O que poucos sabem sobre a cidade onde começou a história de Minas Gerais
Essa cidade revela segredos coloniais e trilhas surpreendentes — descubra o que ver e viver. Visite e se por dentro dessa joia histórica
Entre montanhas e ladeiras coloniais, a primeira capital de Minas Gerais carrega uma herança que ainda hoje encanta quem a visita. A cidade foi palco de decisões políticas, expressões artísticas marcantes e celebrações religiosas que moldaram a identidade do estado.
Patrimônio barroco preservado em igrejas e museus.
Gastronomia que une tradição e acolhimento mineiro.
Festas e rituais que mantêm a fé e a cultura vivas.
Como a primeira capital de Minas Gerais se consolidou?
O núcleo urbano nasceu no final do século XVII, quando o ouro foi descoberto na região. Rapidamente, o pequeno arraial atraiu colonos, comerciantes e religiosos. A localização estratégica, próxima às principais rotas de circulação, fez com que se tornasse centro político e religioso.
A escolha como primeira capital não foi apenas simbólica: a cidade reunia poder econômico, fé católica e influência cultural. Embora tenha perdido esse posto com a mudança da sede administrativa, manteve a relevância histórica e se firmou como um dos destinos mais importantes do estado.
A Igreja de São Francisco de Assis e a genialidade do barroco mineiro
A Igreja de São Francisco de Assis, atribuída ao traço de Aleijadinho, é um dos maiores ícones do barroco em Minas Gerais. Sua fachada harmoniosa impressiona pela delicadeza dos detalhes, enquanto o interior guarda obras que revelam a genialidade artística do período colonial. Entre elas, destacam-se os altares ricamente esculpidos, que demonstram a habilidade dos artesãos locais em unir técnica e religiosidade.
No interior, os visitantes encontram ainda as pinturas de Mestre Ataíde, um dos grandes nomes da arte sacra mineira. Suas representações de cores vivas e expressões marcantes continuam a emocionar estudiosos e turistas. A cada visita, a igreja oferece uma experiência de imersão cultural e espiritual, mostrando como Mariana se tornou referência no cenário artístico do Brasil colonial.


Mariana/MG - Foto: Igor Souza
A Igreja de Nossa Senhora do Carmo e sua ornamentação refinada
Outro monumento de grande importância é a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, que revela a sofisticação e a delicadeza do barroco mineiro. Sua fachada equilibrada, marcada por linhas elegantes, já antecipa a riqueza do interior. É um espaço que reflete não apenas a religiosidade, mas também o desejo de transmitir beleza e grandiosidade por meio da arte.
Dentro da igreja, a ornamentação detalhada impressiona. Altares bem trabalhados, esculturas expressivas e talhas douradas criam um ambiente que mistura espiritualidade e arte. Assim como outras construções coloniais de Mariana, o templo é testemunho de uma época em que fé, cultura e poder se uniam, deixando para as gerações futuras um legado que ainda hoje inspira admiração.


Igreja de São Francisco de Assis - Foto: Igor Souza
A religiosidade ainda dita o ritmo da cidade?
A fé continua a ser um dos pilares da identidade local. Festas religiosas, como a Semana Santa, mobilizam moradores e atraem fiéis de várias partes do país. As ruas ganham tapetes coloridos, as procissões percorrem o centro histórico e o som dos sinos ecoa pelos bairros.
Além dessas celebrações, o Jubileu da Padroeira é outro momento de grande importância. A mistura de religiosidade e convívio social faz com que o evento seja, ao mesmo tempo, ato de fé e expressão cultural, reunindo artesanato, música e gastronomia em torno da devoção.
Cultura e tradição: o que o visitante encontra?
O viajante que chega à cidade encontra mais do que monumentos. A cena cultural é marcada por eventos como o Festival de Música Antiga, que resgata repertórios seculares em igrejas e museus. Essas apresentações oferecem uma experiência única: ouvir composições históricas em cenários originais.
A gastronomia é outro ponto forte. Restaurantes e quitandas locais oferecem receitas tradicionais, como frango com quiabo, feijão tropeiro e doces de leite. As quitandas artesanais, preparadas em fornos à lenha, são parte essencial da vida cotidiana e remetem às tradições passadas de geração em geração.
Experiências imperdíveis
Visitar o Museu da Música e assistir a um concerto.
Provar doces artesanais vendidos em feiras locais.
Explorar igrejas com guias que contam detalhes históricos.
Como a cidade se integra à Estrada Real?
A cidade faz parte da Estrada Real, antiga rota utilizada no transporte de ouro e diamantes. Atualmente, o percurso é um dos mais procurados por viajantes que buscam turismo histórico e contato com a natureza. A posição da antiga capital no trajeto reforça sua relevância, tornando-se ponto de partida ou parada obrigatória em roteiros maiores.
Esse vínculo com a Estrada Real fortalece o turismo regional. Muitos visitantes incluem a cidade em viagens que passam também por Ouro Preto, Congonhas e Diamantina, formando um circuito que revela a diversidade do patrimônio mineiro.


