O que poucos sabem sobre a cidade onde começou a história de Minas Gerais

Essa cidade revela segredos coloniais e trilhas surpreendentes — descubra o que ver e viver. Visite e se por dentro dessa joia histórica

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
06/10/2025

Entre montanhas e ladeiras coloniais, a primeira capital de Minas Gerais carrega uma herança que ainda hoje encanta quem a visita. A cidade foi palco de decisões políticas, expressões artísticas marcantes e celebrações religiosas que moldaram a identidade do estado.

  • Patrimônio barroco preservado em igrejas e museus.

  • Gastronomia que une tradição e acolhimento mineiro.

  • Festas e rituais que mantêm a fé e a cultura vivas.

Como a primeira capital de Minas Gerais se consolidou?

O núcleo urbano nasceu no final do século XVII, quando o ouro foi descoberto na região. Rapidamente, o pequeno arraial atraiu colonos, comerciantes e religiosos. A localização estratégica, próxima às principais rotas de circulação, fez com que se tornasse centro político e religioso.

A escolha como primeira capital não foi apenas simbólica: a cidade reunia poder econômico, fé católica e influência cultural. Embora tenha perdido esse posto com a mudança da sede administrativa, manteve a relevância histórica e se firmou como um dos destinos mais importantes do estado.

A Igreja de São Francisco de Assis e a genialidade do barroco mineiro

A Igreja de São Francisco de Assis, atribuída ao traço de Aleijadinho, é um dos maiores ícones do barroco em Minas Gerais. Sua fachada harmoniosa impressiona pela delicadeza dos detalhes, enquanto o interior guarda obras que revelam a genialidade artística do período colonial. Entre elas, destacam-se os altares ricamente esculpidos, que demonstram a habilidade dos artesãos locais em unir técnica e religiosidade.

No interior, os visitantes encontram ainda as pinturas de Mestre Ataíde, um dos grandes nomes da arte sacra mineira. Suas representações de cores vivas e expressões marcantes continuam a emocionar estudiosos e turistas. A cada visita, a igreja oferece uma experiência de imersão cultural e espiritual, mostrando como Mariana se tornou referência no cenário artístico do Brasil colonial.

Igrejas Gemeas na praça Minas Gerais, em Mariana, primeira capital e cidade de Minas Gerais
Igrejas Gemeas na praça Minas Gerais, em Mariana, primeira capital e cidade de Minas Gerais

Mariana/MG - Foto: Igor Souza

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo e sua ornamentação refinada

Outro monumento de grande importância é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que revela a sofisticação e a delicadeza do barroco mineiro. Sua fachada equilibrada, marcada por linhas elegantes, já antecipa a riqueza do interior. É um espaço que reflete não apenas a religiosidade, mas também o desejo de transmitir beleza e grandiosidade por meio da arte.

Dentro da igreja, a ornamentação detalhada impressiona. Altares bem trabalhados, esculturas expressivas e talhas douradas criam um ambiente que mistura espiritualidade e arte. Assim como outras construções coloniais de Mariana, o templo é testemunho de uma época em que fé, cultura e poder se uniam, deixando para as gerações futuras um legado que ainda hoje inspira admiração.

Igreja de São Francisco de Assis na Praça Minas Gerais em Mariana MG
Igreja de São Francisco de Assis na Praça Minas Gerais em Mariana MG

Igreja de São Francisco de Assis - Foto: Igor Souza

A religiosidade ainda dita o ritmo da cidade?

A fé continua a ser um dos pilares da identidade local. Festas religiosas, como a Semana Santa, mobilizam moradores e atraem fiéis de várias partes do país. As ruas ganham tapetes coloridos, as procissões percorrem o centro histórico e o som dos sinos ecoa pelos bairros.

Além dessas celebrações, o Jubileu da Padroeira é outro momento de grande importância. A mistura de religiosidade e convívio social faz com que o evento seja, ao mesmo tempo, ato de fé e expressão cultural, reunindo artesanato, música e gastronomia em torno da devoção.

Cultura e tradição: o que o visitante encontra?

O viajante que chega à cidade encontra mais do que monumentos. A cena cultural é marcada por eventos como o Festival de Música Antiga, que resgata repertórios seculares em igrejas e museus. Essas apresentações oferecem uma experiência única: ouvir composições históricas em cenários originais.

A gastronomia é outro ponto forte. Restaurantes e quitandas locais oferecem receitas tradicionais, como frango com quiabo, feijão tropeiro e doces de leite. As quitandas artesanais, preparadas em fornos à lenha, são parte essencial da vida cotidiana e remetem às tradições passadas de geração em geração.

