Essa Vila guarda uma fábrica centenária e histórias surpreendentes

Descubra a Vila do Biribiri, ponto turístico de Minas Gerais que preserva uma antiga fábrica têxtil e guarda histórias marcantes

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
17/09/2025

A Vila do Biribiri, ponto turístico de Minas Gerais, combina memória, arquitetura e natureza em um mesmo cenário. Localizada em Diamantina, dentro do Parque Estadual do Biribiri, a vila nasceu no século XIX em torno de uma fábrica de tecidos que transformou a região e, até hoje, mantém um charme que surpreende os visitantes.

  • História ligada à indústria têxtil do século XIX

  • Conjunto arquitetônico tombado pelo Iepha/MG

  • Paisagens naturais do Parque Estadual do Biribiri

Como a Vila do Biribiri surgiu?

A história da Vila do Biribiri começa em 1876, quando foi inaugurada a fábrica de tecidos Estamparia S.A. O projeto foi conduzido pelo bispo Dom João Antônio Felício dos Santos e seus irmãos, Joaquim e Antônio, em um momento em que a mineração já não sustentava mais a economia local.

As quedas d’água da região forneceram a energia necessária para movimentar os teares, e logo a fábrica se consolidou como uma das primeiras experiências industriais do estado. Com ela, surgiu o povoado planejado, que incluía casas para operários, uma igreja e estruturas de apoio.

Arquitetura preservada em meio à Serra do Espinhaço

O conjunto arquitetônico da Vila do Biribiri é um retrato fiel da vida no século XIX. As casas simples, pintadas de branco e azul, cercam a praça principal junto à Igreja do Sagrado Coração de Jesus. Também estão preservados o antigo pensionato feminino e os galpões industriais.

Construídas em taipa, adobe e alvenaria, com coberturas de telhas francesas, essas edificações foram tombadas em 1998 pelo Iepha/MG. O sino da igreja, fundido na própria fábrica, e o relógio doado pela Família Real, são detalhes que reforçam o valor simbólico do lugar.

Qual foi o impacto social da fábrica de tecidos?

A fábrica tinha um forte caráter social, empregando principalmente jovens mulheres do Vale do Jequitinhonha. Além de representar uma oportunidade de trabalho remunerado, sua rotina era marcada pela influência das associações católicas, que moldavam hábitos e comportamentos.

Mesmo que os cargos de chefia fossem ocupados apenas por homens, muitas operárias encontraram na vila uma forma de sustento e até acesso a leituras e atividades culturais, como corais e apresentações teatrais.

O cotidiano dos operários incluía
  • Trabalho dividido por gênero e funções

  • Influência das associações religiosas

  • Vida comunitária controlada pelo armazém local

O que esperar da natureza ao redor de Biribiri?

Inserida no Parque Estadual do Biribiri, a vila é rodeada por campos rupestres, cerrado e matas de galeria. O visitante encontra rios de águas límpidas e duas cachoeiras famosas: a do Sentinela e a dos Cristais.

Esses atrativos naturais tornam a experiência ainda mais completa, permitindo que o passeio cultural se combine a momentos de descanso e contato direto com a natureza da Serra do Espinhaço.

Biribiri também é cenário de cinema e literatura

Com o fechamento da fábrica em 1973, a vila ganhou novos olhares. Cineastas usaram o local em produções como Xica da Silva (Cacá Diegues), A Dança dos Bonecos (Helvécio Ratton) e A Hora e a Vez de Augusto Matraga (Vinícius Coimbra).

Na literatura, a escritora Alice Caldeira Brant, sob o pseudônimo Helena Morley, fez referência à vila em seu livro Minha Vida de Menina. A obra, baseada em anotações pessoais do final do século XIX, se tornou um clássico que ajuda a entender a vida social da época.

Como é visitar a Vila do Biribiri hoje?

A Vila mantém sua atmosfera tranquila, com poucos moradores fixos. Duas opções de restaurantes servem comida mineira feita no fogão a lenha, em mesas ao ar livre sob a sombra das árvores. Além disso, algumas antigas casas de operários foram adaptadas para hospedagem.

O roteiro ideal inclui caminhar pela vila, almoçar na praça e seguir para as cachoeiras. Como a estrada é de terra, a viagem costuma levar cerca de 40 minutos a partir do centro de Diamantina.

Dicas práticas para aproveitar a visita
  • Leve dinheiro em espécie, pois não há caixas eletrônicos

  • Combine o passeio histórico com o banho nas cachoeiras

  • Reserve tempo para observar os detalhes arquitetônicos da igreja e das casas

Por que a Vila do Biribiri ainda encanta tantos visitantes?

Biribiri desperta interesse por representar um marco da transição entre o ciclo do ouro e a era industrial em Minas Gerais. O local preserva um conjunto arquitetônico raro e oferece contato direto com tradições e memórias de quase 150 anos.

Mais do que um ponto turístico, a vila é um testemunho da vida fabril e da religiosidade que marcaram gerações no Alto Jequitinhonha.

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Um encontro entre história e natureza

Conhecer a Vila do Biribiri ponto turístico de Minas Gerais é uma experiência que une passado e presente em um só lugar. Entre casarões centenários, cachoeiras cristalinas e a imponência da Serra do Espinhaço, o visitante encontra um espaço que inspira calma e reflexão.

A cada passo pela vila, surgem memórias de trabalho, fé e cultura. Ao sair, a sensação é de ter vivido um raro encontro com a história mineira — um convite para retornar e descobrir ainda mais.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Uma polia da antiga fábrica de tecido da Vila do Biribiri, ponto turistico de MG
Uma polia da antiga fábrica de tecido da Vila do Biribiri, ponto turistico de MG

Vila do Biribiri/MG - Foto: Igor Souza

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