Igreja de Nossa Senhora do Carmo - Foto: Igor Souza
Infraestrutura e hospitalidade: o que esperar?
Apesar da atmosfera histórica, a cidade oferece infraestrutura atualizada. Hotéis e pousadas mantêm a arquitetura colonial em equilíbrio com o conforto moderno, o que garante experiências autênticas sem abrir mão da comodidade.
Os restaurantes destacam-se pela culinária mineira, mas também há opções que exploram fusões contemporâneas. Cafeterias, bares e pequenas casas de quitutes completam o cenário, reforçando o caráter acolhedor que se tornou marca registrada de Minas Gerais.
O que diferencia essa cidade das demais históricas?
Ouro Preto é conhecida pelo porte monumental de suas construções; Diamantina, pela musicalidade e festas; já a primeira capital se diferencia pela fusão entre fé, arte e política. Essa tríade a torna singular dentro do conjunto de cidades históricas mineiras.
Outro ponto é a atmosfera mais contemplativa. Apesar de receber fluxo constante de turistas, a cidade preserva ritmo tranquilo, o que favorece caminhadas demoradas, visitas guiadas e conversas com moradores que guardam histórias transmitidas oralmente.
A cidade também respira modernidade?
Embora a herança colonial seja predominante, a cidade não ficou parada no tempo. Instituições de ensino superior, projetos culturais e iniciativas de turismo sustentável movimentam a vida urbana. Jovens universitários convivem com tradições seculares, criando uma dinâmica que mescla passado e presente.
Feiras de artesanato, ateliês de artistas locais e eventos gastronômicos são exemplos dessa modernidade que respeita as raízes. Essa convivência de gerações faz com que a cidade esteja sempre se reinventando sem perder sua essência.
Qual é a importância para Minas Gerais hoje?
A primeira capital permanece como referência identitária para o estado. Seus monumentos, reconhecidos como patrimônio cultural, são estudados e valorizados em programas de educação patrimonial. Escolas utilizam os espaços históricos como salas de aula a céu aberto, incentivando crianças e jovens a compreenderem a formação de Minas Gerais.
Além do aspecto educacional, a cidade contribui para a economia do turismo. O fluxo constante de visitantes movimenta pousadas, restaurantes, transportes e comércio local, garantindo renda e manutenção de tradições.
O que torna a visita uma experiência transformadora?
Visitar a primeira capital é como percorrer um livro de história cujas páginas ainda estão vivas. Cada ladeira, igreja ou praça guarda um detalhe que conecta o presente às raízes mineiras. O visitante não apenas contempla, mas sente-se parte de um enredo que continua em construção.
Essa vivência proporciona algo além da simples observação: oferece pertencimento. Ao experimentar a comida, participar de uma procissão ou ouvir uma história contada por um morador, o turista entende que a cidade não é apenas patrimônio, mas memória compartilhada.
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Segredos que Minas Gerais ainda revela
A antiga capital mostra que Minas Gerais é feita de múltiplas camadas: fé, cultura, arte e hospitalidade. Ao caminhar por suas ruas, o visitante descobre que o passado não ficou distante, mas segue dialogando com o presente. Essa é a verdadeira surpresa que o destino guarda: revelar que, em cada esquina, ainda há segredos esperando para serem descobertos.
Sobre o autor:
Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.


Passaporte da Estrada Real - Foto: Igor Souza