Experiências imperdíveis
  • Visitar o Museu da Música e assistir a um concerto.

  • Provar doces artesanais vendidos em feiras locais.

  • Explorar igrejas com guias que contam detalhes históricos.

Como a cidade se integra à Estrada Real?

A cidade faz parte da Estrada Real, antiga rota utilizada no transporte de ouro e diamantes. Atualmente, o percurso é um dos mais procurados por viajantes que buscam turismo histórico e contato com a natureza. A posição da antiga capital no trajeto reforça sua relevância, tornando-se ponto de partida ou parada obrigatória em roteiros maiores.

Esse vínculo com a Estrada Real fortalece o turismo regional. Muitos visitantes incluem a cidade em viagens que passam também por Ouro Preto, Congonhas e Diamantina, formando um circuito que revela a diversidade do patrimônio mineiro.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo na Praça Minas Gerais em Mariana MG
Igreja de Nossa Senhora do Carmo na Praça Minas Gerais em Mariana MG

Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Foto: Igor Souza

Infraestrutura e hospitalidade: o que esperar?

Apesar da atmosfera histórica, a cidade oferece infraestrutura atualizada. Hotéis e pousadas mantêm a arquitetura colonial em equilíbrio com o conforto moderno, o que garante experiências autênticas sem abrir mão da comodidade.

Os restaurantes destacam-se pela culinária mineira, mas também há opções que exploram fusões contemporâneas. Cafeterias, bares e pequenas casas de quitutes completam o cenário, reforçando o caráter acolhedor que se tornou marca registrada de Minas Gerais.

O que diferencia essa cidade das demais históricas?

Ouro Preto é conhecida pelo porte monumental de suas construções; Diamantina, pela musicalidade e festas; já a primeira capital se diferencia pela fusão entre fé, arte e política. Essa tríade a torna singular dentro do conjunto de cidades históricas mineiras.

Outro ponto é a atmosfera mais contemplativa. Apesar de receber fluxo constante de turistas, a cidade preserva ritmo tranquilo, o que favorece caminhadas demoradas, visitas guiadas e conversas com moradores que guardam histórias transmitidas oralmente.

A cidade também respira modernidade?

Embora a herança colonial seja predominante, a cidade não ficou parada no tempo. Instituições de ensino superior, projetos culturais e iniciativas de turismo sustentável movimentam a vida urbana. Jovens universitários convivem com tradições seculares, criando uma dinâmica que mescla passado e presente.

Feiras de artesanato, ateliês de artistas locais e eventos gastronômicos são exemplos dessa modernidade que respeita as raízes. Essa convivência de gerações faz com que a cidade esteja sempre se reinventando sem perder sua essência.

Qual é a importância para Minas Gerais hoje?

A primeira capital permanece como referência identitária para o estado. Seus monumentos, reconhecidos como patrimônio cultural, são estudados e valorizados em programas de educação patrimonial. Escolas utilizam os espaços históricos como salas de aula a céu aberto, incentivando crianças e jovens a compreenderem a formação de Minas Gerais.

Além do aspecto educacional, a cidade contribui para a economia do turismo. O fluxo constante de visitantes movimenta pousadas, restaurantes, transportes e comércio local, garantindo renda e manutenção de tradições.

O que torna a visita uma experiência transformadora?

Visitar a primeira capital é como percorrer um livro de história cujas páginas ainda estão vivas. Cada ladeira, igreja ou praça guarda um detalhe que conecta o presente às raízes mineiras. O visitante não apenas contempla, mas sente-se parte de um enredo que continua em construção.

Essa vivência proporciona algo além da simples observação: oferece pertencimento. Ao experimentar a comida, participar de uma procissão ou ouvir uma história contada por um morador, o turista entende que a cidade não é apenas patrimônio, mas memória compartilhada.

+ Leia também: O que ninguém conta sobre a obra histórica escondida na Serra do Caraça

Segredos que Minas Gerais ainda revela

A antiga capital mostra que Minas Gerais é feita de múltiplas camadas: fé, cultura, arte e hospitalidade. Ao caminhar por suas ruas, o visitante descobre que o passado não ficou distante, mas segue dialogando com o presente. Essa é a verdadeira surpresa que o destino guarda: revelar que, em cada esquina, ainda há segredos esperando para serem descobertos.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Passaporte da Estrada Real na praça Minas Gerais, em Mariana MG
Passaporte da Estrada Real na praça Minas Gerais, em Mariana MG

Passaporte da Estrada Real - Foto: Igor Souza

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