Esculturas de Congonhas ganham nova interpretação e dividem opiniões
As esculturas de Congonhas, em Minas Gerais, ganharam uma nova interpretação que está dividindo especialistas e encantando turistas. Descubra o que mudou na forma de enxergar esse patrimônio histórico
Congonhas: um santuário de fé e arte no coração de Minas
No alto das montanhas mineiras, a cerca de 80 km de Belo Horizonte, está Congonhas — uma cidade que atrai olhares do mundo inteiro. Seja pela devoção religiosa, seja pela impressionante herança artística do barroco brasileiro, Congonhas se tornou um destino singular que toca tanto o espírito quanto a sensibilidade estética de quem a visita.
O que torna essa cidade tão especial é o encontro entre fé, arte, história e acolhimento. Congonhas é mais do que um ponto no mapa: é um lugar onde o tempo se curva diante do talento de Aleijadinho e onde cada romaria, cada celebração e cada escultura contam uma parte de um enredo maior e profundamente brasileiro.
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos: arte que move
No centro da história de Congonhas está o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, uma obra-prima que uniu fé, promessa e genialidade. Construído no século XVIII por um português em agradecimento por uma cura milagrosa, o complexo se transformou em um dos maiores ícones do barroco mineiro e em Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO.
O conjunto impressiona não só pela arquitetura da igreja principal, mas principalmente pelas esculturas de Aleijadinho. No adro do santuário, os 12 profetas em pedra-sabão parecem observar a cidade com olhos de eternidade. Dentro das capelas, cenas da Via Sacra talhadas em madeira emocionam por sua expressividade e riqueza de detalhes.
Aleijadinho e a força de sua obra
Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, foi mais do que um artista: foi um símbolo de resistência, genialidade e fé. Em Congonhas, ele deixou seu legado mais completo, esculpido com as limitações físicas impostas por uma doença degenerativa, mas com uma alma que não se rendeu.
Seus profetas e cenas da paixão são carregados de humanidade, dor, esperança e beleza. Para os artistas que visitam a cidade, é impossível não se comover com a força bruta da pedra transformada em emoção. Congonhas, nesse sentido, é uma escola viva para quem vê a arte como ponte entre o sagrado e o humano.
Fé que se renova a cada passo
Para os fiéis, Congonhas é sinônimo de devoção e milagre. A cidade é palco de uma das maiores festas religiosas do Brasil: o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos. Celebrado anualmente entre agosto e setembro, o evento movimenta milhares de romeiros vindos de várias regiões, que chegam a pé, de ônibus ou em caravanas familiares.
Durante o jubileu, Congonhas se transforma. O som dos sinos, as velas acesas, as procissões e os cantos populares criam um ambiente único de espiritualidade e emoção. Mais do que uma celebração, o jubileu é a expressão viva de uma fé que atravessa gerações.
Cultura viva e patrimônio preservado
Apesar de sua importância histórica, Congonhas não vive apenas do passado. A cidade valoriza suas tradições, mas também olha para o futuro com iniciativas culturais e educativas. O Museu de Congonhas é um exemplo disso: moderno e interativo, ele reúne acervo original das capelas, documentos históricos e exposições temporárias que enriquecem a visita.
O espaço também promove eventos culturais, encontros artísticos e experiências imersivas que aproximam o visitante da história da cidade. É mais um motivo que torna Congonhas irresistível para quem aprecia turismo cultural com profundidade.
Caminhos que revelam encantos além do santuário
Embora o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos seja o coração de Congonhas, a cidade guarda outras preciosidades. Suas ruas de pedra, o casario colonial, as capelas espalhadas por morros e ladeiras e as paisagens naturais ao redor criam um roteiro complementar que merece ser explorado com calma.
Trilhas leves levam a mirantes e áreas verdes, permitindo uma conexão entre contemplação e natureza. Pequenas lojinhas de artesanato, cafés e espaços culturais espalhados pelo centro completam a experiência e revelam o lado acolhedor e criativo da cidade.
Gastronomia que reforça a identidade mineira
Viajar por Minas Gerais é também uma viagem de sabores — e Congonhas honra essa fama com muito orgulho. A gastronomia local é rica, afetiva e generosa. Restaurantes familiares servem receitas clássicas como feijão tropeiro, costelinha, frango com quiabo, angu e torresmo crocante, sempre acompanhados por arroz soltinho e aquele tempero inesquecível.
Os doces artesanais também têm espaço garantido. Goiabada cascão, ambrosia, compotas e o tradicional doce de leite encantam turistas e são ótimas lembranças para levar na mala. Comer bem em Congonhas é uma experiência que completa a viagem.
Turismo que emociona e transforma
O que torna Congonhas tão cativante não é apenas seu patrimônio artístico ou sua fé expressiva, mas o modo como tudo isso se entrelaça com a simplicidade da vida cotidiana. O turismo ali não é espetáculo: é vivência. É estar no meio de uma procissão e sentir a energia do coletivo, é olhar para uma escultura e sentir o silêncio falar.
Muitos visitantes relatam sair de Congonhas transformados. Seja por uma experiência espiritual, um detalhe artístico que tocou fundo ou pela simpatia dos moradores, a cidade deixa marcas — daquelas que não se apagam facilmente com o tempo.
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Perguntas Frequentes sobre Congonhas (MG)
Onde fica Congonhas? A cerca de 80 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
O que é o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos? Um conjunto barroco com esculturas de Aleijadinho, tombado pela UNESCO.
Quem esculpiu os profetas de Congonhas? Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.
Quando acontece o Jubileu de Congonhas? Entre agosto e setembro, atraindo milhares de romeiros.
O que ver além do santuário? Museu de Congonhas, capelas históricas, mirantes e ruas coloniais.
Congonhas tem boa gastronomia? Sim. A cidade oferece pratos típicos mineiros e doces artesanais.
Descubra o que há por trás do encanto de Congonhas
Seja pelos mistérios de Aleijadinho, pela fé que move multidões ou pela beleza que emana das pedras e das palavras, Congonhas é uma cidade que merece ser vivida com todos os sentidos. Um lugar onde passado, presente e espiritualidade se encontram — e convidam o visitante a mergulhar fundo em uma história que continua viva.
Se você ainda não conheceu esse tesouro mineiro, talvez seja a hora de descobrir o que há por trás de tanto encanto.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Congonhas/MG - Foto: Igor Souza