O que há por trás da cidade mineira que encanta fiéis e artistas

Congonhas, em Minas Gerais, encanta fiéis e artistas com seu patrimônio barroco, tradições vivas e segredos históricos. Descubra o que há por trás dessa cidade surpreendente

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
25/07/2025

Congonhas: um santuário de fé e arte no coração de Minas

Entre as montanhas de Minas Gerais, a cerca de 80 km de Belo Horizonte, encontra-se Congonhas, uma cidade que emociona fiéis e artistas com a mesma intensidade. Seja pela fé que move romeiros, seja pela força da arte barroca, especialmente as esculturas de Aleijadinho, Congonhas se consolidou como um dos destinos mais inspiradores do país.

Não é apenas uma cidade histórica. Congonhas é um lugar de experiência, onde espiritualidade, cultura e sensibilidade estética se entrelaçam em cada esquina. Aqui, a arte é oração e o silêncio da contemplação fala alto.

Um santuário que mistura fé, arte e história

O grande símbolo de Congonhas é o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, declarado Patrimônio Mundial da Humanidade pela UNESCO. O complexo foi construído no século XVIII, por iniciativa de um português devoto, como forma de agradecimento por uma graça alcançada.

A igreja, de estilo barroco-rococó, impressiona pela imponência. Mas o que realmente torna o santuário único são as esculturas de Aleijadinho: doze profetas em pedra-sabão posicionados no adro da igreja e 66 figuras em madeira nas capelas da Via Sacra, esculpidas entre 1796 e 1799.

Essas obras não apenas embelezam — elas comunicam. Transmitem dor, fé, dúvida, esperança. São expressões que transcendem o tempo e dialogam com quem as observa, seja qual for sua crença.

Aleijadinho: a alma da pedra e da fé

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é uma das figuras mais emblemáticas da arte brasileira. Em Congonhas, ele deixou seu maior legado. Mesmo debilitado por uma doença degenerativa, esculpiu os profetas com uma expressividade que surpreende até hoje.

Cada rosto, cada gesto esculpido por Aleijadinho traz uma carga emocional única. Seus trabalhos representam não apenas talento técnico, mas resiliência, fé e humanidade.

É por isso que Congonhas atrai artistas e estudiosos do mundo todo. O santuário é considerado um verdadeiro livro aberto do barroco mineiro — e uma escola viva para quem vê a arte como expressão da alma.

Uma fé que move multidões

Congonhas não é apenas uma cidade de beleza. É também uma cidade de fé. Todos os anos, entre agosto e setembro, acontece o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, uma das maiores festas religiosas de Minas Gerais.

Milhares de romeiros chegam de diversos cantos do país, a pé, em caravanas ou em grupos familiares. Durante os dias do jubileu, a cidade ganha outro ritmo. O som dos sinos, os cânticos, as velas, as procissões e as missas criam um ambiente de intensa espiritualidade.

É uma fé coletiva, que transcende o templo e se espalha pelas ruas. Para os visitantes, é uma oportunidade de viver o sagrado não como espetáculo, mas como vivência transformadora.

Museu de Congonhas: tradição com olhar para o futuro

Inaugurado em 2015, o Museu de Congonhas representa uma ponte entre o passado e o futuro. Instalado ao lado do Santuário, o espaço é moderno e interativo, com exposições permanentes e temporárias que ajudam a contextualizar a história religiosa e artística da cidade.

O museu abriga peças originais da Via Sacra e promove eventos educativos, experiências sensoriais, apresentações culturais e oficinas que envolvem a comunidade e os turistas.

Mais do que guardar o acervo, o museu ajuda a manter viva a memória e o valor simbólico de Congonhas, despertando o interesse de diferentes gerações.

Além do santuário: um roteiro de descobertas

Embora o Santuário do Bom Jesus seja o cartão-postal, Congonhas tem muito mais a oferecer. Suas ruas de pedra, o casario colonial e capelas espalhadas pelos morros formam um cenário digno de ser explorado sem pressa.

Lugares como a Capela do Senhor dos Passos, o mirante da cidade, as trilhas nos arredores e o centro histórico proporcionam experiências que combinam natureza, arte e paz.

Pequenos cafés, ateliês, lojinhas de artesanato e quitandas familiares completam o charme local. É o tipo de cidade que surpreende nos detalhes — e convida a um olhar atento.

Sabores que aquecem e emocionam

A culinária de Congonhas honra a tradição mineira com orgulho. Restaurantes e casas de comida caseira servem feijão tropeiro, costelinha, frango com quiabo, angu e torresmo, sempre com fartura e aquele tempero que lembra casa de vó.

Os doces artesanais também merecem destaque: goiabada cascão, compotas, doce de leite e ambrosia são encontrados em feiras e comércios locais. Tudo feito com ingredientes frescos e receitas passadas entre gerações.

Comer em Congonhas é parte essencial da viagem. Não apenas pela qualidade dos pratos, mas pelo afeto envolvido no preparo e na partilha.

Um turismo que acolhe e transforma

O que torna Congonhas tão especial vai além dos monumentos. Está na forma como o turismo acontece: com respeito, acolhimento e verdade.

A cidade não se apresenta com pressa. Ela convida à escuta, ao silêncio, ao encontro com o outro. Seja numa conversa com um morador, numa missa simples ou diante de uma escultura secular, Congonhas desperta sentimentos profundos.

Por isso, muitos visitantes saem transformados. O turismo ali é mais do que contemplação — é reconexão consigo mesmo, com o sagrado e com a beleza do simples.

Uma cidade pequena com impacto imenso

Com cerca de 55 mil habitantes, Congonhas é uma prova viva de que tamanho não define grandeza. Recebe turistas do Brasil e do mundo inteiro, especialmente pesquisadores, artistas, devotos e apaixonados por cultura.

É uma cidade que emociona, ensina e acolhe — tudo ao mesmo tempo. E que mostra, com delicadeza, o poder da arte e da fé na construção de uma identidade coletiva forte e inspiradora.

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Congonhas vai além do que se vê

Congonhas é o tipo de destino que não se mede em fotos ou listas de atrações. É um lugar que se sente, que exige presença, atenção e entrega. Entre o barroco de Aleijadinho, o canto dos romeiros e o aroma da comida feita no fogão a lenha, a cidade revela sua alma.

Se você busca um destino que alie beleza, emoção, espiritualidade e verdade, Congonhas é a escolha certa. Mais do que um passeio, é um encontro com a história — e com algo maior.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Artesanatos no centro historico de Congonhas, cidade turistica e historica de Minas Gerais
Artesanatos no centro historico de Congonhas, cidade turistica e historica de Minas Gerais

Congonhas/MG - Foto: Igor Souza

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