Turistas descobrem detalhe secreto nas esculturas de Aleijadinho em Congonhas

Turistas estão intrigados com um detalhe secreto nas esculturas de Aleijadinho em Congonhas, Minas Gerais. Descubra o que há por trás desse mistério do barroco mineiro

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
19/08/2025

No coração de Minas Gerais, Congonhas se apresenta como um palco onde fé, arte e história se entrelaçam de forma única. A cidade é conhecida mundialmente por abrigar o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, obra-prima do barroco brasileiro e Patrimônio Cultural da Humanidade. Mas um detalhe recentemente redescoberto vem despertando a curiosidade de visitantes e estudiosos, acrescentando uma nova camada de mistério ao destino.

  • Reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural da Humanidade e de relevância internacional.

  • Obra monumental de Aleijadinho e seu conjunto de profetas em pedra-sabão.

  • Possível enigma na disposição das esculturas, instigando novos olhares.

Entre ladeiras preservadas e igrejas históricas, Congonhas é mais do que um cartão-postal barroco. É um convite à contemplação e à descoberta de histórias que ainda ecoam entre as pedras e os altares.

Quem foi Aleijadinho e por que sua obra em Congonhas é tão especial?

Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é um dos maiores nomes da arte colonial brasileira. No fim do século XVIII, mesmo enfrentando uma doença degenerativa que limitou seus movimentos, ele criou algumas das mais expressivas esculturas do barroco.

Entre aproximadamente 1800 e 1805, Aleijadinho esculpiu os 12 profetas bíblicos em pedra-sabão, dispostos no adro do santuário. Com traços fortes e expressões intensas, essas figuras representam o auge da sua habilidade e sensibilidade artística, transformando o local em referência mundial de arte sacra.

O que diz a teoria sobre a assinatura oculta nos profetas?

Nos últimos anos, guias turísticos e pesquisadores levantaram a hipótese de que Aleijadinho teria deixado sua assinatura de forma cifrada. Segundo uma teoria difundida por alguns guias e pesquisadores, a disposição das esculturas poderia formar um acróstico com as letras de seu nome: A-L-E-I-J-A-D-I-N-H-O.

Se verdadeira, essa hipótese revelaria um gesto ousado e simbólico, especialmente considerando que, naquela época, artistas raramente eram reconhecidos como autores. Para um homem negro e doente, criar uma “marca” escondida poderia ser uma forma de garantir que seu legado sobreviveria ao tempo.

Como o mistério influencia a experiência do visitante?

Essa possível assinatura mudou a forma como muitos turistas exploram o santuário. Em vez de apenas admirar as esculturas, visitantes caminham pelo adro observando cada detalhe, tentando identificar a lógica da disposição e as pistas deixadas por Aleijadinho.

Alguns guias locais passaram a incluir essa hipótese nos roteiros. A experiência deixa de ser apenas contemplativa para se tornar também investigativa, unindo emoção e curiosidade.

O que torna o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos tão impactante?

O santuário é composto por três elementos principais: a basílica, o adro com os profetas e as seis capelas da Via Sacra, que representam os passos da Paixão de Cristo. Cada capela abriga grupos escultóricos em madeira policromada, também de autoria de Aleijadinho, com expressões tão vivas que parecem contar a história em movimento.

Esses elementos criam um percurso espiritual e artístico único, no qual o visitante é conduzido pela narrativa da fé cristã enquanto aprecia obras de valor inestimável.

Quais outros espaços ajudam a entender Congonhas?

Para quem deseja aprofundar o conhecimento sobre a cidade e sua herança artística, o Museu de Congonhas é parada obrigatória. Próximo ao santuário, ele exibe peças originais, documentos históricos e recursos multimídia que contextualizam a obra de Aleijadinho.

O museu também promove:

  • Exposições temporárias com artistas contemporâneos.

  • Eventos culturais que dialogam com a história local.

  • Programas educativos voltados para escolas e comunidade.

Essas ações tornam a experiência mais completa, conectando passado e presente.

Como a cidade preserva suas tradições religiosas?

Congonhas mantém vivas celebrações que fazem parte da sua identidade. A mais conhecida é o Jubileu do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, realizado entre agosto e setembro. O evento reúne romeiros de diversas regiões, transformando a cidade em um espaço vibrante de fé e devoção.

Durante o jubileu, o visitante encontra:

  • Procissões e missas campais.

  • Barracas de comidas típicas e quitandas mineiras.

  • Músicas e cantorias que reforçam o clima festivo.

Essa mistura de religiosidade e cultura popular é uma das experiências mais autênticas para quem visita a cidade nessa época.

Qual é o charme da Congonhas além do barroco?

Apesar de seu destaque no cenário artístico, Congonhas mantém a simplicidade e o acolhimento de uma cidade do interior. Caminhar pelo centro histórico é encontrar praças tranquilas, conversar com moradores na porta de casa e provar um café acompanhado de pão de queijo fresquinho.

Esse ambiente acolhedor é parte fundamental da experiência. Não é apenas sobre o que se vê, mas também sobre o que se sente ao estar ali.

Como o turismo tem evoluído na cidade?

O interesse crescente pelos detalhes da obra de Aleijadinho e pelo patrimônio barroco tem impulsionado melhorias na infraestrutura turística. Há investimentos em sinalização, acessibilidade e valorização dos saberes locais, garantindo que a cidade receba bem tanto quem vem pela primeira vez quanto os visitantes recorrentes.

Pequenos empreendimentos, como pousadas familiares e restaurantes típicos, têm se fortalecido, criando um turismo mais humano e conectado à comunidade.

+ Leia também: Lugares pouco conhecidos de MG escondem curiosidades que merecem atenção

Por que Congonhas continua surpreendendo?

Mesmo para quem já visitou, a cidade sempre oferece algo novo. Seja um ângulo diferente de uma escultura, uma história contada por um morador ou um detalhe arquitetônico antes despercebido, Congonhas se renova a cada olhar.

O possível enigma de Aleijadinho é mais um exemplo das histórias e interpretações que cercam esse patrimônio. Ele nos lembra que a história é feita de camadas, e que sempre há algo a ser descoberto.

Um convite para ver além

Visitar Congonhas é mais do que conhecer um ícone do barroco. É se permitir ser tocado pela força da arte, pela devoção popular e pela hospitalidade mineira. É andar pelas mesmas pedras que, há séculos, testemunham fé, talento e mistério.

Para quem busca um turismo com propósito, Congonhas é um destino que recompensa o olhar atento. Entre esculturas que emocionam e tradições que resistem, a cidade continua revelando segredos — alguns esculpidos em pedra, outros guardados no coração de quem a visita.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

Igreja Matriz com artes de Aleijadinho em Congonhas, Cidade historica e turistica de MG
Igreja Matriz com artes de Aleijadinho em Congonhas, Cidade historica e turistica de MG

Congonhas/MG - Foto: Igor Souza

Posts que você pode gostar