Viagem pelo tempo: Sabará e Teofilo Otoni revelam joias históricas de Minas Gerais

Explore as raízes de Minas Gerais! Conecte o ouro de Sabará às gemas de Teófilo Otoni em uma viagem histórica inesquecível

Escrito por:
Igor Souza

Publicado em:
20/10/2025

Minas Gerais guarda em suas terras inúmeras narrativas de bravura, riqueza e transformação, muitas delas fora dos circuitos mais conhecidos. Uma nova perspectiva de viagem convida o explorador a traçar uma rota de contrastes, que se inicia nos primórdios do Ciclo do Ouro em Sabará e se aprofunda até o coração do Vale do Mucuri, em Teófilo Otoni, a capital mundial das pedras preciosas. É uma jornada que revela como a busca por tesouros moldou a identidade de um estado inteiro, do barroco ao comércio global.

  • A rota conecta os ciclos do ouro colonial (século XVIII) e das pedras preciosas (século XX).

  • A viagem une a arquitetura barroca e a história da Inconfidência com a cultura dos tropeiros e imigrantes.

  • O roteiro revela duas cidades fundamentais para a formação econômica e social de Minas Gerais.

O que conecta o ouro de Sabará às gemas de Teófilo Otoni?

À primeira vista, a proposta de unir o turismo em Sabará e Teófilo Otoni pode parecer incomum, dada a distância de mais de 450 quilômetros que as separa. No entanto, o fio condutor que amarra estes dois destinos é a própria essência da história econômica mineira: a exploração mineral. Esta não é uma viagem para ser feita com pressa, mas sim uma imersão profunda para quem deseja compreender as diferentes fases que enriqueceram e desenvolveram o estado.

A jornada representa uma transição fascinante. Em Sabará, o viajante pisa no solo que testemunhou a chegada dos primeiros bandeirantes e a extração febril do ouro de aluvião. Já em Teófilo Otoni, a história é outra: a da colonização planejada, da busca por uma saída para o mar pelo Rio Mucuri e da descoberta de uma riqueza gemológica que projetou a cidade no cenário internacional, muito depois do declínio da produção aurífera.

Sabará: Onde nasceu o esplendor do primeiro ouro

Localizada a poucos quilômetros de Belo Horizonte, Sabará oferece uma experiência histórica genuína, muitas vezes percebida como mais crua e autêntica que a de suas vizinhas mais famosas. Fundada no final do século XVII, a cidade foi um dos primeiros e mais importantes arraiais do Ciclo do Ouro, e suas ruas e ladeiras de pedra ainda ecoam as histórias de bandeirantes, escravizados e artistas.

Caminhar pelo seu centro histórico é como visitar um museu a céu aberto, onde cada construção narra um pedaço da saga mineira. A cidade é também famosa por sua tradição gastronômica, especialmente a jabuticaba e seus derivados, e pelo Ora-pro-nóbis. Essa combinação de história palpável e cultura viva faz do turismo em Sabará um ponto de partida indispensável para entender Minas Gerais.

  • Igreja de N. S. do Ó: Riqueza nos detalhes com surpreendente influência chinesa em seu interior.

  • Teatro Municipal: Um dos mais antigos do Brasil, com acústica elogiada e arquitetura colonial.

  • Museu do Ouro: Instalado na antiga Casa de Intendência e Fundição, narra a história da mineração.

Igreja Matriz de Sabará, cidade turistica em Minas Gerais
Igreja Matriz de Sabará, cidade turistica em Minas Gerais

Sabará/MG - Foto: Igor Souza

Vista externa da Capela de Nossa Senhora do Ó em Sabará MG
Vista externa da Capela de Nossa Senhora do Ó em Sabará MG
Altar da Capela de Nossa Senhora do Ó em sabará Minas gerais
Altar da Capela de Nossa Senhora do Ó em sabará Minas gerais

Sabará/MG - Fotos: Igor Souza

Por que Teófilo Otoni é a Capital das Pedras Preciosas?

Avançando para o nordeste de Minas, o cenário se transforma. Teófilo Otoni, situada no Vale do Mucuri, pulsa em um ritmo diferente, moldado não pelo ouro, mas pela beleza das águas-marinhas, turmalinas, topázios e outras gemas. Sua fundação, em meados do século XIX, foi um projeto visionário do político Teófilo Benedito Ottoni para integrar a região e criar uma rota comercial até o litoral.

A chegada de imigrantes alemães e a descoberta das vastas jazidas minerais consolidaram a vocação da cidade. Hoje, ela é um dos maiores centros de lapidação e comercialização de pedras preciosas do mundo. A cidade atrai compradores e entusiastas de diversos países, especialmente durante a FIPP (Feira Internacional de Pedras Preciosas), gerando uma atmosfera de negócios única e vibrante.

  • Mercado Municipal de Pedras Preciosas: Ponto de encontro para negociações e exposição de gemas raras.

  • Praça Tiradentes: Marco zero da cidade, com jardins e monumentos que contam sua história.

  • Comunidade de Lajinha: Conhecida pela extração de águas-marinhas e pela paisagem rural da região.

Como planejar esta jornada pelos tesouros mineiros?

Planejar o turismo em Sabará e Teófilo Otoni exige uma mentalidade de "road trip", abraçando a estrada como parte da experiência. A principal via de ligação é a BR-381 até Governador Valadares, seguida pela BR-116. A viagem de carro pode levar de seis a sete horas, tornando essencial um planejamento cuidadoso das paradas e pernoites.

  • Divida a Viagem: Considere uma parada estratégica em Governador Valadares para descansar e conhecer a cidade.

  • Melhor Época: Prefira os meses mais secos, de abril a setembro, para uma viagem mais segura e agradável.

  • Foco da Bagagem: Leve calçados confortáveis para as ladeiras de Sabará e espaço extra para possíveis aquisições em Teófilo Otoni.

A hospedagem em Sabará é marcada por pousadas charmosas instaladas em casarões históricos, que complementam a imersão. Em Teófilo Otoni, a rede hoteleira é mais voltada para o turismo de negócios, com hotéis práticos e bem localizados no centro da cidade, facilitando o acesso às áreas de comércio de gemas.

+ Leia também: Roteiro por Congonhas revela lados pouco conhecidos da cidade

Uma Rota que Revela a Alma de Minas Gerais

Percorrer o caminho entre Sabará e Teófilo Otoni é muito mais do que visitar duas cidades; é testemunhar a evolução da própria alma mineira. É compreender como a resiliência e a capacidade de encontrar novas riquezas permitiram que o estado se reinventasse ao longo dos séculos. A opulência do barroco dourado dá lugar à beleza bruta e colorida das pedras que brotam da terra.

Esta rota é um convite para ir além, para buscar as histórias menos contadas e para se conectar com a diversidade de um território vasto e complexo. Ao final da jornada, o viajante não levará apenas fotos de igrejas ou o brilho de uma gema, mas a compreensão de que os verdadeiros tesouros de Minas Gerais estão gravados em sua história e em seu povo.

Sobre o autor:

Igor Souza é criador do Olhares por Minas, fotógrafo e especialista em turismo mineiro. Viaja por cidades históricas, cachoeiras e vilarejos, buscando contar as histórias que Minas tem a oferecer. Saiba mais sobre o autor clicando aqui.

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