De Lagoa Dourada a São Bartolomeu, cidades mineiras que adoçam a viagem com tradição
Descubra cidades mineiras famosas pelos doces que marcam tradições, como Lagoa Dourada e São Bartolomeu. Planeje sua viagem com sabor e história
Minas Gerais não é feita apenas de igrejas históricas e paisagens de montanha. Entre as cidades que se destacam pela doçaria, a viagem ganha um sabor especial. Cada pedaço de doce revela parte da cultura mineira, seja em festas populares, em vendas à beira da estrada ou em casas centenárias que mantêm a receita de família.
Tradição gastronômica: cidades que preservam receitas centenárias.
Patrimônio cultural: doces como parte da identidade local.
Experiência de viagem: turismo que mistura história, sabores e memórias.
Como os doces se tornaram símbolos de cidades mineiras?
Os doces em Minas Gerais carregam uma herança que vem do período colonial. Na época, o açúcar e o leite eram abundantes, e as receitas foram adaptadas nas cozinhas das fazendas. Assim, nasceram quitandas e compotas que hoje se transformaram em símbolos de identidade local. Viajar por Minas é também percorrer um caminho de sabores que contam histórias.
A tradição não ficou restrita às famílias. Em muitas cidades, as festas religiosas, as feiras e até a rotina do comércio foram moldadas pela presença desses doces. Eles representam uma conexão entre gerações e se tornaram atrativos turísticos, ajudando a divulgar a cultura mineira para além das fronteiras do estado.
Lagoa Dourada: por que o rocambole é tão famoso?
Lagoa Dourada, localizada na região do Campo das Vertentes, é reconhecida como a capital do rocambole. Os viajantes que passam pela BR-383 encontram diversas confeitarias com vitrines recheadas de sabores variados. Do tradicional doce de leite às versões com goiabada, chocolate e coco, os rocamboles se tornaram paradas obrigatórias.
A fama não vem apenas do sabor, mas da forma como o doce foi incorporado à rotina local. Famílias inteiras trabalham nas receitas e mantêm o negócio ativo há décadas. Hoje, visitar Lagoa Dourada é sinônimo de experimentar essa iguaria que movimenta o turismo gastronômico e gera emprego na região.
São Bartolomeu mantém a tradição dos doces de tacho
O pequeno distrito de Ouro Preto preserva uma das tradições mais antigas da doçaria mineira: os doces de tacho. Feitos em panelas de cobre, com frutas da região e açúcar, eles são preparados de forma artesanal, sem pressa, como manda a tradição. A fama se espalhou e hoje São Bartolomeu é referência em geleias, compotas e doces cristalizados.
A produção não é apenas um negócio, mas parte do patrimônio cultural local. Em 2008, a tradição dos doces foi registrada como patrimônio imaterial de Ouro Preto. Essa valorização trouxe mais visibilidade ao distrito, que recebe turistas em busca de sabores autênticos e contato com uma comunidade que vive o doce como expressão de identidade.
Quais cidades também são conhecidas pelos seus doces?
Além de Lagoa Dourada e São Bartolomeu, outras localidades se destacam na doçaria mineira. Congonhas, conhecida por suas obras de Aleijadinho, também preserva tradição em doces caseiros vendidos em feiras e lojas próximas ao Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Em Itabirito, o pastel de angu costuma dividir espaço com doces típicos que recheiam as festas populares. Já Piranguinho, no Sul de Minas, é considerada referência no pé de moleque. Cada cidade tem sua especialidade, mostrando que o turismo mineiro não se resume apenas à arquitetura barroca ou às paisagens naturais, mas também ao paladar.
O doce pode ser patrimônio cultural de uma cidade?
Sim. O caso de São Bartolomeu mostra como a doçaria pode ultrapassar a esfera da gastronomia e alcançar status de patrimônio cultural. O registro feito em Ouro Preto deu nova vida à atividade, estimulando a preservação e a continuidade das receitas. Outras cidades seguem o mesmo caminho, buscando reconhecimento para valorizar suas tradições.
Essa valorização contribui não apenas para a cultura, mas também para a economia. Os doces movimentam pequenos produtores, fortalecem o turismo e estimulam festivais locais. Assim, a identidade gastronômica mineira se consolida como parte importante da experiência de viagem.
Festas populares e o papel dos doces
Os doces não são consumidos apenas em confeitarias ou vendas. Eles têm lugar garantido nas festas religiosas e populares que marcam o calendário mineiro. Em datas como a Semana Santa, festas juninas ou celebrações de padroeiros, é comum encontrar mesas repletas de compotas, bolos e quitandas.
Exemplos de festas em que os doces ganham destaque:
Festas Juninas: paçoca, pé de moleque e canjica dividem espaço com pratos salgados.
Semana Santa: compotas e quitandas adoçam os encontros em família.
Festas de Padroeiro: mesas fartas com bolos, compotas e receitas tradicionais.
Esses momentos reforçam a função social do doce, que vai além da gastronomia. É também uma forma de união comunitária, de celebração da fé e de manutenção da memória. Cada doce servido em uma festa carrega séculos de história e de tradição, fortalecendo o vínculo entre passado e presente.
Quais experiências o turista pode vivenciar nessas cidades?
Visitar as cidades de doces famosos em Minas Gerais é mais do que degustar. É possível acompanhar a produção artesanal, conversar com doceiros que herdaram o ofício de seus pais e avós, e até participar de oficinas em alguns lugares. Essa vivência transforma a viagem em um mergulho cultural.
Além disso, muitos desses destinos combinam gastronomia com turismo histórico. Em Ouro Preto e Congonhas, por exemplo, o visitante pode explorar igrejas, museus e monumentos antes de se deliciar com os quitutes locais. Já em cidades menores, o clima acolhedor convida a desacelerar e a apreciar cada detalhe da vida no interior.
Listas de cidades e seus doces mais lembrados
Lagoa Dourada: rocambole de doce de leite e goiabada.
São Bartolomeu: compotas e doces cristalizados de frutas.
Piranguinho: pé de moleque artesanal.
Itabirito: quitandas e doces de festa.
Congonhas: doces caseiros ligados às festas religiosas.
Qual é o impacto econômico da tradição doceira?
O turismo gastronômico tem ganhado força em Minas Gerais, e os doces são protagonistas nesse processo. Ao atrair visitantes, eles movimentam hotéis, restaurantes, transportes e feiras locais. Famílias que mantêm a tradição conseguem ampliar seus negócios, gerando renda e fortalecendo a comunidade.
Em Lagoa Dourada, por exemplo, o fluxo de turistas que param para comprar rocamboles se tornou fundamental para a economia local. O mesmo ocorre em São Bartolomeu, onde os doces de tacho sustentam famílias há gerações. Esse impacto mostra como a gastronomia pode ser um motor de desenvolvimento.
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Uma viagem que deixa gosto de quero mais
Percorrer as cidades de doces famosos em Minas Gerais é unir sabor, história e cultura em uma mesma experiência. Cada parada revela não apenas receitas, mas também memórias e tradições que atravessaram séculos.
Ao visitar Lagoa Dourada, São Bartolomeu ou qualquer outro destino doceiro, o viajante encontra mais do que sobremesas. Encontra um pedaço da identidade mineira, servido em fatias generosas de afeto e hospitalidade. Afinal, viajar por Minas é também provar de sua doçura.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


São Bartolomeu/MG - Foto: Igor Souza