narram a juventude do político que governaria o Brasil entre 1956 e 1961.

O legado de JK em Diamantina

Durante sua carreira, Juscelino manteve vínculos com a cidade natal. Projetos arquitetônicos, como o Hotel Tijuco — desenhado por Oscar Niemeyer —, trouxeram um toque modernista ao cenário colonial. A Praça JK, no centro, também homenageia o ex-presidente, lembrando aos visitantes a ligação afetiva entre líder e cidade.

Locais que remetem à presença de JK em Diamantina:

  • Casa de Juscelino Kubitschek (museu)

  • Praça JK com estátua em sua homenagem

  • Hotel Tijuco, projetado por Oscar Niemeyer

Por que a UNESCO reconheceu Diamantina como Patrimônio Mundial?

Em 1999, a cidade recebeu o título de Patrimônio Mundial da UNESCO. O reconhecimento se deve à preservação do conjunto arquitetônico e ao valor cultural que traduz séculos de história ligados ao ciclo do diamante. O centro histórico, com ruas de pedra e construções coloniais, expressa de forma autêntica o encontro entre cultura, economia e geografia.

Esse título também reforçou a responsabilidade de preservação, incentivando ações de conservação e estimulando o turismo cultural.

Quais tradições mantêm viva a identidade local?

Além da memória de Chica e JK, Diamantina mantém tradições que reforçam seu caráter cultural. As serestas ganharam formato ampliado com a Vesperata, concerto realizado nas sacadas coloniais da Rua da Quitanda.

Manifestações culturais mais marcantes:

  • Vesperata, evento musical que atrai turistas de todo o país

  • Serestas, encontros musicais tradicionais da cidade

  • Festas religiosas e celebrações populares no calendário anual

Essas práticas fortalecem a identidade da cidade e a conectam a visitantes de diferentes origens.

O que visitar além das figuras históricas?

Diamantina oferece um conjunto diversificado de atrativos. No campo cultural, destacam-se o Museu do Diamante e o Instituto Casa da Glória, com seu passadiço suspenso. No âmbito natural, o Parque Estadual do Biribiri apresenta cachoeiras como a Sentinela e os Cristais, enquanto o Parque Nacional das Sempre-Vivas preserva campos rupestres e biodiversidade única.

Sugestões de visita em Diamantina:

  • Museu do Diamante

  • Casa da Chica da Silva

  • Casa de Juscelino Kubitschek

  • Parque Estadual do Biribiri

  • Gruta do Salitre

Como a geografia influencia a experiência na cidade?

Situada a mais de 1.200 metros de altitude, Diamantina combina clima de montanha e paisagens marcadas pelo quartzito e pelos vales da Serra do Espinhaço. Essa geografia não só condicionou o traçado urbano colonial como também oferece cenários propícios ao ecoturismo.

Trilhas, miradouros e rios complementam a visita ao centro histórico, permitindo que o turista vivencie tanto a cultura quanto a natureza.

Quais desafios a cidade enfrenta hoje?

O crescimento do turismo traz benefícios econômicos, mas também pressiona a infraestrutura. O trânsito no centro histórico, especialmente em finais de semana, é um dos gargalos mais apontados. Manter o equilíbrio entre preservação e modernização é tarefa constante para autoridades e comunidade.

Ainda assim, a cidade segue firme em ações de valorização do patrimônio, apostando no turismo sustentável e em iniciativas culturais que ampliam sua projeção.

+ Leia também: Onde a história e a natureza se encontram em Minas Gerais

Um encontro de tempos em Diamantina

Em Diamantina, Minas Gerais, passado e futuro se encontram em ruas estreitas, casarões coloniais e eventos culturais. A história de Chica da Silva mostra a complexidade do período colonial, enquanto a trajetória de Juscelino Kubitschek conecta a cidade ao projeto moderno de Brasil.

Entre igrejas, museus, parques e tradições musicais, o visitante encontra uma cidade que carrega memórias, mas continua viva e pulsante. Conhecer Diamantina é vivenciar esse encontro de tempos — e deixar-se transformar pela força de sua história.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Casas históricas do periodo colonial e uma capela ao fundo, com ruas de pedras em Diamantina
Casas históricas do periodo colonial e uma capela ao fundo, com ruas de pedras em Diamantina

Diamantina/MG - Foto: Igor Souza

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