A verdade por trás do “paraíso tranquilo” a minutos de BH
Cachoeiras, fé e cultura viva: conheça Mateus Leme, o destino mineiro que surpreende quem busca sossego perto de BH
Um município que vive entre o silêncio das serras e a força da tradição
Mateus Leme, localizada a apenas 60 km de Belo Horizonte, é dessas cidades que passam despercebidas nos grandes mapas turísticos, mas que guardam paisagens e vivências profundamente mineiras. Embora tenha fama de ser um “paraíso tranquilo”, o município oferece muito mais do que sossego: ali, fé, natureza, memória e cultura caminham lado a lado, contando a história de um povo que resiste e se reinventa.
Fazendo parte da Região Metropolitana de BH, Mateus Leme surpreende por ainda manter hábitos interioranos, mesmo tão próxima da capital. Suas praças arborizadas, suas igrejas históricas, suas feiras de rua e seus encontros comunitários revelam uma cidade viva, onde o turismo é construído com afeto e verdade — e não com moldes prontos ou atrações artificiais.
Centro histórico e memória preservada: o coração de Mateus Leme
Ao chegar ao centro da cidade, o visitante logo percebe que ali tudo pulsa em torno da história. A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição se impõe com sua arquitetura simples, mas carregada de simbolismo. Situada em ponto de destaque, a igreja continua sendo espaço de oração, encontros e celebrações religiosas que movimentam a vida local ao longo do ano.
Casas antigas e construções com traços do passado ainda resistem, trazendo memórias vivas da formação do município. Não há ostentação, mas há pertencimento. As celebrações em homenagem à padroeira reúnem a população em eventos com novenas, procissões, barraquinhas de comida e apresentações culturais, mantendo acesa uma chama que é passada de geração em geração.
Azurita: tradição rural e religiosidade em destaque
O distrito de Azurita, que pertence ao município de Mateus Leme, é um verdadeiro relicário de tradições. Ali, a vida gira em torno da Capela de São José, ponto de referência da comunidade. A festa em homenagem ao padroeiro é uma das mais significativas da região, reunindo moradores em torno de rituais religiosos, pratos típicos e uma convivência marcada pelo espírito de coletividade.
Em Azurita, o tempo parece correr em outro ritmo. As ruas tranquilas, os quintais com árvores frutíferas e o som dos sinos da capela revelam um modo de viver que resiste à pressa. É nesse distrito que muitos visitantes encontram a essência do que significa estar em Minas Gerais: simplicidade, fé e hospitalidade.
As surpresas da Serra de Mateus Leme
A cidade está abraçada pela serra que leva seu nome, um conjunto montanhoso que desenha o relevo local e oferece um cenário ideal para quem busca conexão com a natureza. A Serra de Mateus Leme é percorrida por trilhas que variam em dificuldade, levando a mirantes naturais, formações rochosas e vegetação típica do cerrado.
Turismo rural: mais do que uma tendência, uma realidade local
Aos poucos, Mateus Leme vem se consolidando como um destino de turismo rural. Famílias que vivem da agricultura e da produção artesanal têm aberto suas portas para receber quem deseja vivenciar o cotidiano do campo. Essas propriedades oferecem experiências que vão desde refeições preparadas em fogão a lenha até oficinas de quitandas e vivências com animais da roça.
Ao valorizar o que é local, esse tipo de turismo ajuda a fortalecer a economia do município sem descaracterizar sua essência. Não há grandes resorts ou pacotes fechados: há casas simples, acolhimento honesto e comida feita com ingredientes frescos. É o tipo de experiência que atrai um novo perfil de viajante, interessado em relações humanas e em paisagens que contam histórias.
Cultura popular que pulsa nas ruas e no sabor
A identidade de Mateus Leme também está presente na música, na culinária e nas feiras de rua. É comum encontrar moradores reunidos para rodas de viola ou para vender seus produtos caseiros nas praças centrais. As quitandas — broas, pães, bolos de milho — dividem espaço com queijos curados, doces em compota e hortaliças frescas da região.
Nos eventos religiosos, essa cultura se fortalece ainda mais. Durante as festas, os sabores ganham destaque em forma de pratos tradicionais como o feijão tropeiro, a galinha caipira com ora-pro-nóbis e os doces de leite batido. Mais do que comer, o visitante é convidado a compartilhar: sentar à mesa, ouvir causos, entender como cada prato chegou até ali.
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Perguntas frequentes sobre Mateus Leme
Quais experiências autênticas o visitante pode ter em Mateus Leme? Vivências como trilhas na serra, refeições feitas em fogão a lenha, produção artesanal de queijos e participação em festas religiosas tradicionais.
Mateus Leme é indicada para quem busca turismo de base comunitária? Sim. O município valoriza iniciativas locais e proporciona interações diretas com moradores, fortalecendo a cultura e a economia da região.
Há opções de hospedagem próximas às áreas naturais? Sim. Algumas propriedades rurais oferecem hospedagem simples, próximas às trilhas e cachoeiras, ideais para quem deseja contato com a natureza.
É possível visitar Mateus Leme sem carro? Sim, há ônibus intermunicipais saindo de Belo Horizonte. No entanto, para acessar áreas rurais e cachoeiras, o carro é recomendado.
Há alguma feira local ou mercado tradicional para conhecer? Sim. Mateus Leme tem feiras periódicas com venda de produtos regionais, como quitandas, doces, hortaliças e artesanato.
Muito além do sossego: a autenticidade de um destino em ascensão
Mateus Leme é, sim, um lugar calmo. Mas reduzir essa cidade a um “paraíso tranquilo” é deixar de ver o que ela tem de mais precioso: sua verdade. Na fé que atravessa as gerações, nas trilhas escondidas na serra, nas festas populares e no cheiro de pão saindo do forno, o município revela uma Minas que resiste. Quem vai até lá descobre que o silêncio não é vazio, mas cheio de histórias, sabores e encontros. Um destino que cresce sem pressa — e que merece ser vivido com os pés no chão e o coração aberto.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Mateus Leme/MG - Foto: Igor Souza